A tribo de Hair


A tribo de Hair é o grande segredo do musical. A força da peça está na quantidade de personagens, nas coreografias incríveis com tantos atores, e no trabalho unido de todos eles para que tudo saia perfeito. Um grupo tão grande (30 atores) depende muito um do outro… essa é a tribo de Hair, esse grupo gigantesco (do qual passamos a fazer parte no momento em que entramos no teatro) que precisa trabalhar tão bem junto, cada um fazendo sua parte, sua cena, doando sua voz e sua interpretação… é maravilhoso ver um trabalho desses dando certo.
A maioria das cenas mais grandiosas do musical não envolve um único personagem – são aquelas em que a tribo canta toda junta, ou cada pessoa com uma parte do vocal… e o trabalho de todos (o fato de todos estarem em movimento ao mesmo tempo, que proporciona uma agilidade incrível ao espetáculo) combinado. Já comentei sobre a música Hair (genial), na postagem passada – voltarei a comentar sobre músicas de todos juntos nas próximas duas postagens, mas hoje venho falar de algumas cenas marcantes.
Em primeiro lugar, parabenizar o espírito hippie que todos conseguem passar à peça – você entende tudo o que eles querem transmitir, as mensagens e as piadas, e você se sente impelido a fazer parte disso – como eles mesmos fazem questão de nos convidar para os protestos e coisas assim (“Paz já, livre já! […] Não vou me alistar! Não vou me alistar! […] Preto, branco de qualquer cor, vão pra cama fazer amor”).

Não tenho um lar (xi)
Não tenho um chão (puts)
Não tenho grana (duro)
Não tenho luz (pobre)

Ain’t Got No e Ain’t Got No Grass (ambas nomeadas Não Tenho em português), são exemplos de músicas da tribo que funcionam perfeitamente… cada um com uma parte, as cenas conseguem ser engraçadas, e tocantes em alguns momentos – profundamente energizante. E como um momento engraçado (e de protesto, porque toda música de Hair tem algum fundo interessante), devo ressaltar Iniciais – tive medo de como a música ficaria em português, mas confesso que gostei… tenho que admitir que ficou bem diferente da letra original, mas ficou genial, especialmente a finalização… quando eu ouvi no teatro, caí na gargalhada no mesmo momento…

FBI
CIA
PQP
Eu me fudi, eu dancei

E qual o tamanho da emoção passada pelo elenco no momento em que eles entram pelo fundo do teatro ao som de Hare Krishna? É um daqueles momentos em que você tem que se controlar para não se empolgar demais e subir no palco com eles… a música é emocionante e um grande momento, antecipando a queima das convocações para a Guerra do Vietnã (e a brilhante Pra Onde eu Vou? de Claude)… realmente, tudo parece um grande ritual, e isso te leva para dentro daquele mundo… maravilhoso!

Viajar nesse astral
Pra quem fica é tchau
Vem bater no meu tambor
Tô doidão e paz e amor

Eletric Blues é interessante, mas no começo do segundo ato o destaque fica para Deus de Toda Força, por alguns motivos – a maneira como a cena é feita (com as lanternas) é genial e a letra é realmente bonita e um grande momento – todo um grupo de amigos “protegendo” Claude, é algo que me emociona. Já falando nesse relacionamento de Claude com o restante da tribo, não tem como não se emocionar com o pedido final de que todos passem aquela noite fria juntos… vê-los naquele sentido de unidade, cantando Bom Dia, Estrela, espantando o frio, ainda me emociona… como eu sempre comento no blog, a amizade para mim é algo grandioso, sempre valorizo demais isso – e o espírito de amizade em Hair é tangível, vale muita a pena.

Deus de toda força
Deus de toda luz
Deus de todo gás
Proteja… proteja
Quem não escuridão sumiu…

Antes de finalizar, gostaria de comentar uma cena que eu acho realmente engraçada, que é o momento após a volta de Sheila em que ela se joga no chão com Berger… “Oh, meu Deus. Vocês dois juntos são tão lindos” / “Oh, meu Deus. Vocês três juntos são tão lindos” / “Oh, meu Deus. Vamos colocar uma cor nisso…” – o trabalho cômico da equipe é maravilhoso, todos juntos criando uma das cenas mais divertidas de todo o musical…
Já comentei sobre vários dos atores em textos passados, mas tenho mais alguns nomes a citar ainda – demais meninas membros da tribo: Bruna Guerin (genial como a mãe de Claude), Giselle Lima (sub de mãe de Claude), Juliana Lago, Cássia Raquel (sub de Dionne), Janaina Zuba, Jennifer Nascimento (que eu pude ver em Hairspray em 2010), Kotoe Karasawa (sub de Crissy), Mariana Gallindo (sub de Sheila), Stephanie Serrat (sub de Jeanie) e Vanessa Costa. Demais meninos da tribo: Conrado Helt (muito bem como pai de Claude), Davi Guilhermme (já comentei sobre ele como Margaret), Ricardo Nunes (também como Hubert e sub de pai de Claude), Bruno Kimura, Carlos Martin (sub de Berger), Daniel Nunes, Emerson Espíndola (sub de Woof e diretor), Esdras de Lúcia, Kassius Trindade (também como sargento), Renan Mattos (também como diretor da escola de Berger, o Hitler de teatro infantil), Rooney Tuareg (sub de Hud) e Sérgio Dalcin (sub de Claude, Margaret e Hubert).
Gente, esse elenco é realmente genial. Além desses nomes citados aqui, também há outros já citados em alguns textos passados. Vale muito a pena ir ver esse trabalho ao vivo, assistir a cada um desses talentos colocando no palco uma história genial sobre a paz, o amor, a busca pela felicidade… Hair é muito intenso, vibrante e continua em cartaz em São Paulo até o fim desse mês (até dia 29), no Teatro Frei Caneca, de quinta a domingo. E como tudo está dando certo, dia 21 de Abril ESTAREI LÁ NOVAMENTE! Até mais!
Clique em “ler a matéria na íntegra” para ver um cronograma completo da nova seção do blog: Hair, o Musical (da qual essa é a nona postagem).


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04 de Abril – A tribo de Hair
25 de Abril – Finalização da seção Hair, o Musical

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