On Broadway – Jersey Boys - “You're just too good to be true”


I love you, baby!
Sabe como eu estou escrevendo esse texto? Com o CD de Jersey Boys tocando no notebook, revivendo cada um desses momentos, cada vez mais apaixonado. Jersey Boys é a história de Frankie Valli e o Four Seasons, uma banda de rock'n'roll dos anos 1960. O musical é absolutamente descontraído e gostoso de se assistir – temos o drama comum de um musical biográfico, embora ele não seja foco. É muito mais diversão beleza. Cenários lindos, figurinos incríveis, e essas músicas que são, certamente, a melhor parte do espetáculo. Adoro essas músicas, adoro a agilidade com que as coisas mudam de uma música para outra, e como mesmo assim cada uma é marcante! Amo as performances do Four Seasons juntos, aqueles passinhos tão anos 1960. Talvez um dos motivos de eu ter gostado tanto assim desse musical seja isso: o fato de eu amar tanto essa época, e esse tipo de roupa, de música, de dança... não tinha como não se apaixonar por Jersey Boys, tão perfeito como o é!
O musical é, então, narrado em estações.
Começamos com SPRING, que é narrado por Tommy DeVito. O musical começa com Ces Soirées-La, que é um cover do Four Seasons, gravado por um cantor de rap francês em 2000. E Tommy narra o começo daquilo tudo, exibindo a maneira como ele foi essencial para essa banda, porque foi ele quem idealizou tudo e quem juntou todo mundo. Afinal foi ele mesmo que tinha um trio, ele que chamou Frankie Valli para cantar com eles, e isso tudo... Tommy DeVito é um personagem de quem gostamos bastante, embora ele seja uma espécie de anti-herói. Porque mesmo tendo feito tudo o que fez, e sendo uma pessoa bacana aparentemente, ele também fez muita coisa errada, foi preso algumas vezes, devia uma infinidade de dinheiro a muitas pessoas... Tommy tem todo um ar de arrogância e superioridade que é controverso com suas falas divertidas, e com a maneira como cuida de Frankie e dos demais...
“Y is a bullshit letter. Is it a vowel? Is it a consonant?”
Eu gosto demais das músicas dessa primeira estação, e como elas são, na sua grande maioria, apenas pequenos trechos colocados juntos. Então temos momentos em que gostaríamos de escutar um pouquinho mais de Earth Angel, por exemplo (será que eu sou o único que escuta essa música e já pensa no Marty McFly, no Baile Encanto Submarino, tentando fazer sua mãe se apaixonar por seu pai?), mas é tão gostosa a maneira como uma música puxa a outra. Como pequenos trechos animados são de ritmos diferentes, e é tão gostoso escutar. E assistir. Ainda estamos conhecendo Frankie Valli, esperando pelo surgimento oficial do Four Seasons, e temos solos bem interessantes dele como I Can't Give You Anything But Love e My Mother's Eyes, embora ainda não sejam as melhores músicas da peça. E começam a procurar um quarto membro para a banda, enquanto ainda se chamam The Four Lovers, e têm idéias absurdas como aquela divertida I Go Ape.
“Você nunca viu filmes? Se você atira em alguém, tem que atirar nas testemunhas também. É uma regra básica!”
A segunda estação, SUMMER, é narrada por Bob Gaudio, e começa com (Who Wears) Short Shorts, que é uma divertida música contagiante que não sai de nossa cabeça por bastante tempo. É a prova de que Bob Gaudio é eficiente, e pode escrever um hit, pode ser de grande ajuda àquela banda. Bob Gaudio é meu personagem favorito, mesmo acima de Frankie Valli. Talvez tenha sido a interpretação de Quinn VanAntwerp, tão fofo e carismático, com um estilo meio geek todo certinho e inocente. Não tinha como não gostar dele, como até mesmo não se identificar um pouquinho. Então é quando entendemos que cada uma das estações será narrada por um personagem diferente, e adoramos a idéia! A personalidade de Bob Gaudio confere outro estilo ao musical, e eu gosto bastante dele, como já disse. E valorizo a sua contribuição – que me faz pensar que ele é, de fato, o mais importante sem o qual o The Four Seasons jamais teria existido. Ele trouxe ótimas músicas, ele motivou, ele colocou a banda no mapa, ele os guiou até o sucesso...
