Lançamento de “Half-Blood Prince”


16 de Julho de 2005.
Há exatos 8 anos, Harry Potter começava sua sexta aventura, e nós o vemos num momento sombrio, mais sombrio do que já o tínhamos visto antes. Com respostas bastante importantes, conexões com um dos meus livros favoritos (Câmara Secreta) e uma belíssima preparação para o último ano de Harry, Enigma do Príncipe é maravilhoso por nos explicar tanta coisa, nos fazer sofrer, nos apresentar um mundo cinzento e fechado, e ainda mostrar os hormônios adolescentes no ápice da série, contraditórios ao clima que todos enfrentam.
Nesse livro, temos os já comentados nesse Mês encontros do Ministro da Magia com o Primeiro-Ministro trouxa, e logo em seguida uma fabulosa e sombria cena de Narcisa, Belatriz e Snape e o Voto Perpétuo. Esse é o clima que permeia todo o livro – Voldemort retornou no final de Cálice, e embora Harry tenha sofrido bastante durante Ordem inteiro, é só aqui que a notícia se torna pública e aceita. O Mundo dos Bruxos se fecha, todos ficam mais reclusos, as sombras tomam conta, mal se vê cor durante o livro todo, com uma sensação de que aquele verde todo da capa é tudo o que vemos no livro inteiro… escuro, difícil, sofrido. E mesmo no Mundo dos Trouxas, as conseqüências são inegáveis…

Era quase meia-noite e o Primeiro-Ministro estava sentado sozinho em seu gabinete, lendo um longo memorando que resvalava pelo seu cérebro sem deixar o menor registro. Aguardava um telefonema do presidente de um país longínquo e, entre a preocupação se o infeliz iria telefonar e a tentativa de reprimir lembranças do que fora uma semana difícil, longa e cansativa, não sobrava muito espaço em sua mente. Quanto mais tentava focalizar as palavras na página diante dele, tanto mais claramente via o rosto triunfante de um dos seus adversários políticos. O homem aparecera no telejornal daquele dia não somente para enumerar os terríveis acontecimentos da semana anterior (como se alguém precisasse de lembretes) como também para explicar que a culpa de cada um deles e de todos, sem exceção, cabia ao governo.

Harry Potter e o Enigma do Príncipe, J.K. Rowling
Capítulo 1 – O outro ministro, p. 7

Voldemort finalmente percebeu o perigo daquela conexão que estava compartilhando com Harry há dois anos, e então ele mesmo bloqueia seus pensamentos – Dumbledore volta a se reaproximar do garoto, e as aulas particulares dos dois são as cenas mais marcantes do livro. É o que amamos ler, era tudo o que líamos e esperávamos ver. Quando Harry saía do escritório do diretor, o que nos motivava na leitura era ver as interpretações do que tinha visto, e esperar que ele fosse de volta para uma nova aula. Aqui, a conexão com Voldemort esteve mais forte do que nunca, porque tivemos acesso a uma infinidade de lembranças que nos ajudaram a entender quem Voldemort foi e como se tornou quem é hoje…
Slughorn aparece como um professor meio atrapalhado, carismático e muito misterioso. Mas é uma peça chave para desvendar todo o mistério do passado de Tom Riddle. E é com Harry também interpretando que ele consegue as informações necessárias, e as memórias verdadeiras quando se trata das conversas dele com Tom – somos apresentados aos conceitos de Horcruxes, que nos explicam claramente o motivo de Voldemort permanecer vivo por tantos anos, e sua atual deteriorização da carne… ainda entendemos a mão negra de Dumbledore, o que Harry realmente fez dentro da Câmara Secreta, e quais seriam as outras possíveis Horcruxes… as lembranças são tudo!
Claro que o livro também coloca um humor sarcástico e bastante negro. Mesmo quando víamos uma cena romântica ou teoricamente engraçada, eu não conseguia ver muita cor na narrativa, e mesmo ali o livro parecia bastante sombrio e infeliz – e “momentos bons” eram sempre sucedidos ou mesmo interrompidos por algum acontecimento catastrófico. Mas foi bom ver Lilá namorando Rony, não por isso, mas por ver Hermione explodindo de ciúmes. Foi bom vê-lo se declarando em sonho, e ver Harry também sofrendo por causa de Gina… os típicos conflitos adolescentes, infelizmente inevitáveis a todos nós. Era bom ver que eles, mesmo com a vida deles e mesmo com tudo o que estava acontecendo, também ainda precisavam lidar com tudo isso.
E a sombra da morte também foi uma constante aqui, porque esperar a morte de Dumbledore não foi fácil. Claro que nem todos sabiam ao iniciar o livro (eu mesmo ainda não sabia, felizmente!), mas a gente sente que algo ruim está para acontecer, porque não poderíamos terminar tudo aquilo de maneira feliz. Mesmo a contra-capa do livro, com aquela brilhante Marca Negra sobrevoando o castelo… creepy. E o livro todo segue com tentativas patéticas de assassinato que quase matam dois alunos – a maldição do colar talvez seja uma das cenas mais fortes da série, eu acho aquilo bastante assustador. E toda a cena na Caverna, os Inferi, é tudo muito forte, muito denso e desesperador – nunca vimos Dumbledore tão frágil, então ler cada uma de suas falas naquele momento é sim um momento de pura agonia! E assim, logo depois, ele morre e Hogwarts enfrenta um dos seus momentos mais tristes…
Enigma do Príncipe e Relíquias da Morte estão profundamente conectados. Esse livro pareceu mesmo o penúltimo de uma série, com muita informação, muitos acontecimentos e toda uma preparação para o grande clímax. É um dos meus livros favoritos, porque também vemos o trio seguindo rumos diferentes, vemos brigas e desentendimentos, vemos Harry bastante sozinho, entendemos Voldemort e o clima de melancolia é o que define a narrativa toda… e de mistério. Muito mistério. Assim, O Enigma do Príncipe é um ótimo título, embora os posers ainda não entendam qual a importância do Príncipe… até mais!

Curta nossa Página no Facebook: Parada Temporal


Comentários