On Broadway – The Addams Family – When I am crazier than you…


As idéias estão vindo com bem mais facilidade do que eu tinha previsto… um pequeno parênteses antes de começar a fazer todas minhas avaliações, para que todos possam entender (mesmo aqueles que não leram o primeiro texto que escrevi sobre a peça, dois domingos atrás, embora eu aconselhe a leitura deste): The Addams Family é um musical da Broadway que se utiliza dos personagens criados por Charles Addams e os coloca em um palco, para fazer um musical…
Na trama, Wandinha está um pouco mais velha do que nos lembrávamos dela, e sua vida está começando a mudar quando ela se apaixona por Lucas, o pior pesadelo de Morticia e Gomez: um rapaz doce, inteligente e bem-educado. Para que as famílias se conheçam, os pais de Lucas são convidados a um jantar na casa dos Addams, e Wandinha implora que eles finjam ser normais (apenas por uma noite que seja)… mas tudo pode dar errado quando os Addams tentam ser normais… ainda mais se o Jogo estiver envolvido…
O musical é rico em cenários e figurinos, não me canso de dizer isso. Acontece que isso proporciona a veracidade à história. Os figurinos são tão bem-feitos que se assemelham demais aos clássicos dos Addams, e portanto os deixam bastante próximos dos personagens que conhecemos bem… a maquiagem também é muito precisa para colaborar nisso. E os cenários nos envolvem nesse universo, e são realmente lindos… tão detalhados que me encantam!
O estilo do musical varia de hora para hora… as músicas podem ter um tom clássico, um tom triste, ou um tom mais moderno (o que acontece principalmente nas músicas de Wandinha)… elas se adaptam aos personagens, e isso torna o musical ainda mais rico em todos os sentidos. E as músicas são todas ótimas, e se envolvem à história. Realmente vale a pena! Mas tanto em história quanto em música, a peça já sofreu várias mudanças que merecem ser destacadas. Para que todos entendam, uma primeira versão do musical foi apresentada em Chicago, e sofreu muitas mudanças até a estréia na Broadway em 2010. Em setembro de 2011, para a turnê, o espetáculo sofreu mais algumas alterações, até chegar ao que se encontra hoje.
Uma das principais mudanças na trama envolve o romance e a briga de Morticia e Gomez. Toda a história de Gomez guardar o segredo do casamento da filha só entrou para o musical na turnê. Foi quando músicas como Morticia foram cortadas e em seu lugar entraram Trapped e Secrets… a briga ao longo de toda a história, bem fundamentada, me faz ver Tango de Amor com outros olhos, acho que tudo fica mais belo. Mas isso tudo interfere principalmente em Full Disclosure, o temido jogo onde os jogadores precisam contar um segredo que nunca contaram a ninguém antes: o fato de Gomez guardar um segredo faz com que o jogo seja bem mais temido, faz com que Morticia queira ainda mais jogá-lo, e faz com que Wandinha tema ainda mais por isso… julgo bastante necessário.
Já que eu já citei Full Disclosure, a cena é realmente incrível. Tirando a parte de Gomez, ela permaneceu bastante intacta desde sua primeira apresentação… é um momento divertido, e gosto de ver como Lucas vai se soltando aos poucos… Alice tem seu momento aqui, com Waiting, e o anúncio do casamento, no impulso, é realmente interessante… Lucas e Wandinha realmente são lindos juntos!
Agora em músicas as mudanças foram gigantescas. Por exemplo, para iniciar a peça. Onde hoje temos When You’re an Addams antes tínhamos Clandango. Ambas as cenas são interessantes, mas Clandango já coloca Wandinha em posição de destaque desde o começo, enquanto When You’re an Addams a coloca junto com o restante da família, sem foco em seu crescimento, ou no corte de cabelo. Também acho a dança mais divertida como ela se encontra hoje… em um saldo final, aprovo a mudança.
Tio Fester tem uma grande participação em toda a peça, sempre bastante carismático. É ele quem apresenta ao público o romance de Wandinha e Lucas e acaba servindo de narrador em alguns momentos. Tem seu grande momento em The Moon and Me, e tem como não amar aquela cena? Sempre muito aplaudida, é uma das melhores do musical, por ser inocente, engraçada e fofo… e os efeitos especiais são fantásticos, e te fazem sonhar! Realmente tudo muito bonito…
Feioso não tem lá muito tempo em cena, mas sempre faz bem vê-lo quando ele está por perto. Gosto de sua música, What If, porque é bonitinho ver as razões pelas quais ele está triste… e é bom ver como ele planeja algo para separar Wandinha do namorado e acaba dando tudo errado… sua interação com a Vovó também é ótima, como em “One sip of this will turn Mary Poppins into Madea” / “I don’t understand your references!” / “Then stop the damn texting and pick up a book once in a while!”.
