Um dos melhores filmes já feitos... – A Origem


Só quero comentar que também sou contra esse título, oficialmente Inception, ou seja, Inserção, mas tudo bem.
Não sei se tenho que comentar que A Origem foi um dos filmes que mais me fascinaram não só no ano de 2010, como em toda a minha vida. Difícil encontrar um filme tão envolvente e tão inteligente. Possui uma narrativa dinâmica, sem deixar de lado o intelecto, gerando uma das maiores obras-primas do cinema contemporâneo, com uma trama bastante complexa e encantadora.
Tenho o orgulho de dizer que vi não uma, mas duas vezes esse filme no cinema. E agora, com o DVD em mãos, o assisti pela terceira vez, e continua fantástico. Ainda mais fantástico. Meus amigos e eu chegamos a uma conclusão: não gostou do filme? Não entendeu (não é, pessoal?).
Um outro amigo meu comentou que só o começou a entender a partir da metade, mas nunca falei com ninguém que não tenha gostado (e eu conheci bastante gente que já o viu). E acho muito difícil não amar esse filme, que nos traz uma proposta tão inovadora, e tão maravilhosamente bem desenvolvida, que nos prende na frente dele. A idéia original é incrível, e o desenvolvimento é esplêndido.
Tal idéia inteligente consiste no quê? Basicamente, uma época em que a “extração” é bastante comum. Ladrões roubam idéias de dentro das mentes das pessoas enquanto elas dormem, e Cobb é o melhor no que faz. Fugitivo (e se sentindo culpado por algo que aconteceu algum tempo atrás), Cobb recebe a oportunidade de voltar para sua família: terá que implantar uma idéia na cabeça de uma pessoa. E se a extração é possível, por que não a inserção? E com uma equipe fantástica, Cobb planeja como implantar uma idéia na mente de uma pessoa, sem que essa pessoa perceba que a idéia não é originalmente dela. Para isso, eles tem que ir bem fundo… mais do que qualquer um já tenha ido.
Isso nos proporciona ótimos momentos de sonhos, e explorar o mundo dos sonhos é algo grandioso. Tudo o que se pode fazer nos sonhos, até onde podemos ir… o limbo… isso é material para uma ficção científica com muita ação de primeira, exatamente do que se trata o filme. Temos até mesmo a escada de Penrose em uma cena do filme, e outros paradoxos incríveis. Momentos preciosos em que se questiona qual é a realidade, e um final surpreendente, estilo Dom Casmurro. Eu tenho minha opinião formada quanto a isso, e vocês?
Por vários motivos, torci para que levasse o Oscar de Melhor Filme do Ano, mas não aconteceu. Não vou discutir, afinal ficou com suas 4 estatuetas, e ainda não vi O Discurso do Rei. Mas acho que será difícil me agradar mais do que Inception me agradou, sei lá.
Elenco. O elenco está impecável, ótimos atores, atuações incríveis. Leonardo DiCaprio como Dom Cobb; Ellen Page é Ariadne, a arquiteta; e essa menina me surpreende a cada cena. Como ela pode ser tão inteligente? Você pode achá-la nova, mas o intelecto da garota… é incrível ver como ela, mais do que ninguém, vai desvendando os segredos de Cobb; uma ótima personagem; Marion Cotillard como Mal, uma personagem bastante interessante (eu gosto dela); Joseph Gordon-Levitt como Arthur, conhecido como Armador, responsável por tudo sair como o planejado, extremamente importante, e extremamente inteligente; gostaria de estar em seu lugar; Ken Watanabe é Saito, que contrata Cobb, e participa da aventura como “turista”; Tom Hardy como Eames, o Falsificador; Dileep Rao como Yusuf, o Químico; Cillian Murphy, como Fischer, aquele em quem a inserção deve ser feita; todo o elenco está de parabéns; se não fosse por eles…

