Qual Seu Número? (What’s Your Number?, 2011)

“I think I love you, 21”

EU ADORO COMÉDIAS ROMÂNTICAS. “Qual Seu Número?”, protagonizado por Anna Faris e Chris Evans e baseado no livro “20 Times a Lady”, de Karyn Bosnak, é um filme de 2011 que conta a história de uma mulher que, voltando para casa cabisbaixa depois de ser demitida do seu emprego, se depara com um artigo em uma revista sobre como mulheres estadunidenses têm, aproximadamente, 10,5 amantes durante sua vida… um número que ele considera incrivelmente baixo! Então, ela começa a listar os homens com quem já transou, chegando a um número que a assusta: 19. Isso porque, de acordo com a matéria e com as melhores amigas, mulheres que passam do número 20 tendem a não se casarem… então, Ally Darling toma uma decisão: ela não vai mais fazer sexo com nenhum homem até ter certeza de que ele é o homem certo.

O filme é uma comédia romântica deliciosa, do tipo clichê e previsível, mas que sempre me coloca um sorriso no rosto… e, é claro, tem o atrativo extra de termos o Chris Evans sendo o homem absolutamente lindo que ele é (e ele tem várias cenas deliciosas nas quais ele está nu/seminu… só isso já seria motivo o suficiente para assistir ao filme, vai por mim). Ally Darling se desespera quando pensa na possibilidade de nunca encontrar um cara com quem de fato as coisas vão dar certo, e é claro que isso tudo tem a ver com a pressão ao seu redor: sua mãe a pressiona para encontrar “o homem perfeito”, e a sua irmã mais nova está organizando a sua festa de casamento… será que ela vai acabar sentando na mesa das tias solteironas em todas as festas de família pelo resto de sua vida? Ela não pode permitir que isso aconteça… ela precisa dar um jeito.

Para complicar a sua situação, a sua convicção de não dormir com mais de 20 homens acaba a restringindo, porque, em uma noite de bebedeira, ela acaba transando com o seu ex-chefe, e parece que suas “oportunidades” se esgotaram. Então, um reencontro inesperado com um ex-namorado que está muito melhor do que na época em que eles namoraram lhe dá uma ideia: talvez outros ex-namorados tenham melhorado desde que eles terminaram, não? Talvez ela ainda possa encontrar o amor da sua vida sem precisar passar do número 20. Então, ela começa a procurar os homens da sua lista de ex, sem muito sucesso – felizmente, ela tem um vizinho cuja família trabalha na polícia e é muito bom em “encontrar coisas”, e ele acaba aceitando ajudar Ally, mesmo que pareça uma ideia meio absurda no começo… eles fazem um acordo e está tudo certo.

Colin Shea é o típico homem bonito (muito muito muito bonito) que só faz sexo casual… e esse é justamente o acordo que ele faz com Ally: ele vai ajudá-la a encontrar os ex de sua lista, se ela o ajudar a fugir das garotas que passam a noite no seu apartamento na manhã seguinte… e a premissa está definida, e funciona incrivelmente bem! Determinada a não passar do número 20, Ally se mete em cada enrascada em situações bizarras enquanto “revisita” romances do passado – e digamos que se lembra por que eles não deram certo. Temos um cara que está prestes a se casar, um cara que acredita que ela é britânica por causa de um sotaque falso que ela não consegue sustentar, um político bem-sucedido que é gay e só está procurando alguém para ser sua esposa de fachada, e um mágico barman que continua no mesmo lugar que estava quando ela o conheceu…

Parece um beco sem saída. E é.

É muito legal como o filme desenvolve a relação de Ally e Colin que, como em grande parte das comédias românticas, não começa como romance – e é uma delícia acompanhar a maneira como a relação deles se estabelece aos poucos… e eu não tenho nada contra o sexo (não MESMO!), mas eu sinto que se Ally não estivesse tão determinada a não passar do número 20 e eles tivessem transado logo no início do filme, eles seriam apenas “mais um número” um na vida do outro… o fato de eles se tornarem “amigos” faz com que eles compartilhem uma série de momentos especiais que permitem perfeitamente que um conheça o outro de fato: Colin, pela primeira vez na vida, se apaixona por alguém e quer passar tempo com essa pessoa, ao invés de fugir na manhã seguinte; Ally, por sua vez, pode ser quem ela realmente é, sem precisar fingir.

