Harry Potter and the Cursed Child, Part 1 – Act 2 (Texto 1 de 2)


AS MARAVILHAS E OS PERIGOS DA VIAGEM NO TEMPO.
Bem, é muito gostoso pensar que agora, quase 10 anos depois, estamos novamente lendo uma história oficial de Harry Potter e ela envolve viagem no tempo. É quase um crossover com Doctor Who em alguns momentos, e eu adoro isso! Já tivemos viagem no tempo na saga, em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, quando o conceito foi primeiramente introduzido. Mas agora ele retorna em peso quando Albus Potter arma todo um plano depois de escutar Harry Potter conversando com Amos Diggory sobre salvar Cedric Diggory na última edição do Torneio Tribruxo. Um pouco para fazer o certo e mais ainda para desafiar o pai. E Scorpius Malfoy vai estar junto para ajudá-lo. Então enquanto Harry Potter sonha que está de volta na casa dos Dursley sob a escada, sonhando com a morte dos pais onde surge a mentira sobre o acidente de carro e com o filho, na Floresta Proibida vestido com as roupas de Durmstrang, Albus, Scorpius e Delphi estão se preparando para voltar no tempo.
E é eletrizante.
Devo confessar que, nesse segundo ato, a viagem no tempo VERDADEIRAMENTE me chamou a atenção. Mas isso ainda não desviou a minha mente de toda a carga emotiva da história, que ainda permanece muito forte em várias e várias cenas impactantes. Mas é menor a ênfase na relação de Albus e Harry, de certa maneira. Rose Granger-Weasley aparece pouquíssimo. Nós temos um enfoque bonito na amizade de Albus Potter e Scorpius Malfoy, até então a relação mais marcante de toda a peça. Parece que Harry Potter and the Cursed Child é sobre a amizade desses dois, e ela não pode ser desfeita. O primeiro balanço acontece quando Delphi tenta ajudar Albus com feitiços, e ele vai melhorando, e Scorpius observa. “SCORPIUS appears at the back of the stage. He looks at his friend talking to a girl – and part of him likes it and part of him doesn’t”. Albus Potter é o único amigo que Scorpius Malfoy tem e a amizade dele é importante demais em sua vida para que ela seja esquecida por causa de uma garota.
É isso o que ele teme?
Mas a amizade dos dois é genuína e bonita. Quando Scorpius fala sobre Hogwarts, com uma opinião bem diferente daquela que Albus insiste em ter, é muito tocante. Ele não acha que é horrível. “All I ever wanted to do was go to Hogwarts and have a mate to get up to mayhem with. Just like Harry Potter. And I got his son. How crazily fortunate is that” “But I’m nothing like my dad” “You’re better. You’re my best friend, Albus. […]” “You’re my best friend too”. A maneira como eles declaram sua amizade um pelo outro é belíssima, como Scorpius diz que Albus é melhor que o pai e seu melhor amigo. E Albus retribui. Aquilo nos enche de amor e sorrisos bobos. Amizades são tão importantes! E enquanto isso, procurando o filho e Scorpius na Floresta Proibida, Harry recebe um aviso terrível de Bane, o Centauro: “There is a black cloud around your son, a dangerous black cloud. A black cloud that may endanger us all. You’ll find your son again, Harry Potter. But then you could lose him forever”.
Claro que ele vai interpreter isso tudo errado.
Harry Potter desapontando.
De volta no tempo, a proposta é mais intensa do que eu previ. Voltamos para a Primeira Prova, para impedir que Cedrico Diggory consiga pegar o ovo dourado do dragão. TRIWIZARD TOURNAMENT, EDGE OF THE FORBIDDEN FOREST, 1994. Que cena mais eletrizante. Vocês sabem, claro, que eu sou apaixonado pela viagem no tempo, mas isso parece tão incrivelmente bem feito na peça! É bom visualizar o Torneio, ver o Cedrico entrando para a competição, ver a Hermione jovem (interpretada pela mesma atriz que faz a Rose, o que gera uma interação que não era necessária)… é tudo tão lindo, e me fez pensar um pouco em De Volta Para o Futuro quando o Albus comenta: “That’s my dad” quando Harry Potter é anunciado no Torneio. Me sinto de volta em Cálice de Fogo, mas com tanto mais coisa acontecendo! Conseguindo desarmar Cedrico e tirá-lo da prova, eles retornam para o presente automaticamente, Albus em profunda dor e a dúvida de se algo chegou a mudar. Pela descrição de Ron (“who now has a side parting in his hair and whose wardrobe choices have become rather more staid”), sim.
