Doctor Who: Season Five (2010) – Part 4


“You’re being so nice to me. Why are you being so nice to me?”
Amelia Pond, aos 7 anos, seria uma EXCELENTE companion. Uma garota determinada, sonhadora e que acreditava. Que esperava. Eu acho que seria bastante interessante termos mais tempo daquela pequena Amelia Pond, como temos em The Eleventh Hour e, depois, na finalização da temporada. Queria vê-la na TARDIS. Como criança, me parece que ela funcionaria bem melhor como companion do que adulta. Amy Pond, infelizmente, não é das melhores companions que Doctor Who viu desde seu retorno (vocês sabem, minhas duas favoritas são, sempre, Donna Noble e Clara Oswald), e essa temporada apresentou, no mínimo, outros três companions em potencial que teriam gerado ÓTIMAS histórias caso tivessem embarcado definitivamente na TARDIS. É o caso de Vincent, em Vincent and the Doctor, Nasreen, em The Hungry Earth e Cold Blood e, claro, Craig, em The Lodger! A importância de Amy é evidenciada pela maneira como ela pode trazer as pessoas de volta por se lembrar delas, mas me parece que Rory Williams, por exemplo, ganhou uma história muito mais interessante e elaborada que a dela.
Embora seja de extrema devoção a Amy.
Os Silurians são trazidos de volta da série clássica no two-parter que começa com The Hungry Earth. Estamos em 2020, 10 anos no futuro do ponto de vista de Amy e Rory, e não é o Rio de Janeiro. Enquanto o Doctor e Amy são levados para investigar o caso do homem que foi engolida pela Terra, o Rory fica para trás e é confundido, pela família desse mesmo homem, com um policial, porque ele voltou para trás deixar o anel de Amy de volta na TARDIS. Amy é depressa levada também, enquanto Rory nos apresenta Elliot, um menininho inteligente que seria outro ótimo companion para o Doctor! A explicação dele, por exemplo, sobre como os corpos só podem estar sendo roubados de baixo é excelente! “When you’ve eliminated the impossible, whatever remains – however improbable – must be the truth. […] Sherlock Holmes”. Pessoas inteligentes deviam ser promovidas a companions. Instantaneamente. Até porque eles não receberiam respostas tão marotas do Doctor como “Excuse me, I’m making perfect sense. You’re just not keeping up”.
Mas é verdade.
Falo de Elliot como companion e ainda nem mencionei a interação dele e do Doctor, que eu adoro. Acontece que o Doctor de Matt Smith tem uma boa relação com crianças – foi Amelia Pond, ainda criança, o primeiro rosto que o Eleventh viu, por exemplo. Elliot é disléxico, e o Doctor o incumbe de trabalhos que o tornam essencialmente importante, depois de prometer que traria seu pai de volta. O “Oh, that’s okay. I can’t make a decent meringue. Draw like your life depends on it, Elliot” foi absolutamente FOFO! E é bacana NÃO termos a Amy, porque isso abre espaço para o Doctor trabalhar com Rory, e ainda para coadjuvantes perfeitamente interessantes que me fazem pensar nos coadjuvantes incríveis que enchem os Especiais de Doctor Who. Destaco não só Elliot, mas também Nasreen. Embora acredite que ele daria um companion ainda melhor, com toda sua inteligência e, por fim, semelhança com o Doctor. Pegue, por exemplo, a cena dos dois trabalhando juntos… só faltou mesmo ser dentro da TARDIS.
“Is it monsters coming? Have you met monsters before?”
“Yeah”
“Are you scared of them?”
“No. They’re scared of me”
Nasreen entra como candidata a companion quando se infiltra na TARDIS. “The blue grass. Oh Nasreen. Those trace minerals weren’t X marking the spot, saying ‘dig here’. They were a warning: ‘Stay away’. ‘Cause while you’ve been drilling down, somebody else has been drilling up”. Depois que o Doctor e Rory conseguem prender Alaya como refém (após o crossover com Under the Dome), o Doctor explica quem são os Silurians: “They’re not aliens! They’re Earth… liens. What’s known as the Silurian race or, some would argue, Eocenes. Or homo reptilia. Not monsters. Not evil. Well, only as evil as you are. The previous owners of the planet, that’s all”. É interessante que eles não sejam, de fato, alienígenas, mas sim apenas outra raça que já habitou a Terra e, atualmente, se esconde no núcleo do planeta. Que é para onde o Doctor está indo e Nasreen o convence de levá-la junto. “Ah. Maybe more than a dozen. Maybe more like an entire civilization living beneath the earth”. E onde eles encontram todo aquele número de Silurians.
