Priscilla: a Rainha do Deserto, o Musical



Fui assistir a Priscilla duas semanas atrás, dia 09 de Junho, e o musical é incrível. Mas, com todos os comentários e críticas positivas, confesso que esperava um pouquinho mais. Não que não tenha sido bom, porque foi fabuloso, mas sei lá… enfim, o que importa é que as músicas são ótimas, envolventes, divertido, com uma história bonita (e emocionante em alguns momentos) e um ritmo acelerado e delicioso…
O musical conta a história de três drag queens (Tick, Bernadette e Adam) que se aventuram em um ônibus (chamado Priscilla), pelo deserto da Austrália rumo a uma cidadezinha do interior onde o filho de Tick (Benji) quer conhecê-lo… a história proporciona uma infinidade de clássicos da música e situações bizarras que geram muitas risadas… o humor é afiado, as danças são intensas, tudo funciona bem.
Foi o primeiro musical brasileiro a ter as músicas cantadas em inglês. E sendo como eu sou, sempre dando preferência ao original (em se tratando de filmes, sou muito maleável em se tratando de musicais) ou gostando muito do inglês, você pode pensar: ótimo, não? Mas acho que muito do musical se perdeu com essa história, sinceramente… os pequenos trechos cantados em português só estavam ali para me provar que o musical teria sido muito mais impactante completamente em nossa língua…
Mas ok.
A história é interessante. Você pode esperar muita purpurina, nenhuma discrição… mas as situações são bastante divertidas. E essa história da drag queen que casou e teve um filho no passado foi interessante… Ao menos você tentou. E o papel de Benji (embora apareça pouco) é sempre maravilhoso – sua presença alegra o palco, a criança é realmente fofa… e sua relação com o pai é linda. Vide a cena de Always On My Mind/I Say A Little Prayer, que foi a melhor cena do musical, sem dúvida… e pelo tamanho dos aplausos, assobios e gritos que eu ouvi da platéia, não fui o único a pensar assim…
Como eu já ouvi dizer: uma das melhores relações pai/filho da Broadway… mas como não se emocionar com aquele pedido de Elvis, com aquela fala de “Mamãe disse que você precisa arranjar um namorado”, aquela música emocionante, o Banana de Pijama, o exemplo do pai, o abraço terno do filho… realmente comovente… já assisti à cena (na versão original) várias e várias vezes, e é sempre muito bonito… fica a dica!
As melhores partes do musical são selecionáveis, sem tanto esforço assim: começando com It’s Raining Men (como na Broadway, mas não na versão de Londres e Austrália), o musical começa muito bem. As divas cantando no ar, um pouco mais calmamente, e é surpreendente ver os homens saindo com tudo no meio do palco, na hora do refrão. Na versão brasileira, eles estavam mais coloridos que na versão original, o que ficou interessante para a proposta do musical.
I Will Survive no fim do primeiro ato é ótima por vários motivos… começa com toda aquela história de dublagem (com uma diva cantando), e então vai juntando pessoas, vai vindo nativos, e chega Bob… é uma cena muito grandiosa, tanto em coreografia quanto em quantidade de acontecimentos, por isso é fantástico… uma bela maneira de terminar o primeiro ato, acho que esteve muito bem… e no segundo ato, a já comentada cena de Tick com o filho… LINDO!
Esperava mais interação com a platéia. Não que toda produção de teatro deva tê-la, mas pelos comentários que ouvi achei que existiria mais. Ela se resume a uns papéis caindo, umas bolas de pingue-pongue (uma das quais caiu do meu lado, mas pegaram antes de mim) e uma dança no palco… a dança no palco é no começo do segundo ato, em que alguns sobem para dançar com o elenco, achei interessante, mas é um grupo seleto e não me pareceu tão verdadeiro… embora o povo tenha se animado. Eu teria subido, se convidado.
O que importa é que o musical é ótimo. Você entra esperando por risadas, músicas conhecidas, mas se depara com algumas surpresas quando a história realmente te cativa, te encanta, te prende. E os atores precisam ter um requebrado muito bom para fazer isso tudo convincente e real… e por incrível que pareça, o musical é real; sentimos as dores com Adam, nos emocionamos, sentimos o frio na barriga com Tick ao se aproximar de Benji, nos apaixonamos ao lado de Bernadette… tudo muito bonito!
E comentário solto: o que foi aquela cena da última apresentação das três? Em que as roupas vão se transformando? Fiquei fascinado, embora claramente não fosse os mesmos atores… mas ficou muito bem feito, meus olhos brilharam… e se eu disser que na noite anterior eu tinha sonhado com algo parecido vai soar muito bizarro?
O musical está em cartaz no Teatro Bradesco (no Shopping Bourbon), em São Paulo, desde 12 de Março… não faço idéia de até quando a peça fica em cartaz, mas com o sucesso de crítica deve durar um tempo. Então, quem tiver a oportunidade de assistir, digo que vale a pena. Fui e gostei, iria de novo se tivesse a oportunidade, mas provavelmente não acontecerá. E se você ainda tiver algum preconceito, ótima oportunidade para abandoná-los e se divertir! Aproveitem, até mais!

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