JUSTIÇA – Terça-feira (Fátima)


“O tempo é um rio que só corre para um lado. O passado vai continuar sempre o mesmo”
Sinceramente, minha PROFUNDA favorita em toda a trama de Justiça. Por vários motivos. Como eu disse, eu me apaixonei pela intensa construção quase perfeita do roteiro dessa série, em sua forma nova de contar história, com as tramas se entrepondo e se completando ao longo da semana. Fátima, empregada de Elisa, é quem protagonizou as histórias de terça-feira. E foi FASCINANTE. Quer dizer, eu sou um eterno apaixonado por Adriana Esteves e sua BRILHANTE interpretação a cada dia. Mas em Justiça parece que ela ainda se superou um pouco mais. De forma arrepiante, ela me convenceu profundamente como uma mulher forte, determinada e uma pessoa boa. Talvez a melhor pessoa em toda essa série. Sua interpretação me fez sofrer, mas também me trouxe alegrias incomensuráveis, sorrisos verdadeiros, lágrimas aos olhos. Adriana Esteves interpretou uma Fátima intensa e tocante. Ela estava fantástica, como sempre. E sua história, que é a minha favorita, foi marcada pela humanidade, em primeiro lugar, e eu acho que Fátima pode ter ensinado às pessoas coisas muito relevantes sobre o que é ser humano, e o que é ser uma pessoa boa. E eu acho que a mensagem é clara, sobre como ela, mais do que qualquer outro, teve uma vida muito boa no fim das contas.
A história de Fátima é a MELHOR e a mais linda. Fátima Libéria do Nascimento sofreu injustamente e demais desde o primeiro episódio. Lá, sete anos atrás, quando era empregada de Elisa, ela lidou com todo o problema da empresa em que o marido trabalhava como motorista de ônibus indo à falência e um nojo de vizinhos que ameaçavam destruir a sua vida. E assim o fizeram. Depois de um primeiro capítulo intenso, ninguém culpava Fátima por ter matado aquele cachorro desgraçado que mordeu seu filho. Mães agem instintivamente quando seus filhos estão ameaçados. Mas, por conta disso tudo, Fátima acabou sendo incriminada por tráfico de drogas, logo depois de o marido ter morrido em uma briga de bar, e foi levada presa deixando para trás dois filhos ainda pequenos, Mayara e Jesus. Quando sai da cadeia finalmente, 7 anos depois, Fátima está determinada a reconstruir sua vida, mesmo que ainda não saiba de nada do que aconteceu. Sua casa abandonada está em frangalhos, Douglas está bêbado e sozinho na casa ao lado, nem sinal de seus filhos e ninguém que possa dizer-lhe onde eles estão…
Mas ela nunca desiste.
Essa é a característica mais forte de Fátima – sua bonita perseverança. Acho que o impacto de ver como está o mundo sete anos após a sua prisão vem na forma de seus dois filhos. Mayara se prostituindo na sauna de Kelly (mulher de Douglas, ex-vizinha de Fátima) como uma maneira de conseguir vingança. E Jesus vivendo na rua, roubando para viver. E, como o mundo é irônico, Jesus rouba a bolsa de sua própria mãe, e ela o reconhece quando vê as marcas da mordida em seu braço. É eletrizante. Dali em diante nós temos uma intensa e bonita construção de tudo. Jesus reconhece o nome da mãe e resolve devolver a ela o dinheiro e a bolsa roubada, e então ela não deixa mais que ele se vá. Ela vai voltar a cuidar dele, e as cenas são emocionantes. Quando ele fala sobre não ter memórias dela, mas em sua mente ela tinha cabelos longos, como uma santa… aquilo me arrepia! Mayara (agora Suze), por outro lado, é mais difícil. Mayara/Suze é a representação da “vingança”, tema recorrente de Justiça, dentro da história de terça-feira. Fátima não pensa em nada disso. Fátima apenas quer seus filhos de volta e reconstruir a própria vida.
Essa decisão dela muda drasticamente os rumos de sua história.
Porque é muito bonito ver Fátima se reconstruindo. Ver Fátima arrumando a casa de volta, ver Fátima fazendo quentinhas para vender aos peões em uma obra, ver Fátima conhecendo Firmino e se aproximando de alguém que vai lhe fazer bem, que era o que ela precisava. “Até seu crime é bonito”. Enquanto Suze está envolvida até o pescoço em uma vingança perigosa que permeia os demais capítulos, Fátima consegue se reerguer, consegue ir lentamente melhorando Jesus de seus costumes adquiridos na rua e o sentimento de família é muito forte. E ela é firme. Como quando leva Jesus para devolver os 20 reais roubados de Firmino, de forma categórica, e Firmino, então, lhe dá o dinheiro (o que é diferente) e ele traz sorvete para todo mundo. A trama de terça-feira é repleta de pequenos detalhes como esse que me marcaram profundamente, que me comoveram. E eu devo dizer que cada momento de felicidade de Fátima, por menor que fosse, me enchia de felicidade, de paz, de calma. Com uma atuação brilhante, Fátima não falhava em me fazer sorrir e em me arrepiar, emocionado a cada momento.