Por falar em Vovó, ela realmente nos presenteia com alguns dos momentos mais engraçados, mesmo quando isso não parte dela, mas sobre ela. Como é engraçado ver Morticia chamando-a de mãe de Gomez, até que ele diga: “My mother? I thought she was yours”. E como se todas as risadas já não tivessem bastado ela retoma isso mais tarde, ao conversar com Feioso: “She may even not be part of this family!”.
Morticia era bem mais apagada na versão de Chicago, mas ganhou grande destaque quando fala sobre não manter segredos com o marido, na última versão do musical. Sempre teve seu destaque garantido, no entanto, com Just Around the Corner. Já Gomez sempre se saiu bem em suas piadas. Teve destaque primeiramente com Morticia, e mais tarde com Trapped (gosto mais da segunda, particularmente). Tem uma cena linda com a filha em Happy/Sad, em uma música que realmente me comove… afinal é bonito ver os dois sentindo os efeitos da passagem do tempo, relembrar algumas coisas do passado e tudo o mais…
Tropeço é engraçado o tempo todo, e surpreende cantando em Move Toward the Darkness. Que por sinal, como última música, é realmente triste, me deixa meio deprimido. E os pais de Lucas sofreram grandes mudanças… nas primeiras apresentações tiveram In the Arms (música que permaneceu na Broadway), mas Alice também teve, em Chicago, Teach Me How to Tango, tendo sido a principal causa de desentendimento entre Morticia e Gomez; na turnê mesmo In the Arms foi cortada para colocá-los cantando Crazier Than You junto com Lucas e Wandinha… o que é uma pena, certamente, afinal a música deveria ser só dos dois!
Sobre Wandinha e Lucas, muito o que comentar! Ambos são incríveis, e os atores precisam fazer com que nós nos apaixonemos pelo casal. E eles conseguem, são realmente lindos, combinam e não tem como não gostar de vê-los juntos… como um casal, lamento que Let’s Not Talk About Anything Else But Love como víamos no primeiro ato em Chicago tenha ficado por lá e nunca mais tenha sido utilizada, não daquela maneira… afinal era uma cena bonita, com coreografia intensa, e os dois realmente pareciam apaixonados… e loucos… nada na Broadway, e nada parecido com isso na turnê.
Cenas que sofreram pouca alteração foram Pulled (em que Wandinha expõe para Feioso suas dúvidas, enquanto diz estar sendo levada para um caminho diferente, mas estar gostando), sempre genial… Krysta Rodriguez é sempre muito intensa nessa cena, e me surpreende a toda vez. E One Normal Night, que é quando conhecemos Lucas e ele e Wandinha pedem aos respectivos pais que sejam normais… elogios a Wesley Taylor também, o Lucas clássico, exatamente o que me vem à cabeça ao pensar no personagem… muito real. Sobre Crazier Than You, só quero deixar bem claro que EU AMO AQUELA CENA! Mas sobre as mudanças (e foram muitas, demais) que ela sofreu nas três versões do musical eu já comentei quando ela foi Música da Semana… você pode conferir aqui.
Piadas que merecem destaque: “Lucas. Lucas. Lucas. Always three times?” (by Morticia and Gomez), “You should lie down for a moment. [Why?] You’re happy!” (by Morticia and Gomez), “You should see someone about it” (by Morticia), “Let me ask you a question” (by Gomez), “What services?” (by Mal), “That’s ok, Lucas, parents do it. Live with it” (by Alice), “Well, Beinekes, it looks like you’ll be spending the night” (by Addams), “I can be impulsive. I just need to think about it first” (by Lucas), “Look, I’m home schooled, what’s your point?” (by Wednesday). E o final clássico com: Are you unhappy, my darling? / Oh yes, yes. Completely.
Me empolguei, mas eu disse mesmo que isso ia acabar acontecendo… afinal, como vocês viram, o musical exige muitos comentários… muita cena boa, muita piada boa, muita coisa que precisa ser colocada em palavras… e sobre as mudanças, é sempre bom fazer esses paralelos… qual a melhor? Difícil dizer, acho que é uma mistura de todas, algumas coisas daqui, outras de lá… como o “segredo”, que acho essencial… mas Crazier Than You, minha cena preferida, por exemplo, era muito mais interessante em Chicago… mas continuou boa na Broadway, embora diferente… e mesmo ótima (melhor em alguns pontos) na turnê, colocou Mal e Alice, o que era desnecessário… o que importa é que o musical é grandioso e uma preciosidade que merece ser admirado! A todos que não assistiram ao musical ainda, eu deixo a recomendação… qualquer uma das versões, vale a pena! Procure e divirta-se! Até mais…

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