O Exterminador do Futuro (The Terminator, 1984)

“I’ll be back”

Um dos grandes clássicos da década de 1980, e que deu origem a uma franquia de sucesso, “O Exterminador do Futuro” é um filme empolgante de ação e ficção científica, que tem a cara de produções do gênero da época, que nos presenteou com outros grandes clássicos como “De Volta Para o Futuro” e “Blade Runner”, por exemplo, dois filmes que eu amo. Com viagem no tempo envolvida no plot, “O Exterminador do Futuro” é o retrato de uma temática e um tema recorrentes do fim do século XX: e se as máquinas tomassem conta? Em 2029, a humanidade foi quase que inteiramente exterminada pelas máquinas, que se levantaram contra nós, mas a batalha mais decisiva dessa guerra não vai acontecer em 2029, mas em uma noite comum de 1984.

Eu gosto bastante da franquia. Embora o segundo “Exterminador do Futuro” seja o grande momento da ficção científica, lembrado e amado até hoje, o primeiro filme estabeleceu bases importantes nos apresentando Arnold Schwarzenegger no papel do implacável Exterminador, um ciborgue poderoso que não vai parar até completar a sua missão, que é enviado mais de 40 anos ao passado para matar Sarah Connor, já que seu filho, John Connor, que ainda não foi nem concebido, será uma figura importante na guerra contra a Skynet no futuro. Em paralelo, Kyle Reese, um humano menos poderoso, mas com mais informações que o Exterminador, também é enviado a 1984, com a missão de proteger Sarah Connor e garantir que as coisas no futuro continuem como são…

Ideais? Não. Mas com chances, ao menos.

O filme pode parecer um filme primordialmente de ação, para olhares menos atentos que adoram os tiros para todos os lados (e realmente ganhamos excelentes sequências de ação durante o filme!), mas ele flerta com a ficção científica o tempo todo, e é isso o que mais me fascina… todo o conceito do filme gira em torno de um novum de ficção científica que funciona muito bem, e somos até apresentados ao ano de 2029 – um lugar nada glamoroso, já que estamos em um mundo pós-apocalíptico em que os poucos humanos que restaram vivem em condições absurdas, escondendo-se de exterminadores dispostos a acabar com a raça humana de uma vez por todas. Propositalmente, não é um lugar atrativo, assim como o futuro de “Matrix” não é.

A protagonista do filme é Sarah Connor – a mulher que não apenas dará à luz a uma das figuras mais importantes da guerra contra a Skynet, mas que também será uma revolucionária importantíssima sem quem os humanos não teriam a menor chance. Por isso, ela precisa ser protegida. Quando duas outras Sarah Connors são assassinadas naquela noite, ela percebe que está correndo perigo, mas é incerto se a polícia ou qualquer pessoa será capaz de mantê-la segura, quando o Exterminador vier até ela… por isso, sua única esperança é o misterioso homem que diz ter vindo do futuro, Kyle Reese, em quem ela precisa confiar se quiser ter qualquer chance de sair com vida daquela noite… mesmo que as coisas que ele diz não pareçam fazer sentido a princípio.

Gosto de como o filme estabelece essa relação intensa entre Sarah Connor e Kyle Reese, que se conheceram de verdade por apenas uma noite, mas que viveram bastante naquelas poucas horas aflitivas. Com todo o absurdo que está vivendo, Sarah está inclinada a acreditar nas histórias sobre John Connor, que deu uma chance aos humanos, e a Sarah Connor do futuro, embora ela não goste de ouvi-lo falar no passado sobre coisas que ela ainda não fez… enquanto lidam com uma caçada implacável, repleta de tiros, mortes e perseguições de carro (!), Sarah e Kyle também encontram tempo para se conectar, se apaixonar e ter uma única noite de amor, importante para a preservação do futuro como sabemos que ele é, porque é a noite em que John Connor é concebido.

Ah, as peculiaridades da viagem no tempo.

Com 100% de aprovação da crítica e 89% de aprovação do público no Rotten Tomatoes, “O Exterminador do Futuro” se sobressai em sua capacidade fascinante de agradar públicos que podem, mas nem sempre coincidem: é uma excelente e interessante ficção científica, com conceitos bem simples e trabalhados com competência, bem como também é um ótimo filme de ação, com o Exterminador garantindo uma caçada de tirar o fôlego… ainda que alguns efeitos do último ato do filme não tenham envelhecido tão bem, conceitualmente é um espetáculo, porque temos a chance de ver o ciborgue lutando como uma máquina, e é a própria Sarah Connor quem precisa se salvar sozinha, depois de Kyle Reese ter feito tudo o que podia por ela e perecido contra o Exterminador.

Agora, Sarah Connor está sozinha, grávida e sabendo da importância que ela e seu filho, John Connor, terão na batalha contra a Skynet – eles são a última esperança da humanidade, em uma guerra contra as máquinas. “O Exterminador do Futuro” é a porta de entrada para uma franquia promissora, com um vasto leque de possibilidades a serem exploradas… é interessante como um filme razoavelmente simples, mas extremamente competente, consegue instituir tantos detalhes que sabemos que ainda podem ser explorados sem parecer exagero: a viagem no tempo em si, a relação de Sarah e John Connor, o surgimento da Skynet e o início da guerra de humanos contra máquinas, a resistência humana… e o segundo filme, de 1991, é a prova de que “O Exterminador do Futuro” merecia/precisava de uma sequência.

 

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