E isso é que é o amor.

Adoro o fato de Colin perceber que está apaixonado antes de Ally. Ele fica com ciúmes quando ela vai para Washington D.C. para encontrar um político, por exemplo, e é a coisa mais fofa desse mundo quando percebe, no telefone, que ela não está bem, e prepara uma surpresa para ela em seu apartamento, valorizando os trabalhos com argila que ela gosta de fazer e que todo mundo parece agir como se fosse apenas um hobby – para ele, ela devia investir nisso, poderia ser sua profissão, se ela é tão talentosa e gosta tanto disso! Eles também passam uma noite divertida e romântica, com direito a um jogo de basquete com strip (sério, Chris Evans estava disposto a tirar o nosso sono durante esse filme) e um mergulho pelado de madrugada, e algo especialíssimo: um primeiro beijo e uma noite juntos, sem transar… uma primeira vez para ambos.

Naturalmente, alguma coisa precisa separá-los antes do fim do filme, e, dessa vez, é o fato de que Colin já encontrou o ex que Ally mais está determinada a reencontrar, mas ele acabou escondendo isso dela, em parte porque achava que “não dava para competir com ele”. Então, depois de Ally e Colin brigarem e partirem o nosso coração, Ally tenta um romance com Jake Adams… o supostamente “perfeito” e chato Jake Adams. Infelizmente, no entanto, ela tinha que tentar: na sua determinação de não passar do número 20, ela depositara todas as suas esperanças em Jake Adams e, se não tentasse, ela passaria o resto da vida achando que com ele daria certo, que ele era o cara perfeito… ela teve que estar com ele de volta para perceber que ele não era… e que ela estava apaixonada por outro. O tal do Jake é um grandessíssimo mala insuportável.

Uma das coisas que mais me chamam a atenção na diferença entre Jake Adams e Colin Shea é o fato de que Colin não se importa com o número… Jake tem uma série de posicionamentos horríveis, como quando fala das esculturas em argila de Ally, algo que Colin sempre valorizou, mas é muito forte lembrar-se de como Colin já dissera, mais de uma vez, que essa coisa toda do “número” não fazia sentido… por que ele se importaria com o número de homens com quem Ally já transou na vida? Depois da babaquice do Jake e durante o discurso no casamento de sua irmã mais nova, Ally percebe o que é realmente estar apaixonada: a possibilidade de ser você mesma… e ela é totalmente ela mesma quando está com Colin, e isso a faz feliz. Por isso, ela precisa dizer isso a ele! Você sabe: toda comédia romântica precisa ter um grande gesto no final, certo?

Então, o grande gesto de “Qual Seu Número?” é a Ally correndo por toda a cidade e invadindo uma série de casamentos, até descobrir o casamento no qual Colin está – e, é claro, é o casamento mais chique da cidade, no qual ele está tocando com a banda, e ela precisa entrar de penetra, pulando o muro, e invadir o palco no meio de uma música (essa cena é hilária), para pedir para conversar com ele e falar tudo aquilo de que se deu conta e pedir desculpas, e é muito lindo vê-los se acertando, vê-los sorrindo, vê-los começando um romance que sabemos que vai dar certo… não sei bem qual é o fascínio que a comédia romântica exerce sobre mim (e tanta gente), mas acho que tem a ver com o fato de gostarmos de ver o amor surgir das maneiras mais bizarras e inusitadas possíveis, e é uma sensação de catarse quando tudo dá certo e o casal finalmente fica junto.

Dei boas risadas e terminei de coração quentinho!

 

Para reviews de outros FILMES, clique aqui.

 

Comentários