Star Trek: Sem Fronteiras (Star Trek Beyond, 2016)


Definitivamente boldly going where no one has gone before.
Assim como o seu antecessor, Star Trek Beyond começa no meio de uma ação frenética que nos dá uma ideia das coisas que estão acontecendo na Enterprise no tempo em que passamos separados de sua tripulação, e então o Capitão James T. Kirk começa o seu Diário de Bordo e consequente desabafo. Eu acho uma introdução deveras FASCINANTE, afinal, a localização da história dentro da Mitologia completa de Star Trek é muito definida e extasiante. Se Into Darkness nos colocou, ao fim do filme, exatamente no início da série clássica, lá em 1966, a Beyond foi concedida a tarefa de, de alguma maneira, continuar de onde paramos. Afinal de contas, “Essas são as viagens da Enterprise, em sua missão de cinco anos”, e apenas três desses anos foram exibidos na TOS, antes que a série fosse cancelada. Desse modo, Capitão Kirk deixa muito claro desde o início sua localização: três anos depois do início da missão de cinco anos da Enterprise. Astuto. E então você sabe que está de volta ao Universo de Star Trek e o seu coração dispara loucamente. Eu sou um apaixonado irremediável, não posso e nem quero negar.
ADORO Star Trek.
Por isso também, devo dizer que a longa sequência que começou depois do Diário de Bordo foi aterradora. Nós tivemos que assistir a um doloroso desmantelamento da adorada Enterprise, de forma brutal. Caindo em uma armação óbvia (mas talvez buscando a aventura que tanto queria, na sua vida agora tediosa a bordo da Enterprise), James T. Kirk leva a Enterprise ao encontro de seu fim quando eles são cruelmente atacados por uma população que não acredita na Frota Estelar, e defende que a paz e a união são farsas pregadas por ela, tentando, assim, estancar sua expansão de fronteiras. Beira o abominável. É após a queda da Enterprise que a história realmente se desenvolve e a ação se centra em um planeta, mas é angustiante ver a nave se destruindo tão além de qualquer esperança de reparo. E a cada batida, a cada quebra, parece-nos que estamos sendo atacados também. Mas o filme tem um clima FENOMENAL, com uma dinâmica incrível e um fôlego que nunca acaba; ele já começa com cara de clímax de filme, apostando em eletrizantes cenas de ação, praticamente do começo ao fim.
Você fica extasiado, eufórico.
No planeta, nós temos três histórias simultâneas se desenvolvendo, a princípio. Assim, acompanhamos o Capitão Kirk e Pavel Chekov em uma interessante parceria que eu adorei, até caírem em uma armadilha montada por Jaylah. Jaylah, por sinal, é brilhantemente apresentada ao lado do divertido Montgomery Scott (Scotty), como uma improvável e intensa aliada que encontrou e mora dentro da USS Franklin abandonada e parcialmente destruída. Por fim, temos Spock e Leonard McCoy (Bones) em uma interessantíssima dupla que apresenta uma dinâmica e uma química incríveis durante o filme. No início, McCoy está cuidando de seus ferimentos e impedindo que ele morra, o que envolve até o uso de uma gíria por Spock. Depois, a divertida parceria dos dois é reprisada na parte do presente que o Spock deu a Uhura, e os julgamentos de McCoy; quando Spock o obriga a ir com ele ao ataque a Yorktown (“He’s gonna love it”) e nos olhares para o colar de Uhura no final. Foi uma dupla digna que funcionou incrivelmente bem, achei fascinante. No entanto, precisamos elogiar, de forma geral, a atuação de todo o elenco, realmente fenomenal, e eles fazem toda a diferença para que amemos Star Trek, porque AMAMOS esses personagens.