Que comece a segunda parte.
Não tenho certeza se era um episódio que precisasse de duas partes para contar sua história, mas até tem uma proposta razoavelmente interessante. Ao mesmo tempo em que o Rory assume uma confiança extrema no Doctor (“I promise you, Ambrose, I trust the Doctor with my life. We stick to his plan”), somos levados a questionar a própria humanidade, quando Rory tenta falar em seu nome, mas Ambrose já evidenciou como os humanos podem ser ao matar Alaya. Amy e Nasreen tentaram ser Embaixadoras da Terra e negociar com os Silurians um retorno à superfície, que foi desandada porque Ambrose matou um dos Silurians. Ainda bem que eles tinham, lá embaixo, um líder bom e racional, que fez o acordo com o Doctor de tentar, novamente, em 1000 anos, tempo no qual a humanidade teria tempo de se preparar. E Elliot foi quem entendeu o que precisava ser feito. E tudo estava se encaminhando lindamente para um final calmo, não fosse a fenda, maior do que nunca, aparecendo lá embaixo quando o Doctor tinha segundos para salvar a todos com a TARDIS.
“It’s getting wider. [The crack on my bedroom wall] And the Byzantium. All through the universe, rips in the continuum. Some sort of space-time cataclysm. An explosion maybe. Big enough to puc cracks in the universe. But… what?” – o tema musical da temporada, triunfante e épico, caracteriza o momento impactante que se segue. Não podia acreditar ou aceitar o fim que Rory Williams levava, enquanto eu culpava Amy por saber que o roteiro só insistia em fazer essas coisas para que ela aprendesse a valorizá-lo. Foi bem ruim quando ele tomou um tiro para salvar o Doctor, mas foi pior vê-lo sendo tomado pela luz que saía da rachadura, enquanto Amy chorava desesperadamente, e nós sabíamos que se a luz realmente o levasse, ele seria apagado da existência e jamais ao menos teria nascido. Ninguém se lembraria dele. Foi desesperador ver a Amy se esquecendo dele. Ela não queria se esquecer dele, e o Doctor tentou impedir. Flashes de cenas fofas e lindas de Amy e Rory passaram pela mente dela, o Doctor agiu intensamente, nos surpreendendo, mas a TARDIS, por fim, a distraiu. E então o Rory tinha partido.
Doía saber que o Rory nunca existiu. Ver que Amy não se lembrava dele e que ela estava bem. Que ela estava animada na TARDIS, que queria ir ao Rio, que via o seu eu do futuro sozinha. Eu não a culpei, porque ela não queria esquecê-lo. Mas aconteceu. Mas quando o anel de casamento caiu, nós aplaudimos. Porque aquele momento no início do episódio passado se provava importante. O Rory retornou à TARDIS para guardar o anel por um motivo do roteiro, e era bom pensar que tudo ficaria bem. Porque nós sabemos que ainda teremos o Rory futuramente. Enfim, já havia sido trazido pelo Doctor o conceito de que, se alguma coisa pode ser recordada, ela pode ser trazida de volta. E isso é essencial e não diz respeito apenas ao Rory. Ah, a fenda ainda tem uma coisa: contida do lado de lá, a luz entrega ao Doctor um pedaço queimado e explodido da TARDIS.
O que é bem macabro.
Amy, felizmente, já cresceu como personagem e companion para que possa, mesmo sem Rory Williams por alguns episódios, ser legal de acompanhar. Ela não retoma, por exemplo, a paixonite que tinha pelo Doctor no começo da temporada, talvez justamente por sentir o que não sente e não sabe que está lá. Vincent Van Gogh sabe, por exemplo, que ela sente o que nem ela mesma sabe. “Oh Amy, I hear the song of your sadness. You’ve lost someone I think”. Vincent and the Doctor é singelo e emocionante. Ele começa timidamente, levando o Doctor e Amy Pond a uma exposição de Van Gogh, e vai crescendo misturando o épico ao divertido e, por fim, tocante, na construção final que nos leva às lágrimas. Sou quase disposto a abandonar toda a jornada aventuresca do meio do episódio pela finalização bonita que dispensa qualquer uma dessas coisas – ela é essencialmente humana, para ser sentida. E, se vista, vista pelos olhos de Van Gogh, como o bonito momento em que ele se deita na grama, segura as mãos do Doctor e de Amy, e lhes permite ver o mundo como ele vê. E assim, permite que nós o vejamos também.
Uma belíssima homenagem!
