Lost 6x07 – Dr. Linus

“You make friends easy, don’t you?”

Até agora, a vida mais diferente da linha original, “Dr. Linus”, como o nome sugere, traz um flash sideway interessante de Benjamin Linus. Levando uma vida completamente diferente, nos perguntamos como ele agirá quando for confrontado com o mesmo tipo de escolha que teve que fazer na ilha, e, consequentemente, que tipo de pessoa ele é. Será que Jacob estava mesmo errado sobre ele?! Em um episódio com um quê de emoção, acompanhamos Ben enquanto ele trabalha como professor de história (o que já sabíamos dessa linha temporal alternativa, já que o vimos na escola quando Locke chegou para trabalhar como professor substituto), e tem a oportunidade de sua vida para assumir o emprego com o qual sempre sonhou: o de diretor da escola.

Sinto que essa carreira no magistério combina com o Ben – mesmo com todos os seus percalços e o desinteresse da administração, que deixa que os professores trabalhem em condições absurdas que não lhes dá nem o suficiente para que eles façam o que precisa ser feito: que é ajudar os alunos. É Locke quem comenta alguma coisa a respeito de “ele assumir a direção, já que o outro cara não se importa”, e Ben Linus leva isso a sério como uma possibilidade viável, desde que ele tenha a ajuda do Dr. Artz para conseguir invadir uns e-mails e conseguir uma prova de que o diretor está tendo um caso com a enfermeira, e fazendo coisas indevidas para o ambiente de trabalho, às vezes até sendo ouvidos por alunos… ele pode realmente fazer a diferença, como diretor.

Os flash sideways exploram uma relação de Ben com ninguém menos que Alex Rousseau – E FOI SURPREENDENTEMENTE BONITO. Apesar de tudo, Ben realmente gostava de Alex de verdade, a tendo criado como sua filha na ilha, e aqui a vemos como sua aluna, e uma das cinco alunas que participam do seu Clube de História, e que conta com a sua ajuda para conseguir um bom futuro em uma boa faculdade. A relação é bonita, Ben visivelmente se importa de verdade com ela, e ele é pressionado pelo diretor, quando ele mostra os e-mails e pede que ele deixe o cargo, a abrir mão de sua ameaça: afinal de contas, ele pode mandar uma carta de recomendação perfeita para Alex, ou ele pode acabar com a sua vida acadêmica de uma vez por todas. Ben vai sacrificá-la em troca do emprego e do poder?

Dessa vez, Ben faz a escolha certa.

O que é importantíssimo em paralelo com o que estamos acompanhando na ilha. Ilana está furiosa com Ben depois de descobrir, com a ajuda de Miles, que foi ele que matou Jacob – algo que ela, naturalmente, já desconfiava. Então, ela o prende e o coloca para cavar sua própria cova, literalmente, e não parece haver como fugir. Não sem uma ajuda, como a que Ben estranhamente ganha de “John Locke”, ou do homem que está usando seu rosto. Em uma sequência devidamente tensa, Ben sai correndo até a floresta em busca de uma arma, e acaba sendo confrontado com Ilana, que o acusa de ter tirado a pessoa mais próxima de um pai que ela já teve, e Ben diz que sabe o que ela está sentindo, porque também perdeu o que mais importava…

Alex.

A cena é emocionante, porque existe muita verdade nas palavras de Ben. Ele assume seu erro e seu egoísmo, que custou a vida da pessoa que ele mais amava e a única coisa que lhe importava no mundo, e também fala com sinceridade sobre a frustração que foi trabalhar sua vida toda em nome de Jacob, e ele nem se importar, como parece não ter se importado. As palavras de Ben soam tão intensas, e têm força renovada pelo fato de que, no fundo, sabemos que ele não está mentindo, porque, se estivesse, ele não se importaria tanto com Alex na outra linha temporal, ainda mais naquela em que ele não a criou como sua filha: ela era apenas uma de suas alunas, mas ele abriu mão de algo para si para protegê-la, e nem era a vida dela que estava em jogo.

Ben não é tão mau quanto parece. E “Dr. Linus” é um episódio que quer mostrar isso, talvez de uma vez por todas. Ben não apenas se importou com Alex na linha temporal alternativa, como foi sincero com Ilana na ilha, e fez uma escolha correta, talvez pela primeira vez nessa outra linha temporal: escolheu ficar na praia. O Homem de Preto o ajudou a escapar, e ele sabe que poderia segui-lo e que seria “acolhido” nesse outro lugar, com esse outro grupo, mas, no fundo, não é onde ele quer estar, e foi bonito vê-lo retornar para a praia com Ilana (!), se voluntariando a ajudar Sun com uma lona que ela estava subindo. Esse foi o inusitado episódio das escolhas certas de Ben, e eu fico muito feliz com os rumos que o personagem está finalmente tomando agora.

Quem também está questionando a sua vida inteira – muito mais longa do que a de Ben, é verdade – é o Richard. Ele encontra Jack e Hurley na mata depois de eles deixarem o farol no qual Jack viu seu nome escrito por Jacob, e Jack acredita que Richard pode ser a pessoa que ele procura para dar algumas respostas… ele tem que lidar, no entanto, com um Richard tão frustrado com a morte de Richard, que talvez ele não tenha muitas respostas: tudo o que Richard quer, quando os leva para o Black Rock, o navio cheio de dinamites ao qual Danielle Rousseau nos apresentou inicialmente, é morrer, mas ele foi “tocado por Jacob”, o que quer dizer que ele foi agraciado com um dom e, aparentemente, ele não pode se matar… outra pessoa terá que fazê-lo.

Fiquei sentido por Richard, de verdade… vivendo séculos e mais séculos na ilha, sem envelhecer, ele dedicou a sua vida a um homem que dizia que “tudo acontecia por uma razão”, e talvez ele não estivesse mentindo, mas Richard nunca chegou a saber qual era essa “razão”, e agora Jacob está morto sem lhe dar nenhuma das respostas que ele mesmo esperava receber um dia. Jack, no entanto, escuta o que Richard tem a dizer e sente que talvez ele também tenha sido manipulado por Jacob e trazido para a ilha (ele também foi tocado por Jacob), e se esse for o caso, ele não acredita que conseguiria matar Richard ou morrer com ele… e, por isso, ele faz um teste doentio deixando uma dinamite acessa com apenas os dois dentro do navio, no fundo com a certeza de que ela não vai explodir.

E, de fato, não explode.

“Tudo acontece por uma razão”.

 

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