Doctor Who (1ª Temporada, 1964) – Arco 008: The Reign of Terror, Parte 1

Revolução Francesa!

Escrito por Dennis Spooner e dirigido por Henric Hirsch, “The Reign of Terror” é o oitavo e último arco da primeira temporada de “Doctor Who” e foi exibido entre 08 de agosto e 12 de setembro de 1964, antes da primeira pausa da série. Dessa vez, o Doctor parece estar determinado a levar Barbara e Ian de volta para casa, mas pilotar a TARDIS, apesar do que ele diz, não é algo que o Doctor sabe fazer assim tão bem, claramente… então, a nave acaba os levando para a França do Século XVIII, durante a Revolução Francesa. Assim como “Marco Polo” e “The Aztecs”, temos aqui mais um excelente arco histórico, e eu gosto muito de como a série consegue equilibrar as histórias que está contando, partindo de um arco de ficção científica no Século XXVIII para um arco histórico no Século XVIII.

A primeira parte da história, “A Land of Fear”, traz um embate tão persistente entre o Doctor e o Ian que é inevitavelmente divertido de se acompanhar. O Doctor parece ultrajado com a “sugestão” de que ele não sabe como pilotar a TARDIS direito, e está disposto a provar a Ian que ele está errado a seu respeito, levando-o para casa, e o Ian mantém-se cético até o fim: a dinâmica do Ian provocando e o Doctor sendo rabugento é algo que funciona incrivelmente bem e nos arranca boas risadas… e, no fim, digamos que o Ian estava certo? Não que o Doctor vá querer admitir nem nada, mas o Ian não deixa passar nenhuma chance de provocá-lo quando percebe que eles estão no tempo e no espaço errado – e que, portanto, ainda não é hora de voltar para casa.

O curioso de toda essa dinâmica é a evolução dos personagens – essencial, se pensarmos que estamos no último arco da primeira temporada e muita coisa aconteceu desde que as viagens de Barbara e Ian começaram. Em uma conversa apenas com Barbara, Ian confessa que talvez não esteja desapontado que o Doctor não tenha conseguido levá-los para casa, enquanto o Doctor, sempre curioso, resolve explorar os arredores. Estar no meio da Revolução Francesa, no entanto, pode colocá-los em perigo, é claro, e é exatamente o que acontece já na primeira parte da história… Susan, Barbara e Ian acabam sendo presos como traidores, e descobrem que serão levados para Paris, para serem executados na guilhotina (!), enquanto o Doctor é atacado e fica para trás, em uma casa pegando fogo

Na segunda parte da história, “Guests of Madame Guillotine”, tememos pelo destino de todos os viajantes da TARDIS. Enquanto o Doctor, desacordado, espera por um resgate, Susan, Barbara e Ian chegam a Paris e são colocados em celas separadas, enquanto esperam que tudo seja arrumado para a sua execução… Ian recebe um recado de um companheiro de cela moribundo, que pede que ele procure por James Sterling, enquanto Barbara e Susan tentam fazer algo para escapar, como cavar um túnel e esconder o avanço com os cobertores da cela, o que proporciona um momento tenso no qual elas quase são descobertas pelo carcereiro, mas elas acabam desistindo no fim das contas, por causa dos ratos, e terminam o episódio sendo mandadas para a guilhotina…

O Doctor, por sua vez, ESTÁ MARAVILHOSO – e eu sinto que ESSE É O SEU ARCO! Depois de ter a sua vida salva pelo pequeno Jean-Pierre, o Doctor começa sua longa caminhada até Paris, porque ele precisa salvar os amigos, mas, no meio do caminho, ele acaba encontrando um cara que está fazendo outros trabalharem feito escravos, e acaba ficando “preso” a um trabalho braçal exaustivo ele também… até pensar em algo para escapar. Toda a artimanha do Doctor para não apenas escapar, mas levar com ele todos os demais é simplesmente espetacular. O Doctor trabalha com astúcia e dissimulação, falando de eclipse para distrair o homem e roubar uma moeda sua, que depois ele finge ter encontrado enquanto trabalha, o manipulando de maneira perfeita.

Sério, eu sou fã dessa faceta do Doctor!

E se eu digo que esse é o arco do Primeiro Doctor, o terceiro episódio do arco, “A Change of Identity”, é, talvez, a maior prova disso, PORQUE O DOCTOR ESTAVA IMPECÁVEL. O Doctor finalmente chega a Paris e o que ele vai fazer? Ele vai às compras. Naturalmente, ele tem um bom motivo para isso: ele precisa conseguir informações sobre a prisão do lugar, e precisa de uma roupa nova para se passar por um oficial importante que chega à cadeia com voz de autoridade, perguntando sobre os “traidores” e, consequentemente, descobrindo o que aconteceu com os seus três companions. O mais legal da cena é que o Doctor está muito confiante e parece estar se divertindo interpretando “outro” personagem, e isso rende momentos muito hilários!

O Doctor descobre, assim, mais ou menos o que aconteceu aos demais, mas não sabe bem onde eles estão, mas devem continuar em algum lugar de Paris… Ian conseguiu escapar, e ele teve uma sequência muito boa com a chave que o carcereiro esqueceu na porta de sua cela; Susan e Barbara, por sua vez, foram levadas para a guilhotina e conseguiram escapar por pouco, porque foram resgatadas por Jules, Danielle e Jean – um grupo que já salvou muitas vidas desde o começo da Revolução, aparentemente. No dia seguinte, elas poderiam sair da França, para não serem pegas novamente, mas elas não podem fazer isso… não enquanto não conseguirem salvar, também, o Ian, e enquanto não descobrirem o que aconteceu com o Doctor, de quem não têm notícias há algum tempo…

 

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