Fellow Travelers 1x02 – Bulletproof

“Doesn’t matter. I’m home now”

Profundamente melancólico, “Bulletproof” talvez tenha sido um episódio ainda mais triste do que a estreia de “Fellow Travelers”, conforme nos aprofundamos no inferno da administração de McCarthy e a extensiva e opressora caça à homossexualidade, que destruiu tantas vidas… se hoje em dia a comunidade LGBTQIA+ vive diariamente com o preconceito e lutando por direitos básicos que nos são negados, a realidade nos Estados Unidos da década de 1950 era ainda mais assustadora. Assim, o episódio traz, além da história de Hawkins Fuller e Tim Laughlin, a partir de um momento em que Hawk começa a se afastar de Tim para garantir a própria segurança, a história de Mary e de Caroline e uma resolução deprimente… não há final feliz possível para “Fellow Travelers”.

Enquanto afastado de Tim, temos a oportunidade de acompanhar um pouco mais de Hawkins Fuller, tanto em sequências políticas quanto em sequências familiares, que o estão lentamente empurrando em direção à Lucy, com quem já sabemos que ele se casa, porque “já estivemos” na década de 1980 também. A cena com o pai é certamente uma das mais fortes da série, porque todos parecem esperar que ele faça um pedido de desculpas, quando o pai é a pessoa mais asquerosa e mais preconceituosa possível, e ouvi-lo falar com Hawk me causou uma revolta e uma tristeza tão grandes! Não acho que Hawk tenha errado em não fazer aquele pedido de desculpas… Hawk pode estar “errado” em muitas coisas, mas a relação com o seu pai não é uma delas.

Sem muita informação sobre Hawk, Tim acaba se aproximando de Mary, a garota com quem ele está “saindo” para não despertar suspeitas, e ele acaba descobrindo que Mary é lésbica e divide um apartamento com a sua namorada, que, para as pessoas de fora, é “apenas a sua colega de quarto”. Tim ganha uma cena tão linda com Mary e com os amigos queer dela, mas é uma beleza que acaba se transformando em melancolia conforme a história avança… naqueles poucos minutos, no entanto, senti uma alegria tão imensa por Tim, foi tão bom vê-lo sorrir, ver como ele estava livre, solto, feliz. O que torna a cena paradoxalmente triste é o fato de que aquela é uma alegria “escondida”, uma alegria injustamente condenada e que não pode durar muito tempo.

Como o roteiro bem faz questão de lembrar.

Caroline acaba sendo denunciada por algum babaca do trabalho com quem se recusou a sair e, então, ela e Mary são interrogadas e precisam provar que não são namoradas se não quiserem ser condenadas, em uma das cenas mais absurdas e revoltantes da série. E quando Hawkins fica sabendo disso tudo, ele faz Tim escrever uma carta a Mary, como se estivesse terminando com ela, para “se afastar” dela e tirar um possível alvo de suas costas… e Hawkins garante que isso também vai ser útil par a Mary, que vai usar isso para “escapar” e colocar toda a culpa sobre Caroline. Tim não quer acreditar que ela faria isso, porque ela a ama, mas Hawk garante que ela fará – e ela faz. Infelizmente, é a realidade daquela época, aparentemente, e isso é uma dica a Tim…

Hawkins sabia o que Mary faria. Ele faria o mesmo.

Ainda assim, Tim consegue se afastar dele?

O episódio também nos apresenta um pouquinho da década de 1980, com Hawkins tentando visitar Tim em seu possível leito de morte, e ele acaba subindo para falar com ele, mesmo sem um convite apropriado – ele veio até ali, ele não quer voltar embora sem ver Tim, o homem que ele possivelmente amou, com quem “não pôde” ficar e por quem foi infeliz durante toda a vida… e Tim acaba o recebendo melhor do que eu imaginei que receberia; acho que o que eles viveram foi intenso demais para ser deixado de lado. Na década de 1950, no entanto, Tim procura novamente a igreja para se confessar, em uma cena que vai na direção inversa do grande passo dele no episódio anterior: dessa vez, ao confessar o seu “pecado”, Tim diz que ele está arrependido.

É tão doloroso ouvi-lo dizer aquilo!

 

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