Stranger Things 1x04e05 – Chapters Four and Five: The Body / The Flea and the Acrobat


“It’s like Riddles in the Dark”
Com toda a competência para nos cativar, Stranger Things se aproxima depressa do fim da primeira temporada, e parece meio angustiante pensar que já estamos nos preparando para nos despedir dos personagens. Continuo intensamente apaixonado pela amizade de Mike e Eleven, mas há muita coisa interessante acontecendo na série. A trama se intensifica e nós temos um conjunto de revoluções e uma ampliação dos temas que deixa tudo ainda mais interessante. Não sabia ainda o que seria de Will Byers quando ele desapareceu. Não sabia exatamente o que significava o fato de ele estar falando com a mãe através das luzes de Natal espalhadas pela casa. Não sabia exatamente o que Eleven queria dizer ao levar os garotos para a casa dele dizendo que ele estava ali, escondido. Como uma referência ultimate à própria maneira de fazer ficção nos anos 1980 e o incrível gênero em voga, a ficção científica, nós temos a entrada de um elemento IMPRESSIONANTE no roteiro principal de Stranger Things: acabamos de começar a lidar com as ideias de realidades alternativas.
Mas isso só no Capítulo Cinco.
Chapter Four: The Body
Quando o corpo de Will Byers é retirado do lago no episódio passado, nós gostamos de sentir que há algo errado – mas eu lamento a dor profundo de Eleven pela maneira como ela é constantemente cobrada por coisas das quais não tem culpa. Me machuca vê-la sofrer e chorar. A tensão é alta no episódio enquanto a dúvida sobre o corpo (Will ou não?) nos atormenta, e ficamos como Joyce, querendo acreditar que não. “While you’re talking to lights, the rest of us is having a funeral for Will”. Como lidar com o corpo de um filho não morto? É quase reconfortante, embora ainda seja meio perturbador, Eleven conseguir sintonizar o radinho dos garotos para transmitir a voz de Will, cantando o “Should I stay or should I go now?” do episódio anterior. Ela, basicamente, canaliza Will como o Professor X. E então, para que Eleven possa caminhar entre o restante dos garotos e entrar na escola, por exemplo, eles a vestem como uma garota, inclusive com uma bizarra peruca vermelha. E Mike não resiste aos comentários que lhe vêm à cabeça ao vê-la…
“…pretty. Good. You look pretty good”.
Falando em Eleven (como Eleanor, a divertidíssima prima perdida que veio para o funeral), eu adoro como ela lida com Troy, o aparvalhado. Bem, ele é um verdadeiro BABACA. Ele ri da morte de Will durante a cerimônia na escola. Ele o chama de gay para os garotos. E Mike reage. E Eleven não deixa que ele ataque Mike. A maneira como ela o paralisa e o faz fazer xixi nas calças é SENSACIONAL. Olha aí porque amamos a El! E ela, definitivamente, consegue se aproximar de Will de alguma maneira controversa, e ela prova isso a Dustin e Lucas quando consegue transmitir a alucinante conversa de Will e a mãe naquele final surpreendente e angustiante do episódio! Joyce finalmente consegue ver Will, através da parede, como se ele estivesse ali mas não estivesse, ao mesmo tempo, e não está, quando ela destrói toda a parede atrás dele. Ali surge o primeiro indício da proposta de realidades alternativas, universos paralelos que timidamente se sobrepõem. E tudo é perpassado pelos cientistas e seus experimentos estranhos, como Shepard sendo engolido por algo que parece alienígena, mas pode ser só um portal, e Nancy recriando a foto de Barb e conseguindo ver o Monstro sem rosto.
Aquele mesmo que Joyce viu e Jonathan se recusou a acreditar.
Da cena de Hopper invadindo o necrotério e descobrindo que o corpo de Will Byers era, mesmo, falso, nós partimos para o surpreendente Chapter Five: The Flea and the Acrobat. Aqui as coisas se ampliam, as teorias tomam forma, e a ciência se mistura a Dungeons & Dragons para explicar toda a ideia do Vale das Sombras. Quando Eleven usou o Gandalf para mostrar onde Will estava, ela virou o tabuleiro do jogo, e depois os levou até a casa dele. Vazio e escuro. Upside Down. “What if he was there? What if we just couldn’t see him? What if he was on the other side? What if this is Hawkins and this is where Will is? The Upside Down”. Will estava ali, de verdade, como Eleven sugeriu, mas do outro lado. Em um Universo Paralelo. Muito próximo mas ainda assim inalcançável, de certa maneira. “A plan out of phase. It is right next to you and you don’t even see it”. Vocês percebem o quanto o roteiro da série é bem bolado para gerar toda uma nova confusão e abrir toda uma possibilidade de novas narrativas em uma proposta assustadora de universo paralelo para o qual Will Byers é levado e do qual não pode mais escapar, mas não está seguro.
Porque o Monstro está lá.
O funeral de Will Byers acontece normalmente, de forma dolorosa, enquanto Joyce tem dificuldade em lidar com tudo isso se acredita que seu filho continua ali, embora as luzes não pisquem mais e ele não se manifeste para falar com ela. Nancy e Jonathan vão atrás do Monstro, do qual agora ambos conhecem a existência – e a proposta do Universo Paralelo é efetivada no fim do episódio quando Nancy passa pelo portal sem nem mesmo saber. E é meio desesperador. Mas enquanto isso, tudo se desenvolve de forma inteligente e muito bem (ágil, em uma dinâmica deliciosa) do lado de cá ainda, com os garotos atrás do Sr. Clarke para que possam entender sobre o Vale das Sombras e como eles podem chegar até lá, teoricamente. “How do we travel there? Theoretically?” SHADOW WALKING. Algo que eles não podem fazer, mas talvez Eleven possa. A explicação do Professor é eletrizante, assim como a proposta do Mundo Invertido e a questão toda das bússolas e o “novo” Norte indicado por elas – uma fonte de magnetismo maior distorcendo-as, indicando o caminho para o Portal onde o contínuo de espaço-tempo se rompeu…
Mas Eleven não deixa que os garotos encontrem o Portal. Perigoso DEMAIS.
Acho que o final do episódio foi perfeitamente intrigante. Nós ficamos eletrizados com a maneira como tudo acontece. Nós não entendemos de fato o que significa aquela memória de Eleven na banheira, mas o poder dela parece assustadoramente intensificado naquela experiência. E sua presença em outro lugar não é meramente psíquica, se o Monstro pode ameaçá-la. E ela está tentando proteger os garotos. Lucas não tem nenhum direito de acusá-la o tempo todo de ser uma traidora e querer brigar com ela. Ainda bem que Mike está ali para defendê-la. E eu acho que Lucas bem que mereceu ser atacado por Eleven, e não me importei. De verdade. Ele estava sendo um verdadeiro IDIOTA. O grupo de parte e, infelizmente, El desaparece. É doloroso ver, novamente, o quanto ela foi usada em experiências traumatizantes que ainda mexem muito com ela e tanto a fazem sofrer. O sofrimento de Eleven é palpável e se desenrola em dois planos, do presente e do passado, e é angustiante vê-la sofrer. Desaparecida, eu não sei em que momento ela retorna, mas estou esperando por ela. Assim como estou esperando pela proposta continuada toda dos universos paralelos e o outro mundo no qual Will Byers está preso depois de toda a explosão de energia que o levou para lá.
Mais da metade da temporada, e ainda não sei muito bem onde querem chegar.
Mas sei que eu já ADORO.
E preciso de outras temporadas de Stranger Things!

Para mais postagens de Stranger Things, clique aqui.


Comentários