Vale o Piloto? – Uncoupled 1x01

Neil Patrick Harris!

AH, EU AMO O NEIL PATRICK HARRIS! Me interessei por “Uncoupled” assim que o anúncio apareceu nos destaques da minha Netflix: uma série curta e gay protagonizada por Neil Patrick Harris, que é um dos atores de que mais gosto e é gay na vida real?! Incrível. A série, no entanto, não tem o tom de comédia que talvez eu estivesse esperando, o que é compreensível, devido à sua premissa, mas confesso que ela acabou mexendo bastante comigo – e acho que mexerá com todos que se identifiquem com Michael por um ou outro motivo, ou que entenda pelo que ele está passando… se você já passou por algum tipo de término traumático de relacionamento depois de anos ou se é um homem gay invisibilizado pela sua idade, “Uncoupled” não é necessariamente uma série “leve”, como algumas pessoas que não são nem de um grupo nem de outro não entendem.

A estreia de “Uncoupled” começa no dia do aniversário de 50 anos de Colin, e Michael prepara uma grande festa de aniversário surpresa para ele… quem tem a maior surpresa, no entanto, é ele mesmo. Para mim, parece impossível defender o Colin, ou remotamente gostar dele – talvez possamos perceber alguns problemas em relação ao Michael, talvez o restante dos episódios nos mostre ainda mais disso, mas nada exime Colin da culpa de sua irresponsabilidade afetiva de, depois de 17 anos de relacionamento, terminar tudo da maneira mais esdrúxula possível, e sem dar explicações… o término de um relacionamento que durou 17 anos é traumático de qualquer maneira, mas eu acho que o mínimo que Michael merecia era uma conversa sincera e responsável. A dor e o sofrimento viriam de qualquer maneira, mas Colin não se importou com o Michael.

Então, Colin solta a bomba na porta da festa de aniversário (depois de Michael ter acreditado que eles tinham sido roubados, por causa das coisas que aparentemente “sumiram” do apartamento que eles dividiam há anos), mas eles não têm a chance de conversar, no meio de tantos convidados e da festa espalhafatosa… achei toda a sequência da festa particularmente dolorosa e desconfortável, e aquele discurso de Michael foi um dos pontos altos do episódio, porque o personagem conseguiu fazer um discurso que servia como uma declaração de amor ao seu namorado que completava 50 anos, sem levantar suspeitas dos convidados, mas ser, também, a fala de alguém que não entende o término abrupto e que quer reafirmar o seu amor… e, é claro, Neil Patrick Harris deu um SHOW de atuação, transmitindo toda a emoção na voz, na expressão e nos olhos.

Já disse que eu amo o Neil Patrick Harris?

Inicialmente, como eu acho que é a reação natural de qualquer um, Michael quer entender, quer conversar com Colin, quer acreditar que estão passando por uma crise e que vai dar tudo certo no final… ele se permite ter esperanças quando Colin marca uma terapia de casal, mas é um desastre por dois motivos: a) Michael comanda tudo e não para de falar, o que pode ser um defeito dele, mas é perfeitamente compreensível que ele esteja desesperado; e b) Colin não está realmente interessado em salvar o relacionamento deles. A prova disso está no fato de que Colin manda uma mensagem, mais tarde, dizendo que “não acha que tenha mais nada a ser consertado entre eles” ou qualquer coisa assim. UMA MENSAGEM DE TEXTO. Sério, a raiva que eu senti do Colin não tá escrita… e talvez Michael ainda descubra que ele está saindo com outra pessoa.

O que vai nos deixar com ainda mais raiva de Colin!

“Uncoupled” tem uma boa premissa, e pode levantar questões interessantes. Acho a temática bem-vinda e inovadora em uma produção gay, porque temos muita história de gays jovens que estão descobrindo sua sexualidade, enfrentando preconceitos, vivendo sua juventude… a história de Michael é de uma outra etapa da vida: ele está bem consigo mesmo em relação à sua sexualidade, ele certamente já enfrentou muito preconceito na sua vida e encontrou seu grupo, e agora ele vai viver a realidade de um homem gay solteiro próximo aos 50 anos – em uma comunidade que considera 30 anos “velho”, porque essa é a dura e injusta realidade do homem gay solteiro… então é, sim, assustador se imaginar no lugar de Michael, e olha que ele é lindo, gostoso e rico! Vou assistir aos poucos, sinto que “Uncoupled” vai discretamente tocar em feridas da comunidade gay.

Neil Patrick Harris, meu amor… obrigado por isso!

 

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