Claro que, desse modo, as melhores cenas ficaram para essa estação. Eu adorei as performances desses quatro juntos, aquela intensidade, aqueles deliciosos passinhos de dança. Tudo. Então eles partem da entrada de Bob Gaudio na banda, com Cry for Me, que é uma música LINDA e uma cena maravilhosa, até a formação oficial da banda. Sessões de backup com An Angel Cried, I Still Care e Trance, que é uma cena rápida e divertida. Aquela cena do “sinal”, no qual eles decidem mudar o nome para The Four Seasons (o Tommy é ótimo nessa parte!), e os primeiros hits. Como Big Girls Don't Cry e Walk Like a Man. Que é uma das minhas favoritas. Também adoro aquelas performances para a TV. E os shows! Também December, 1963 (Oh What a Night), que você sai do teatro cantando!
E toda a emoção de My Eyes Adored You, que é linda!
O segundo ato, como é de costume, chega bem diferente do primeiro. Era mesmo de se esperar que outono e inverno fossem ser mais deprimentes, ou pelo menos mais calmos. Acabaram-se, praticamente, as performances de todos eles juntos, o tom é mais melancólico. Temos o FALL narrado por Nick Massi, que Matt Bogart interpreta tão bem. Ele é divertido, fala umas coisas idiotas, e tem várias das melhores piadas. Como sua necessidade de começar seu próprio grupo. Amo essa voz que ele faz para as músicas, como ele é o tom diferente em momentos como Earth Angel. O seu momento desabafo sobre Tommy é engraçadíssimo! Enquanto a banda vai se desfazendo, temos, por exemplo, a cena de Stay, que começa com quatro microfones, e enquanto os eventos de desenrolam, diminuímos para três e por fim apenas dois, com Frankie Valli e Bob Gaudio sozinhos, interpretando a música... e quando a banda tenta se reerguer, continuar fazendo sucesso...
Entramos no WINTER, narrado por Frankie Valli. Esse personagem vem sendo interpretado por Joseph Leo Bwarie desde 2013 na Broadway, e antes disso em outras produções. Ele é o protagonista, oficialmente, e é carismático o suficiente para tal. Gosto de seus solos, de sua voz, e de tudo o que ele representa para o The Four Seasons... mas também acho que ele não seria muita coisa sem Bob Gaudio, que escreveu para ele músicas como C'mon Marianne e Can't Take My Eyes Off You, que é uma das melhores coisas desse musical. Eu achei super divertida a maneira como ninguém parecia confiar nessa música, como ninguém queria gravá-la... porque ela era “estranha” demais, e era muito lenta para ser uma coisa, muito agitada para ser outra. Mas Bob Gaudio garantiu que seria um hit. E por conta dele... é um dos momentos mais aplaudidos do musical. A interpretação de Frankie Valli para essa canção é ADMIRÁVEL. Aplaudimos e adoramos. Perfeito!
Jersey Boys termina de uma maneira excelente, daquelas de deixar saudade. Porque é o reencontro do Four Seasons, muitos anos depois, quando os membros originais da banda se juntaram para cantar mais uma vez juntos, após ganhar um importante prêmio. O Rock and Roll Hall of Fame, em 1990 reuniu a banda uma última vez. Parecíamos ter entrado “em uma máquina do tempo”. E na mesma ordem em que narraram os acontecimentos durante toda a história, cada personagem conta o que aconteceu com ele, e deixa o palco. Tudo tão bonito, tão emocionante, e nós tristes por estar acabando. Quando tudo chegou ao final, tivemos pelo menos mais um momento de performance dos quatro juntos com direito a dancinhas e tudo, temos uma interessante reprise de Oh What a Night no Curtain Call que é exatamente o que saímos cantando do teatro. E não só cantando, mas sentindo. Assistir a um musical não é apenas cantar e dançar; é sentir, e é viver. Eu gostaria de ver Jersey Boys novamente. Quem sabe um dia? Sei que se retornar para Nova York, eu vou querer fazer isso!



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