Quando as coisas voltam a um só foco, nós temos a união de Jaylah, Scotty, Kirk, Chekov, Spock e McCoy na USS Franklin, planejando a retirada do restante da tripulação, mantida prisioneira por Krall. E é, novamente, eletrizante. Com excelentes efeitos visuais e, novamente, belíssimas atuações, nós temos outra cena cheia de ação enquanto a tripulação é resgatada nos teletransportes da USS Franklin. É arrepiante como, por exemplo, James T. Kirk e Jaylah ficam por último, e ele, em movimento em cima da moto (como distração), é captado pela nave, e então avisa Jaylah que o momento tem que ser aquele, ao qual eles pulam, as mãos se encontram no ar no último segundo, e ambos caem com estrondo na sala de teletransporte da USS Franklin e então você se lembra que você precisa respirar. São momentos rápidos e impressionantes como esse que nos ajudam a marcar o filme em nossas mentes e, portanto, merece ser elogiado. Então nós nos encaminhamos pra a grande finalização do filme, com um clímax final que, ainda, tinha muito a explicar, como as motivações de Krall.
Mas tudo vem, e vem de forma espetacular.
O ATAQUE A YORKTOWN.
Quando Krall parte para o ataque a Yorktown, a USS Franklin definitivamente volta a vida (em uma cena que está entre o angustiante e o divertido – o que é dar tranco em carro perto disso?) e a tripulação da Enterprise (seu grande diferencial) sai bravamente em defesa do lugar, inclusive usando como arma uma música, “alta e barulhenta”, que possa atrapalhar as comunicações das pequenas porções do ataque de Krall. É FENOMENAL. Além de a música (como toda a trilha sonora) darem um toque distinto e memorável à cena, ainda há aquelas piadas do estilo “Isso é música clássica?” “Eu acredito que sim, capitão”. O QUE FOI UM MÁXIMO! Tudo no último clímax do filme funciona bem, da luta na gravidade incerta entre Kirk e Krall, até toda a resolução da identidade de Krall (Capitão Balthazar Edison, da USS Franklin) e suas motivações (um soldado recrutado pela Frota Estelar, não aceita que eles os mandem para fazer pazes com os inimigos, e por isso continua lutando, mesmo depois de vencer a Guerra, perdendo completamente a noção de quem é). É razoavelmente simples como Kirk vence dele, mas é a mensagem que importa.
Precisamos mudar. De outra forma, passaremos a vida toda lutando as mesmas lutas.
O filme termina nos deixando melancólicos por precisarmos, mesmo, deixar o cinema, mas é incrível. Kirk tinha a vontade de deixar a Enterprise e ficar em Yorktown. Ele muda de ideia. Spock se achava no dever de continuar o trabalho do Embaixador Spock (Leonard Nimoy) na Nova Vulcano quando ele morreu, mas a maneira como salvou Kirk no fim (“Eu não sei o que seria de mim sem você, Spock”) o fazem mudar de ideia, olhando melancolicamente para uma foto do elenco clássico da série, QUE É DE ARREPIAR! O final é lindo, conta com um momento de descontração da tripulação em Yorktown, cada um fora de seus uniformes, próximos de suas versões “reais”, e é bom ver personagens como Uhura, Sulu e Chekov em suas roupas fora da Frota Estelar, que não é algo habitual. Mais uma vez, a união deles é o que importa, é sua força, e o diferencial da Enterprise – que, por sinal, é reconstruída ao término do filme, de forma linda. As frases da abertura da série clássica, ditas novamente no fim do filme, dessa vez são compartilhadas pelos principais atores de Beyond, e aquilo me emocionou mais que tudo.
Saí do cinema quase às lágrimas.

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P.S.: Obrigado Leonard Nimoy e Anton Yelchin por suas belíssimas participações em Star Trek. Que vocês descansem em paz.

Comentários

  1. Só uma adendo. A enterprise não é reconstruida. Aquela era outra nave que estava sendo construida na doca da Yorktown e citada pela Comodora Paris a Kirk. Como sempre ela é rebatizada de Enterprise. Confesso que nucna gostei de ve-la sendo destruida e me lembro como se fosse hoje da sensação de perda que senti quando assisti "A procura de Spock". Vale ressaltar a mudança radical de foco nessas novas versões onde a tripulação é o foto central quando em TOS era claro que o personagem principal e grande amor de Kirk era, a nave!

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