Artemis Fowl – O Último Guardião


Um final digno de Artemis Fowl.
Eu amo os livros de Artemis Fowl desde 2008, quando li o primeiro volume – não vou repetir toda minha história com a série, que parece estar em cada texto que escrevo sobre esses livros, mas agora, aproximadamente 6 anos mais tarde, o ciclo se completou, e eu não poderia estar mais contente. A saga, inicialmente projetada como uma trilogia, estendeu-se, e Eoin Colfer conseguiu mais dois volumes de teor maligno e genial, seguido de dois livros bem aquém das expectativas para qualquer obra que tenha Artemis Fowl como protagonista. O Último Guardião é o último livro do menino prodígio do crime, que cresceu tanto durante todos esses anos.
A sinopse do livro nos diz:
“Não há nada capaz de abalar Artemis Fowl. Pelo menos, quando esse nada é mortal. Já no universo das fadas, a verdade é bem diferente. Opala Koboi se tornou uma pedra no caminho deste prodígio do crime. Uma pedra que acaba de retornar… com mais um plano capaz de criar o caos nos dois mundos. Dessa vez, a malvada aqui-inimiga de Artemis está invocando os espíritos dos Furiosos, guerreiros milenares que prometem obediência a quem os libertar. As criaturas não podem sobreviver neste plano sem um corpo e acabam se apoderando de qualquer ser vivo que cruze seu caminho. Incluindo os irmãos mais novos de Artemis.”
Artemis Fowl deixou, infelizmente, de ser o menino prodígio do crime há muito tempo. E eu ainda sinto falta de acompanhar as histórias assombrosas daquele menino gênio, que tão jovem é capaz de fazer tanta maldade meticulosamente pensada em seus menores detalhes para que atinja seus objetivos, sempre muito egoístas. Artemis cresceu, conheceu pessoas que o transformaram, e quando ele termina a série, aos 15 anos, ele continua sendo um prodígio com um intelecto admirável, capaz de notar e planejar coisas que mais ninguém consegue – mas ele deixa sua personalidade calculista de lado, capaz de ações completamente altruístas, como uma importante escolha que ele faz: conseguir o que sempre quis, que é todo o poder, ou fazer o “certo”.
De um adorável e “perversamente brilhante” anti-herói, Eoin Colfer transformou, ao longo dos anos, o nosso Artemis em um protagonista quase comum, apenas absurdamente inteligente. E lhe concedeu uma inimiga à altura, Opala Koboi, que constantemente retorna com planos gigantes. Mas ele manteve a segunda coisa que mais nos encantou quando começamos a série, anos atrás: a inovação desse Povo das Fadas, muitas vezes antipáticos, inteligentes, que detestam os humanos – e a interessante relação que se estabelece entre magia e tecnologia. Misturando o fantástico com o profundamente moderno, Eoin Colfer cria um universo muito distinto que nos agrada de verdade. E nós amamos o novo Artemis, de toda maneira.
O livro já começa me isentando de qualquer preocupação: o Complexo de Atlântida foi finalmente curado, e Colfer pôde manter seu humor sarcástico e característico, sem precisar escrachá-lo como no livro passado. Com um quê de viagem no tempo ainda muito melhor do que antes, o primeiro capítulo nos apresenta o velho Artemis de volta, inteligente e nada sensível, com uma belíssima interação tanto com Holly quanto com Butler, enquanto o plano mirabolante de Opala Koboi começa a ser desenvolvido, e sua versão mais jovem acaba assassinada, criando um devastador paradoxo que faz o mundo todo entrar em colapso enquanto ela planeja extinguir a humanidade da face da Terra, para que as criaturas do subterrâneo possam voltar para a superfície, e ela possa comandá-los.
Relatório do médico no início? PERFEITO.
Quase morri de felicidade ao ver um importante elemento de Artemis Fowl sendo retomado para a finalização da saga: a PARADA TEMPORAL! Usado com muito enfoque em O Menino Prodígio do Crime, ela foi retomada por Potrus, que a usou dessa vez para salvar Cavaline. “Nós fizemos a célebre parada temporal na mansão Fowl com uma série de vocês. Potrus ficou imóvel. Uma parada temporal! Poderia montar uma parada temporal, e todo mundo dentro dela ficaria preso até que a bateria se esgotasse. Mas as paradas temporais exigiam cálculos complicados e vetores exatos. Não era possível fazer uma no subúrbio” (COLFER, 2013, p. 259). Amo o conceito de parada temporal (óbvio, eu sei), e acompanhar como os cinco segundos do lado de fora foram 5 anos no lado de dentro…
O Último Guardião fechou o ciclo. E o fez com brilhante maestria, inigualável. Não esperava por um final como esse, que me deixou deliciosamente surpreso. Uma página melhor do que a outra para lermos! A morte de Artemis Fowl me deixou de boca aberta, mas perfeitamente satisfeito, e a maneira como o mundo entrou em colapso, parecendo voltar no tempo e tendo que lentamente se restabelecer. Tivemos uma visão dos últimos seis meses, de como as coisas estavam, além de um serviço fúnebre para Artemis que eu realmente não esperava. Quando mais de 10 páginas ainda me aguardavam para o final definitivo da série, eu sabia que Artemis teria planejado alguma coisa genial para não morrer, porque esse é o Artemis: gênio até o último momento.
Depois de suas investidas sentimentais inegáveis, tivemos todo um plano desenvolvido por ele, mas desempenhado pelos demais após sua morte. E pensar que tudo que Eoin Colfer usou inclusive em livros anteriores eram importantíssimos para esse desfecho intrigante: o clone de Artemis Fowl e sua alma aprisionada sob as rosas, no Portão dos Furiosos. Esperava vê-lo acordar novamente o menino prodígio do crime que ele uma vez fora, mas o autor conseguiu fazer uma brincadeira e uma homenagem ainda muito maiores, que quase me fez chorar. Ele pergunta para Holly como eles se conheceram, e ela pacientemente lhe explica, com as mesmas palavras com as quais Colfer nos explicou, anos atrás no primeiro livro:
“Tudo teve início na cidade de Ho Chi Mihn, num verão. Fazia um calor insuportável. Não preciso dizer que Artemis Fowl não estaria disposto a suportar tanto desconforto se algo extremamente importante não estivesse em risco. Importante para o plano…”
GENIAL, COLFER! Sim, eu leria tudo de novo sob o ponto de vista de Holly!
Mas Eoin Colfer evidentemente não precisa disso. Aparentemente Artemis Fowl realmente chegou ao fim, nossa série acabou – e não acho que ele tenha que continuá-la. Mas ele tem um grande tesouro nas mãos que pode continuar a qualquer momento: MYLES FOWL! “Espere até o mundo conhecer Myles Fowl”. O irmão mais novo de Artemis, de apenas 4 anos (“Eu sei o que significa dissipar, Arty. Não tenho 3 anos, pelo amor de Deus.”) é uma cópia maligna do irmão: igualmente inteligente e manipulador, e igualmente egocêntrico e ambicioso, como o víamos nos primeiros livros. Sua aparência, seu jeito de andar, de falar… com Artemis como irmão mais velho e Beckett como irmão gêmeo, incrivelmente diferente dele, Myles certamente daria um ótimo protagonista. Um perfeito anti-herói.

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