CONTÉM SPOILERS. SE VOCÊ NÃO ASSISTIU O FILME, NÃO LEIA
O filme começa pelo fim, e é maravilhoso, mesmo que não entendamos muito bem. Mas isso é importante por nos apresentar famosas frases que ouvimos ao longo da película, coisas que marcam e ficam em nossa cabeça. E depois temos a primeira extração, que é fantástica. De maneira incrível somos apresentados a Mal, ao sonho se desfazendo e a possibilidade do sonho dentro do sonho.
A história toda de alguém projetar o sonho, e o sonhador o povoar com o seu subconsciente é ótima. Fico imaginando-me numa situação dessas. E gosto de ver o subconsciente percebendo que algo está errado e se voltando contra aquele que está sonhando. Tudo isso é uma proposta bastante legal. E, claro, vemos isso desde os 10 primeiros minutos de filme, mas ainda sem uma explicação concreta, que fica para a cena com Ariadne.
Amo ver Cobb apresentando o “novo mundo” para Ariadne, e como ela aprende depressa. Ela é mesmo demais. A cena na cafeteria é ótima, e é bom vê-la descobrindo que está sonhando. O sonho se desfazendo é incrível. E é claro, a fala de “Você nunca se lembra do começo de um sonho, não é? Consegue se lembrar como chegamos aqui?”. E é bom ver Cobb advertindo-a para não usar lugares reais, pois isso pode fazê-la perder a noção do que é real e do que não é.
E toda a idéia da inserção me fascina, principalmente a parte das três camadas de sonho. 10 horas no mundo “real”, uma semana no primeiro nível, seis meses no segundo e 10 anos no terceiro. É… é de se pensar… isso não deixa vocês com a cabeça girando como eu? Num momento muito cômico, temos o teste dos chutes, e Arthur sofreu naquela cena… mas nos proporcionou ótimas risadas, claro. Quanto ao segundo nível de sonho, gostei de vê-lo com Ariadne (“Rápido. Me dê um beijo”, “Ainda estão olhando para nós”, “É, mas valeu a tentativa”).
E quanto ao Saito… quem não gostou dele no começo, pode deixar isso de lado. Ele se mostrou um personagem muito legal, e honesto. Bem, é… o quanto pode-se ser no lugar dele, ao menos. Amei a parte do “Comprei a companhia aérea. Achei mais fácil”.
As lembranças de Cobb sobre Mal foram legais, e Ariadne mostrou que não é qualquer mocinha burrinha e bobinha. Se ela queria saber, ela foi atrás para descobrir. E conseguiu, sempre confrontando Cobb, sempre descobrindo seus segredos. Ah… como eu gostei dessa personagem! E a morte de Mal… bem, é algo que mexe comigo. Eu fico me sentindo meio… não sei, não entendo direito o que pensar. E se ela estivesse certa? E se Cobb estivesse errado? Não sei, eu sei que a cena é ótima.
As várias camadas, sonhos dentro de sonhos, cada nível alguém acordado, e o chute sincronizado. Tudo isso é inteligente e bastante complexo. Por isso me deixa tão de boca aberta. E como se todos esses níveis não bastassem, temos uma ida ao limbo no fim. E eu amei ver o limbo. Da primeira vez em que vi o filme, estava muito curioso por vê-lo. E gostei. É bom ver Mal, e vocês perceberam? Cobb não quis ver o rosto dos filhos… e se fossem mesmo seus filhos? Vai saber? Temos a cena em que Mal e Cobb “se matam” com o famoso trem, no limbo, voltando ao “mundo real”, e toda a idéia crescendo na mente de Mal. A primeira inserção, que dá título ao filme. Ou “a origem” como gostam de dizer em português.
O desfibrilador sendo raios no limbo é fantástico. O chute de Fischer e Ariadne foi o mais legal de todos. Gosto de ver Cobb encontrando Saito no limbo, mesmo que ache aquilo meio suspeito. Como eles voltaram para o avião? É… não tivemos isso claro no filme, e vocês já sabem o que eu quero dizer…
E eles despertando em todos os níveis de sonho, até chegarem ao avião novamente. Missão cumprida, Cobb a salvo. Tudo bem, os filhos bem. Bem mesmo? E o Totem? Ainda está girando? Quem pode dizer? Eu tenho a minha opinião, vocês provavelmente tem a de vocês. Mas alguém pode ter certeza?

You’re waiting for a train. A train that will take you far away. You know where you hope the train will take you, but you can’t be sure. But it doesn’t matter… because we’ll be together.

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