A Pequena Sereia (The Little Mermaid, 1989)



“Poder andar, poder correr / Ver todo dia o sol nascer”
Com personagens secundários carismáticos e uma vilã icônica (!), “A Pequena Sereia” é um delicioso clássico da Disney, lançado em 1989 – aqui, acompanhamos a história de uma sereia encantada por tudo o que vem da superfície, pela “vida humana”, mesmo que seu pai, Tritão, o poderoso Rei dos Mares, abomine tudo o que vem de lá, pelas atrocidades que cometem, dentre elas comer peixe… acho que muito mais do que a história da inocência de uma garota que entrega sua própria voz para tentar realizar o seu sonho e conquistar um Príncipe, essa é uma história sobre crescer. “A Pequena Sereia” é sobre como queremos conhecer novas coisas e explorar novos mundos enquanto construímos as nossas vidas, deixando a proteção dos pais, que nem sempre sabem entender esse momento em que os filhos finalmente deixam o ninho.
O filme começa nos apresentando nossos dois protagonistas… de um lado, temos o belo Príncipe Eric, velejando pelo mar, e certamente pronto para arrebatar corações. De outro, temos Ariel, a Pequena Sereia, que se esquece de uma festança que o pai estava dando para apresentá-la, e está pelo mar ao lado de seu melhor amigo, o fofo peixinho Linguado, enquanto vasculha um antigo navio naufragado em busca de novos pertences para a sua já imensa coleção… dessa vez, ela encontra um garfo e um cachimbo, e eu adoro a inocência de Ariel expressa no modo como ela leva esses objetos para o “Sabidão”, um pássaro que supostamente entende tudo sobre os humanos e pode dizer para que serve cada coisa… mas, segundo ele, o garfo serve para “pentear os cabelos”, e isso nos dá uma cena fofa e divertida no futuro do filme, quando Ariel vira humana…
Gosto de ressaltar que, diferentemente do que algumas pessoas acreditam, Ariel não fez o que fez POR CAUSA do Príncipe Eric – sim, conhecer Eric foi uma motivação a mais para a pequena sereia (todos sabemos a intensidade das paixões de adolescência!), mas a verdade é que seu fascínio (e sua curiosidade, acima de tudo) pela superfície já vinha de muito antes. E “Parte do Seu Mundo” é uma música linda e incrivelmente triste, na qual Ariel fala de seu desejo de ter pernas, “para andar, correr e dançar”, fala da curiosidade de saber “o que é o fogo” e “o que é queimar” – “Poder andar, poder correr / Ver todo dia o sol nascer / Eu quero ver, eu quero ser, ser desse mundo […] O que eu daria pela magia de ser humana / Eu pagaria por um só dia poder viver […] Quero saber, quero morar / Naquele mundo cheio de ar / Quero viver, não quero ser / Mais deste mar”.
E nesse fascínio e constante busca por mais, é que Ariel acaba conhecendo o Príncipe Eric, que está celebrando aniversário. O pai já a advertiu várias vezes para se afastar de tudo o que vem da superfície, mas sua curiosidade é maior do que qualquer coisa, e ela assiste admirada ao Príncipe enquanto ele ganha uma estátua com sua aparência de presente… quando uma tempestade acomete o barco do galã Eric, Ariel não resiste e quebra uma importa regra de seu pai, e interfere: ela salva a vida de seu amado. Salvo pela princesa, Eric se apaixona pela “misteriosa garota” da voz doce, mas ao perceber que ele está bem e que está despertando, Ariel foge de volta para o mar. Quando Tritão faz o fofoqueiro (e ainda gostamos dele!) do Sebastião falar, ele fica furioso ao descobrir o que a filha fez, e encontra e destrói (!) toda sua coleção.
É uma cena desnecessariamente brutal e autoritária…
Ele não tinha aquele direito.
Por isso, é compreensível que Ariel faça o que faz em seguida. Acontece que o pai destruiu seu sonho e tudo aquilo que ela admirava e juntou por anos… como qualquer adolescente contrariada, então, ela aceita qualquer oportunidade de ter o que quer, e acaba caindo no jogo de Úrsula, a perigosa bruxa do mar (que é parte humana, parte polvo), que lhe oferece o que ela sempre quis: pernas para andar na superfície. Para que isso se perpetue, no entanto, Ariel terá que fazer com que o Príncipe Eric se apaixone por ela e a beije (sabe, o “beijo de amor verdadeiro”) antes de 3 dias… se o sol se pôr ao fim do terceiro dia antes que ela ganhe o beijo, ela voltará a ser sereia e pertencerá a Úrsula para sempre… e tem um quê de dificuldade nisso tudo: como pagamento pelo feitiço, a bruxa lhe pede a sua voz. Por isso, ela terá que conquistar o Príncipe sem aquilo que fez com que ele se apaixonasse, no começo!