A partir dali, a peça vai andar doentia e deliciosamente pelas mudanças macabras que Albus Potter e Scorpius Malfoy causaram no contínuo de espaço-tempo. E é perturbador. Uma conversa com o quadro de Dumbledore faz com que o Harry interprete as coisas todas erradas e ele se torne uma pessoa DESPREZÍVEL! Acredito que quando o Dumbledore disse “You must see him as he is, Harry. You most look for what’s wounding him” e fez Harry ver que não era a nuvem a qual Bane se referiu não era algo ruim sobre Albus, mas alguém, ele se referia ao próprio Harry. Certamente NÃO A SCORPIUS MALFOY! Harry Potter perde o juízo, se transforma e é doloroso ver aquilo tudo acontecer. Gina olha para ele e não o reconhece. Ele proíbe Albus de ver Scorpius e ser amigo dele, e entrega a McGonagall o Mapa do Maroto para que ela VIGIE o filho dele e não deixe que ele ande com Scorpius. Isso é terrível! Altamente manipulador, autoritário e ditatorial. A tentativa de controlar impiedosamente a vida do filho é ridícula e assustadora. A maneira como ele ameaça a Escola e a Professora McGonagall é terrível.
“Just – we’ll be better off without each other, okay?”
“SCORPIUS is left looking up after him. Heartbroken”
Angustia-nos ver Harry mandando Albus se afastar de Malfoy. “I don’t know how you became friends in the first place, but you did, and now – I need you to –” “My best friend? My only friend?” Dói um pouco mais ainda que o Albus aceite isso. Ele não aceita, mas as diferenças na História conseguem afastá-lo. Começando pela sua seleção para a Grifinória. “You can’t make me go into Gryffindor! I’m Slytherin” “Don’t play games, Albus. You know what House you are”. Meu coração disparou de uma maneira terrível. Queria que isso parasse e que me devolvessem o Albus à Sonserina. E, sem fala alguma (deve ter sido LINDO no teatro), a separação dolorosa e emblemática de Albus e Scorpius é lindamente representada nessa cena: “ALBUS enters and walks up one staircase. SCORPIUS enters and walks up another. The staircases meet. The two boys look at each other. Lost and hopeful – all at once. And then ALBUS looks away and the moment is broken – and with it, possibly, the friendship. And now the staircases part – the two look at each other – one full of guilt – the other full of pain – both full of unhappiness”.
Não vou dizer que isso não me choca.
E que não me faça sofrer.
As mudanças vão se mostrando lentamente. Ron aparece todo sério, com roupas sóbrias. Nenhuma piada. Ron se casou com Padma Patil (o que quer dizer que Rose nunca existiu) e é pai de Panju. Não tem uma loja de brincadeiras. Albus foi para a Grifinória por causa de uma aposta com Panju que disse que ele não iria para a Grifinória nem se sua vida dependesse disso, então ele convenceu o Chapéu Seletor a colocá-lo lá. Mas ele detesta a Grifinória. Ron muda drasticamente, o que o descaracteriza como o personagem que conhecíamos. “He stumbles on, not even an inch of the man he was”. Hermione não é mais Ministra da Magia, mas uma amargurada Professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Miss Granger. Absolutamente maldosa. “Ten points from Gryffindor for stupidity. […] And that’s twenty points from Gryffindor to assure Albus Potter that I am this mean. […] How dare you! Fifty points from Gryffindor. And I assure you if anyone interrupts me again it’ll be a hundred points…”
Mas devo confessar: o terror da nova realidade me fazia ver que a outra voltaria.
A história original pela qual já nos apaixonamos.
Nós só tínhamos que descobrir como. Deixar os horrores da nova realidade alternativa criada pela viagem no tempo impensada e retornar para o passado para consertar tudo. O que Albus ainda não está preparado para fazer. Para ele, não é apenas consertar as coisas, trazer Rose de volta… é ainda salvar Cedrico Diggory. E as coisas só podem dar mais e mais errado. Claro.

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