O Doctor leva Amy para conhecer Van Gogh, e é bacana conhecermos o personagem de uma forma diferente daquela que, às vezes, esperamos ver. E ele percebe tudo muito intensamente, vendo mais do que a maioria das pessoas vê – como a tristeza de Amy ou o Krafayis. Daí suas pinturas. Gostei da diversão que foi ter o Doctor entediado com o tempo linear enquanto precisa esperar o Vincent pintar a Igreja, enquanto fala de Michelangelo (“Se tem medo de altura, não devia ter aceitado o trabalho!”) e Picasso. Foi tudo tão bonito, tão emocionante. Repleto de ternura e bons sentimentos, o episódio também é melancólico e profundamente tocante. Por exemplo, quando Vincent está se despedindo do Doctor, ele o coloca dentro da TARDIS e faz por ele uma coisa muito linda que dificilmente ele aceita fazer: o leva a 2010, no Museu, para que ele veja sua exposição e o grande pintor reconhecido e amado que ele se tornou. É perfeitamente emocionante ver a expressão encantada de Vincent olhando sua própria galeria, enfim valorizada. Vê-lo discretamente escutar o que o Dr. Black estava dizendo e se emocionar, caindo em lágrimas tão verdadeiras, comoventes e reais. É uma interpretação arrepiante que transmite uma veracidade impressionante. Chorei com Van Gogh (porque aprendemos a adorá-lo!) pela alegria que é ver seus olhinhos brilharem de renovada energia. Vê-lo mais feliz do que ele achava que podia ser!
Muito obrigado, Doctor, por fazer isso pelo Vincent e pela gente!
“Um, big question, um, but to me, Van Gogh is the finest painter of them all. Certainly the most popular great painter of all time. The most beloved. His command of color, the most magnificent. He transformed the pain of his tormented life into ecstatic beauty. Pain is easy to portray but to use your passion and pain to portray the ecstasy and joy and magnificence of our world. No one had ever done it before. Perhaps no one ever will again. To my mind, that strange wild man who roamed the fields of Provence, was not only the world’s greatest artist but also one of the greatest men who ever lived.”
O quadro final dedicado a Amy! <3
Por fim, vou comentar sobre CRAIG! Em The Lodger, conhecemos depressa um dos personagens mais adoráveis que já foram escritos para Doctor Who. Craig é absolutamente fofo e encantador, e o Doctor se muda, subitamente, para um quarto vago que ele anuncia no jornal. Quase completamente sem Amy, o episódio funciona muito bem só com o Doctor e seu novo companion: Craig. E o Doctor de inquilino também é muito fofo, tentando ser normal, mas sendo engraçado e estranho. Tudo é tão cheio de carisma, dinâmica e química que nós adoramos a dupla de Doctor e Craig BEM DEPRESSA. Temos, ainda, o Doctor nu para salvar o Craig com sua escova de dentes, o futebol, a fofura do romance de Craig e Sophie que só não anda porque ambos são tímidos demais, o Doctor falando com gatos, os 3 dias mais estranhos da vida de Craig, o Doctor cuidando de Craig com chazinho quando ele fica doente e o Doctor substituindo o Craig no trabalho.
É TUDO TÃO FOFO!
Mas o Doctor só se torna inquilino de Craig porque há algo estranho acontecendo no segundo andar – algo tão estranho e poderoso que não deixa que a TARDIS aterrisse com Amy. E com toda a sintonia impressionante do Craig e do Doctor, as batidas de cabeça funcionam para que o Doctor passe a ele informações. De forma nada sutil. Temos os flashes dos outros Doctors (eu sempre ADORO!) e o Doctor apontando para ele mesmo: “Eleventh!” A cena do Craig tentando assimilar tudo o que recebeu foi ótima, suas expressões todas! Comecei a campanha #CraignaTARDIS. Estranho pensar que tanta gente na temporada teria sido um companion melhor que a Amy. A história do segundo andar da casa de Craig ser uma nave alienígena tentando fugir e precisando de um piloto (o que matou 17 humanos que tentaram) e o excelente “It’s a one story building. There’s no upstairs” me parecem em segundo plano se avaliarmos a dinâmica perfeita daqueles dois protagonistas. E quando o Craig coloca a mão para salvar o Doctor e diz “Geronimo!” não podia mesmo ser mais perfeito.
Feitos um para o outro!
E Sophie e Craig se acertando e se beijando foi LINDO.
Craig esteve na mente do Doctor, o conhece de verdade. Olha que companion perfeito.
The Pandorica will open. Silence will fall.

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