Avenida Q – Trilha Sonora


[Texto 03 de 03]
Encantadora.
O tipo de músicas que fica na sua cabeça para o resto da vida. E, hei! Não é todo musical que eu digo isso, e não é mesmo… porque embora alguns musicais eu ame de paixão, eu não consigo ficar escutando seu CD. Agora de Avenida Q, a gente mal precisa disso para ficar repetindo as músicas dentro de nossas cabeças. Com um estilo bastante próprio e cativante, acho que as músicas são a cara do musical, e são todas encantadoras. Queremos voltar e escutar de novo…
Que merda que eu tô.
Avenida Q é a história de como o jovem Princeton, pouco depois de se formar, vai morar na Avenida Q, que é o único lugar que consegue pagar com o pouco dinheiro que tem. Mas ali faz amizades verdadeiras e bonitas, além de enfrentar os típicos problemas do dia-a-dia, se apaixonar e conhecer histórias diversas… além de, claro, buscar um “rumo” na vida. A história, além disso, também traz muitos outros temas controversos de maneira politicamente incorreta, e isso combinado com os bonecos? É uma experiência bastante divertida e unusual.
Certamente a música que mais fica conosco até o fim é “Que merda que eu tô” (“It sucks to be me”), na qual os personagens da avenida são apresentados, cada um reclamando da vida que tem, meio que disputando para saber quem é que está pior. Isso nos guia durante todo o musical, é a melodia recorrente, inclusive a que no final vem com a letra “Tudo há de passar” (“For Now”), o que é bastante bonito… mais bonito do que isso, claro, é ver os atores com seus bonecos, por exemplo Roberto com Rod e Princeton ao mesmo tempo e Marilice com Lucy e Kate.
“Se você for gay” (“If you were gay”) é a música de Nick para Rod, e é bem divertida. Na verdade é uma bonita mensagem de amizade, ele está sendo um bom amigo, mas é mais do que tudo engraçada (“Você tem muito pra dar”). E Rod nos diverte o tempo todo com o seu tema da homossexualidade – e é incrível vê-lo se consultar com Japaneuza. Como eu ri com a história do “amigo” e com o “Ele é evangélico!”! E o momento do grande anúncio, no final, é ajudado pela plateia com o grande “oh” de “surpresa”. Simplesmente hilário!
Eu ri com a namorada do Canadá.
Especialmente o final!
Além disso, a peça ainda fala sobre racismo de uma maneira extremamente divertida e nos fazendo pensar. “Todo mundo é meio racista” (“Everyone’s a Little Bit Racist”) é ótima. Começa com Princeton e Kate, falando sobre o racismo contra monstros, depois contra negros (o Gary entra aqui), depois judeus (vez do Brian) e por fim orientais (Japaneuza). Mas não deixam as loiras e portugueses de fora… e a música é bastante instigante e ousada ao defender que todos somos um pouquinho racistas, porque já contamos uma piada dessas e seremos bem melhores quando pararmos de tentar negar isso.
Eu me diverti bastante também com Trekkie Monstro interferindo no sonho de Kate. Ela com toda sua “pureza” e esperança, planeja uma aula sobre internet para seus alunos, e ele vem falando que “A internet é pornô” (“The internet is for porn”), e a cena acaba sendo uma briga entre os dois, e fica extremamente engraçada (“Trekkie, você poderia ficar quietinho um tempo e deixar eu terminar minha música?”). Trekkie faz isso de maneira fenomenal, com piadas como: “Vocês mesmos, o casalzinho aqui da frente. Já vi muitos vídeos de vocês no XVídeos”. O musical faz isso o tempo todo, tentar arrancar as máscaras que todos carregam consigo…
“Você pode fazer um auê” (“You can be as loud as the hell you want”), quem foi que não se surpreendeu com isso? Porque quem acreditava que Kate e Princeton eram “inocentes” tem suas expectativas quebradas totalmente. A cena é deliciosa e engraçada, com os moradores da Avenida Q defendendo que você pode fazer o barulho que quiser enquanto estiver transando! E os bonecos fazendo isso é realmente surpreendente. Engraçado, divertido, mas ainda assim forte. Eu me diverti particularmente com as diferentes posições, e vocês repararam nas bocas dos atores durante o ato?
Enfim, agora você sabe porque é para maiores de 14 anos!
Se formos continuar nessa perspectiva de que o musical quer o tempo todo derrubar nossas máscaras e expor o fato de todos escondermos coisas, mas todos também as fazemos, acho que a música de Gary para Nick é ótima aqui: “Schadenfreude” é um hino de como as pessoas se sentem bem e se divertem quando os outros estão na merda. E mesmo que toda a humanidade tente esconder e negar isso, me diga: não é verdade mesmo? Você nunca riu de alguém caindo da escada, por exemplo? A maneira como isso é mostrado é inovador e divertidíssimo!
A música do dinheiro! Eu não consigo me lembrar de como ela ficou em português, mas foi uma ótima e divertida cena. Porque Princeton está começando a achar seu rumo, e decide ajudar Kate a realizar o seu sonho de abrir uma escola para monstros. Para isso começa a arrecadar dinheiro de todos os moradores da Avenida Q, e por fim todos saem para a plateia pedindo dinheiro. Na primeira fila, onde estava, fomos parados por Japaneuza… e ninguém deu nada. Ótimas piadas! “Vocês são um bando de pão-duro! Tudo meia-entrada, né?” e “Eu colaborei… o pessoal aqui não. Nadinha”.
A trilha sonora é marcante! Você certamente vai sair do teatro cantarolando alguma delas, talvez seja a “Tudo há de passar” do final, ou qualquer outra que seja… termino agora as minhas postagens sobre Avenida Q (pelo menos por enquanto), mas gostaria de deixar essa mensagem bem clara: o musical é apaixonante! Em todos seus aspectos nos cativa, seja na história, nas músicas ou nos personagens e atores talentosos… é incrível e impressionante, mereceu o título de Melhor Musical em 2004, e ainda hoje é um sucesso atemporal… recomendo a todos que puderem ver!

Curta nossa Página no Facebook: Parada Temporal


P.S.: Lembrei-me agora da cena da fita… as mensagens subliminares de Princeton para Kate e suas reações a cada uma delas é fenomenal! “Meu caro amigo, Amigo de fé, Melô do Amigão” / “Meu calhambeque, vaca profana, diabo de mulher…”. Eu ri demais com o “Vaca profana foi meio demais, né?”.

Comentários

Postar um comentário