O que me desesperou foi o fim do penúltimo capítulo de terça. E explico o porquê: PORQUE FOI LINDO. Acontece que ali parecia o final de Fátima, com Suze tendo concluído sua vingança e, embora tenha levado uma navalhada de Kelly, Celso a demitiu a pedido de Fátima, e ela voltou para casa. Foi lindíssimo o sentimento de família e a felicidade palpável de Fátima por ter seus dois filhos de volta em casa com ela, protegidos. E o amor que existia entre os três não dava para ser negado. Eu chorei de verdade quando Jesus decidiu que queria ser músico como Firmino (o que era uma aprovação e tanto!) e então preparou uma apresentação para a família… dedicando a música à sua mãe e à sua irmã, “que levou uma navalhada e voltou pra casa”. Firmino e Jesus cantando enquanto Mayara e Fátima ouviam e choravam me arrepiou e me comoveu profundamente. Mas eu temi. Eu juro que eu temi. Porque parecia um final muito bom e muito fechado para ainda termos um capítulo inteiro… então eu temi pelas coisas que aconteceriam na última terça-feira, pensando em todo tipo de desgraça que pudesse estragar o sentimento…
Felizmente não aconteceu.
Quer dizer, tivemos alguns problemas, é claro. Como aqueles policiais corruptos que queriam roubar cada vez mais quentinhas de Fátima e, quando ela se recusou, a levaram para uma cena desesperadora na qual a colocaram com uma arma na mão, um morto ao lado, em uma construção abandonada e destruída. Me faltou fôlego naquela sequência toda. Felizmente foi gostoso demais ver Jesus, Firmino e Douglas trabalhando para salvá-la. Foi lindo quando Firmino a encontrou e tudo estava bem, mas eu devo comentar: a gente pode gostar do Douglas? Nós tivemos uma raiva IMENSA de Douglas no primeiro episódio, mas no fundo a grande vilã ali era a Kelly, e não o Douglas. Sem Kelly, 7 anos depois, foi muito bonito como uma relação se estabeleceu entre Douglas e Fátima, e eu só posso dizer que eles se tornaram amigos. Eu ria quando ele aparecia para pedir comida, ou quando roubou comida mesmo porque Irene só servia alface, brócolis e abobrinha. Mas no fundo eles se gostavam, e ela gostava dele, porque ela é uma pessoa boa [O fato de deixar o emprego na casa de Elisa porque é amiga de Regina, por exemplo, só exemplifica uma vez mais o quão BOA ela é, que pessoa é essa?]. Eu lamentei profundamente que Kelly tenha voltado e que, por fim, nada tenha de fato mudado para Douglas. Estava tudo tão bem entre os vizinhos, mas Douglas tinha que estragar a vida dele.
Pelo menos eles foram embora. Douglas estragou a vida dele…
…mas Kelly não vai mais estragar a vida de Fátima.
MAS E AQUELE FILHOTINHO DE CACHORRO DE PRESENTE? Cena linda <3
Depois que Douglas foi embora com Kelly (eu me pergunto se teremos mais disso na quinta-feira, tendo em vista que Kelly também é bastante presente na trama de quinta), Fátima ficou triste não só pelo fim do noivado com Irene, mas porque sabia que Kelly era o problema e Douglas estava acabando com sua vida de novo… e ela se importa com ele. Mas, de todo modo, embora Mayara ainda seja uma prostituta (de praia), talvez ela esteja se acertando com aquele gringo? Não sei, ele foi até na festa de noivado! E tudo acabou bem em outra cena LINDÍSSIMA. Firmino e Fátima arrumaram toda uma festa muito bacana e muito bonita. Com luzes, comida e música gostosa. E ele fez um lindíssimo pedido de casamento, cantando para ela de uma forma que levou não só ela às lágrimas, mas os filhos também, e nós aqui em casa. “Então vem… que eu conto os dias, conto as horas pra te ver. Eu não consigo te esquecer. Cada minuto é muito tempo sem você” Foi lindo. E quando ele realmente a pediu em casamento, ela teve um momento rápido e fofo de perguntar aos filhos se estava tudo bem por eles, e eles sorriram, com lágrimas nos olhos, e concordaram. Porque eu consigo sentir neles a felicidade de ver sua mãe feliz! E então Firmino e Fátima puderam se abraçar e ficar feliz com o pedido de casamento, com a nova vida pela frente… um final LINDÍSSIMO para Fátima, essa mulher maravilhosa que muito merecia.
Minha ideia de moral: Fátima nunca quis vingança, Fátima nunca guardou raiva ou rancor de ninguém, nem mesmo quando ela foi mandada injustamente à cadeia por 7 anos por tráfico de drogas e precisou deixar os filhos. Fátima sempre foi forte, sempre quis seguir em frente, querendo reconstruir a vida ao invés de destruir a de outras pessoas. E ela acabou bem. Foi a pessoa que, provavelmente, vai ter o final mais feliz de Justiça. E isso me emociona. Parabéns pelo roteiro, parabéns pelas atuações, terça-feira é minha história FAVORITA em Justiça, aquilo foi incrível!

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