A vida deve ser uma surpresa... – O Vidente


É… por mais contra que eu seja sobre ver aqueles filmes [horrivelmente] dublados e com intervalos chatos na Globo, eu acabei assistindo a’O Vidente. Não pela primeira vez, já conhecia o filme, e essa foi a razão de eu não ter resistido. Eu falava a mim mesmo que eu tinha coisas a fazer, mas o filme é muito bom, e eu não podia perder a oportunidade de assisti-lo mais uma vez.
O filme é estrelado por Nicolas Cage (um ótimo ator, com um dublador terrível), lançado em 2007, e com o título original de Next – acho que não se traduzem mais bons títulos. Isso é meio revoltante. Mas o filme, o filme. Acompanhamos a história de Chris Johnson e sua habilidade de ver o futuro, mas apenas dois minutos à frente e seu próprio futuro, ou seja, o que vá afetá-lo de alguma maneira. Como toda regra tem uma exceção, temos Liz Cooper (interpretada por Jessica Biel), que aparece na mente de Chris muito antes de ele conhecê-la.
E como não é um filme simples, temos Ferris no papel de agente do FBI, “caçando” Chris, para que ele possa ajudar o FBI a localizar uma bomba; o mais bonito de se ver no filme é a inteligência do roteiro, extremamente bem ilustrada nos papéis de Cage e Julianne Moore (Ferris), também responsáveis por ótimas sequências, como a célebre frase “Nenhuma boa ação fica sem punição” (que ainda me faz lembrar Wicked, a cada vez que a ouço... No good deed, interpretada por Elphaba…); e como nem tudo são apenas palavras, Chris salva a vida de Ferris e acaba preso.
E agora imaginem-se no lugar de Chris… o que a gente faria? Pode parecer incrível, mas como Liz diz claramente, “a vida deve ser uma surpresa”. Como viver sempre sabendo o que vai acontecer, qual vai ser o resultado se você tomar tal decisão? Acho que parte da graça da vida é errar, não é? É fazer algo que você não sabe se vai dar certo… e acertar muitas vezes. Mas se ferrar em outras… como viver dois minutos à frente?

[CONTÉM SPOILERS]
Antes de tudo isso, apenas um comentário: a apresentação de seu poder no cassino foi maravilhoso, especialmente com a fuga extremamente calma e inteligente. As câmeras, o assalto… é tudo ótimo! E quando Johnson conhece Liz, temos as múltiplas tentativas do personagem; merece destaque as duas últimas cenas, em que em uma ele apanha do ex de Liz, e na outra se deixa apanhar; inteligente.
Quanto à relação Johnson x Liz, é encantadora. É claro que Johnson tem suas facilidades com o dom, mas… ainda assim não é tão simples, e a cena da rosa de papel pegando fogo e virando a rosa real foi linda (“Isso foi maravilhoso”, “O quê?”, “Isso”). É fácil de entender a confusão de Liz, mas é maravilhoso vê-la contar sobre Ferris para ele, e sua inteligência ao fingir tomar o suco (amo a cena em que ele prova seu dom para Liz; só um comentário); e a ação do filme começa, com o “Espere 45 segundos para fazer o que está escrito aqui”, toda a destruição, e salvamento de Ferris.
Pode demorar uma semana, ou um mês, mas se você puder esperar… eu vou te achar.
Johnson estica seus dois minutos ao máximo, e é muito bom vê-lo assistir TV e ver as matérias futuras (mesmo que dê pena dele por aquela aparelhagem toda em seu rosto). E em outra cena fantástica (“tem fogo?”) ele escapa e corre ao lugar onde a bomba será explodida (“Daqui a 2 horas, mataram a Liz…”).
E partimos para o “último ato” do filme, em que a ação principal acontece, com Johnson no comando. É legal vê-lo se recusar a colocar colete à prova de balas (e ele precisaria?), é ótimo vê-lo morrer e simplesmente voltar; e a cena dos diversos Johnsons… é toda uma sequência ótima.
E quando você acredita que tudo vai se resolver… “Eu cometi um erro. Está acontecendo”, “Quando?”, “Agora”, e temos Johnson acordando novamente ao lado de Liz, antes mesmo que ela tenha a oportunidade de conhecer Ferris; e a decisão de Chris de ajudar o FBI, desde que Liz fique em segurança, e a linda frase da “uma semana, ou um mês”.

O lance sobre o futuro é que toda vez que você olha para ele, ele muda, porque você olhou para ele. E isso muda todo o resto.

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