Doctor Who (1ª Temporada, 1964) – Arco 003: The Edge of Destruction

“As we learn about each other, so we learn about ourselves”

Exibido em 08 e 15 de fevereiro de 1964, “The Edge of Destruction” é um Arco curtinho da primeira temporada de “Doctor Who”, da época em que o futuro da série ainda era incerto: eles poderiam seguir além das 13 semanas previamente aprovadas, por exemplo? Ainda que não tão grandioso quanto “The Daleks”, esse é um arco do qual eu gosto bastante, e que considero extremamente importante para esse início de “Doctor Who”, porque são episódios que nos ajudam a conhecer um pouco mais da TARDIS (e possibilidades que eventualmente serão exploradas), além de serem essenciais para o desenvolvimento dos personagens… se até então o Doctor parecia razoavelmente distante dos seus companions humanos, talvez isso tenha começado a mudar agora.

Depois de deixarem Skaro e tentarem partir de volta para a Terra, alguma coisa dá errado na jornada da TARDIS, que parece ter batido em algum lugar, embora Susan diga que isso é impossível. De todo modo, alguma coisa aconteceu, eles estão parados, e os tripulantes começam a agir de maneira estranha. “The Edge of Destruction”, que é ambientado inteiramente na TARDIS, precisa se reinventar em um cenário limitado e, para isso, trabalha magnificamente com um suspense crescente… assim como os espectadores, os viajantes da TARDIS tampouco sabem o que está acontecendo, e isso faz com que eles se voltem uns contra os outros de uma maneira quase assustadora, com acusações e ameaças sendo feitas a torto e a direito.

O drama da história é cativante – e desconcertante. Susan está agindo de uma maneira mais estranha do que seus companheiros, e o Doctor parece absolutamente convencido de que tudo aquilo é um plano de Ian e Barbara, que supostamente tentaram roubar a TARDIS dele ou qualquer coisa assim… tomado por um medo quase irracional graças à situação desconhecida, o Doctor se volta contra os humanos da TARDIS dando-lhes um remédio para dormir enquanto decide o que fazer, eventualmente ameaçando colocá-los para fora da nave. O mais inusitado de tudo isso, no entanto, é justamente que eles não sabem onde estão – e, portanto, como Ian e Barbara poderiam ser colocados para fora? O que está causando aquele mal funcionamento da nave?

Acho interessante como tudo é, no fim, “mais simples” do que podíamos imaginar… e ainda que a solução de todo o problema pareça quase “simplório”, os eventos servem para “humanizar” o Doctor, de alguma maneira, e fazer com que ele estabeleça laços com as pessoas que viajam com ele… quando parece que eles estão em uma contagem regressiva e à beira da destruição, o Doctor diz a Ian que não há esperanças e que ele não sabe o que fazer, e é a Barbara quem desvenda todo o mistério e nos faz entender que é a TARDIS quem está tentando avisá-los de alguma coisa… não é uma força alienígena que adentrou a nave nem nada assim, mas a própria TARDIS dando indícios de uma inteligência artificial e de personalidade, talvez, tentando proteger os viajantes.

É quase risível, sim, que “o grande problema” de “The Edge of Destruction” seja, no fim das contas, um botão emperrado… mas FAZ TODO O SENTIDO! Skaro, o cenário do arco anterior, estava em algum lugar do futuro e, na tentativa de levar Ian e Barbara de volta para casa, o Doctor ativou um botão para levá-los ao passado e, como o botão ficou emperrado sem que ele percebesse, a TARDIS continuou os levando cada vez mais para o passado e para o passado, até o momento em que tudo começou, até o Big Bang que deu origem ao universo – e, então, ela os congelou naquele momento antes de eles serem destruídos pela explosão, salvando a vida deles. O Doctor e Ian precisam desemperrar o botão para permitir que a nave viaje novamente em direção ao futuro.

Acaba que a história não é imensamente complexa nem nada, e não tem o tom aventuresco de outras viagens de “Doctor Who”, mas é um arco bem-vindo especialmente por mostrar uma nova faceta do Doctor – muito mais agradável ao conversar com Barbara no fim do episódio, por exemplo, pedindo desculpas por como falara e reconhecendo que foi ela quem salvou o dia e que eles estariam perdidos sem ela… é muito bom vê-lo a tratando bem, e não de maneira rabugenta e/ou indiferente, como antes, então é UMA GRANDE CENA. Não acho que Ian e Barbara poderiam continuar viajando com o Doctor por muito mais tempo se a relação entre eles não começasse a mudar, por isso “The Edge of Destruction” é essencial para que as suas aventuras a bordo da TARDIS possam continuar.

 

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