Wow.
Então, Ariel ganha pernas, e é levada para a superfície por seus amigos, Linguado e Sebastião. A cena é terna enquanto ela aprende a ficar de pé e enquanto os animais a ajudam a fazer “uma roupa de humana”, e ela rapidamente chama a atenção do Príncipe Eric, ainda que ele não ache que ela seja a moça por quem se apaixonou, porque aquela moça podia cantar… de qualquer maneira, sua beleza, doçura e inocência fazem com que Eric se encante por ela cada vez mais, e eles compartilham umas cenas legais e divertidas, como durante aquela primeira refeição, ou durante o romântico passeio de barco, ao fim do segundo dia, que quase acaba em um beijo, frustrado pelos capangas de Úrsula. Percebendo que a sereiazinha vai conseguir o beijo do Príncipe Eric, Úrsula resolve fazer algo para impedir isso de acontecer até o fim do próximo dia…
Se disfarça de humana, e também vai para a superfície.
Usando a voz de Ariel, que guardara em uma concha, Úrsula enfeitiça o Príncipe Eric, fazendo com que ele se case com ela – bem, que quase se case com ela. Porque, afinal, os amigos de Ariel (depois que Sabidão descobre que a noiva de Eric é a Úrsula disfarçada) impedem o casamento, liberam a voz de Ariel e desenfeitiçam o Príncipe Eric – quando Eric a reconhece, então, como a garota que salvou a sua vida, eles quase se beijam, mas não há tempo o suficiente para o beijo acontecer antes do terceiro sol se pôr, e então Ariel volta a ser uma sereia, nos braços do Príncipe Eric, e então o plano de Úrsula está completo, com ou sem casamento… tendo conseguido o que queria, a malvada bruxa pega a sereia e a leva consigo para o fundo do mar, onde ela será sua prisioneira para sempre… e é aí que a melhor parte de seu plano entra em ação.
Úrsula pensou em TUDO desde o começo. Ela ofereceu o acordo a Ariel querendo que ela falhasse, querendo que ela virasse sua prisioneira e, então, ela sabia que Tritão não permitiria que isso acontecesse – para salvar a sua filha favorita (!), o Rei dos Mares se sacrificaria, e é o que ele faz, afinal… Úrsula mostra o contrato em que Ariel assinou seu nome, e diz que nada pode ser feito, a não ser que “ele queira trocar de lugar com a filha”. E ele o faz. Com o seu nome no contrato no lugar do de Ariel, ele se transforma em um dos prisioneiros de Úrsula que, por sua vez, se transforma na RAINHA DOS MARES, mais perigosa que nunca… gigante, ela ataca a todos, e é lindo como o Príncipe Eric enfrenta o mar para salvar Ariel, a mulher que já ama… e as cenas do Príncipe Eric no mar são bastante interessantes, e o tornam um Príncipe muito mais legal que a maioria.
Quando o Príncipe mata a Úrsula gigante com a proa de seu barco, todas as suas maldades são desfeitas, e todos aqueles que um dia fizeram um acordo injusto com ela e tornaram seus prisioneiros, como Tritão, voltam ao normal… assim, o pai de Ariel volta a ser o poderoso Rei dos Mares e, ao perceber que a filha realmente ama o Príncipe Eric, ele toma uma decisão: é hora de deixá-la partir, deixá-la ser feliz, e ele lhe concede o que ela sempre sonhou: pernas para andar na superfície. Agora, Ariel é uma humana que pode realizar os sonhos que fazem parte de sua música principal, e casar-se com um Príncipe lindo que a ama. O final é fofo e lindo, e ficamos com a musiquinha de Sebastião na cabeça. Por falar em música, eu acho que faltou uma nova reprise de “Parte do Seu Mundo”, uma cena cortada de quando Ariel corria até o Príncipe Eric novamente…
Um clássico maravilhoso da Disney! <3

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