O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (Terminator 2: Judgment Day, 1991)

“Hasta la vista, baby”

Dando continuidade à franquia iniciada em 1984, “O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final” é uma excelente sequência, com direito a muita ação, ótimo desenvolvimento dos personagens, e de toda a trama que conhecemos quase superficialmente no primeiro filme, quando um Exterminador foi enviado do futuro para matar Sarah Connor antes que ela engravidasse, já que seu filho seria o líder mais importante na resistência humana contra as máquinas. Nesse segundo filme, um novo Exterminador, ainda mais avançado do que o primeiro, é enviado ao passado para matar John Connor, o futuro líder rebelde, ainda na sua infância e, assim, garantir a vitória da Skynet no futuro… assim como no primeiro filme, no entanto, alguém também é mandado para protegê-lo.

“O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final” funciona maravilhosamente bem como sequência por saber aproveitar elementos que funcionaram no filme original, bem como expandir seu universo e aprofundar a sua narrativa… embora exista uma caçada no fim do século XX que quase remonta os acontecimentos do primeiro “Exterminador do Futuro”, James Cameron não se contenta, felizmente, em entregar mais do mesmo: o personagem de Arnold Schwarzenegger ganha um desenvolvimento inesperado que o torna, de certa maneira, “mais humano”, e Sarah Connor lidera a sua própria revolução, tentando mudar o rumo da história e invertendo a equação inicial: e se ela pudesse destruir a Skynet antes mesmo de ela ser lançada para o mundo?

Todo o primeiro ato do filme é uma aventura muito parecida com a do primeiro filme, com algumas novidades interessantes: dessa vez, a pessoa que está correndo risco de vida é John Connor, enquanto Sarah está internada em um hospital psiquiátrico, e o Exterminador que é enviado para matá-lo não é interpretado por Arnold Schwarzenegger, mas por Robert Patrick, um Exterminador T-1000. A estrela do primeiro filme reaparece, agora, novamente como o Exterminador T-800 Modelo 101, mas um Exterminador reprogramado pelo John Connor do futuro, e que foi enviado para a década de 1990 para protegê-lo… assim, temos que lidar com a novidade de, agora, termos o T-800 tentando salvar a vida de John Connor e proteger a rebelião humana.

Além de proteger John Connor, que foi o que ele foi programado para fazer (e o T-1000 dá trabalho, porque é uma tecnologia muito mais avançada e aparentemente indestrutível do que o próprio T-800 era no primeiro filme), T-800 também é “convocado” a ajudar John a salvar a mãe, que está internada em um hospital psiquiátrico – embora ela esteja dando o seu jeito, qualquer ajuda é bem-vinda. T-800 sabe que é um plano arriscado, porque o novo Exterminador, feito de metal líquido, tem a habilidade de assumir a forma das pessoas com quem faz contato físico, e é quase certo que ele mesmo foi atrás de Sarah Connor para usá-la como uma armadilha para chegar a John Connor… ainda assim, é sua mãe, e John não vai deixá-la para lá. E a sequência de fuga é eletrizante.

Bem como toda a reação assustada de Sarah ao rever o Exterminador T-800, antes de saber como as coisas mudaram e como, agora, ele está do lado deles. Sarah Connor, John Connor e o Exterminador T-800 formam um trio incrível de se acompanhar, e é aí que reside grande parte do poder que o filme tem, até porque Sarah e John veem o T-800 de maneiras diferentes… ainda que saiba que foi “ele” quem tentou matar a mãe anos atrás, John Connor não viveu nada daquilo e, para ele, o T-800 é um amigo. Sarah, por sua vez, embora agradecida pela ajuda na fuga do hospital psiquiátrico, não encontra facilidade para confiar nele, e quase o destrói quando tem o seu chip em suas mãos e, consequentemente, a possibilidade de acabar com ele de uma vez por todas.

Mas John Connor a impede… ele joga bem ao confrontar a mãe e perguntar como ele poderá ser “um grande líder revolucionário” que precisa ser ouvido pelas pessoas se nem sua própria mãe o ouve. A amizade de John Connor com o Exterminador T-800 rende algumas das melhores dinâmicas do filme, especialmente quando o bloqueio da Skynet é retirado e o T-800 pode começar a aprender, como John queria que ele aprendesse – e é muito bom ver o Exterminador experimentar novas possibilidades de fala (embora seja perigoso estar aprendendo com um adolescente rebelde como John Connor), ou mesmo fazer uma promessa de que não vai sair por aí matando pessoas… a própria Sarah Connor precisa eventualmente aceitar que é uma amizade boa para o filho.

T-800 sempre estará ali por John. O protegerá de absolutamente tudo.

Sabendo disso, a própria Sarah “confia” um pouco mais no seu antigo Exterminador, mas pede que ele lhe conte tudo o que sabe sobre o futuro, sobre a Skynet e sobre a guerra entre humanos e máquinas, e isso lhe dá uma ideia: se ela ir atrás de Miles Dyson e impedir que ele crie a Skynet, então o futuro estará à salvo, não? Eu acho muito interessante essa jogada do roteiro, porque é uma completa inversão do que vimos no primeiro filme: se em “O Exterminador do Futuro” víamos a tentativa das máquinas de acabar com um líder revolucionário antes de ele nascer, em “O Julgamento Final” vemos a tentativa de Sarah Connor de acabar com a Skynet antes de ela se tornar o que se tornou no futuro, antes de ela se levantar contra a humanidade. É o mesmo princípio, mas de lados inversos.

Sarah Connor, no entanto, acaba não tendo coragem de matar Miles Dyson quando tem a oportunidade, e isso nos leva a uma sequência eletrizante de ação que não envolve diretamente as máquinas, quando T-800 mostra quem é e explica tudo a respeito do futuro e do papel de Miles na morte de tantas pessoas, e o próprio Miles aceita acabar com o trabalho de toda a sua vida… porque era o certo a se fazer. São boas sequências de ação seguidas, de perto, pelo último ataque do Exterminador T-1000, que dá tanto trabalho para morrer quanto o T-800 no primeiro filme, e assim como o fogo não matou o T-800 lá, e ele foi morto por uma prensa hidráulica, aqui o “gelo” gerado por nitrogênio líquido não é o suficiente para matar o T-1000, que acaba morrendo na lava.

Como filme de ação, “O Exterminador do Futuro 2” também funciona maravilhosamente bem!

Gosto muito desse segundo filme, que embora seja primordialmente um (excelente) filme de ação, flerta ainda mais do que o primeiro com a ficção científica, e entrega uma história coesa e inteligente, apesar de alguns paradoxos que são difíceis de se evitar quando se mexe com viagem no tempo: se o futuro mudou e a ascensão das máquinas nunca aconteceu, por exemplo, o pai de John Connor teria sido enviado para 1984 para que ele existisse? Apesar das dúvidas, o final de “O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final” é cheio de esperança, com Sarah Connor tendo conseguido dar um fim à Skynet e, consequentemente, ao Dia do Julgamento em 1997, salvando a humanidade da dominação das máquinas, como o “epílogo” mostra. Aqui, sentimos que a história se fechou.

Mas a franquia queria continuar. E talvez isso seja um problema?

 

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