Carrossel 2: O Sumiço de Maria Joaquina (2016)


Amigo a gente ama, a gente cuida bem.
Tentando manter-se na trilha do grande sucesso de Carrossel e da reprise que começou no ano passado, temos mais uma aventura nos cinemas com essa turminha que nós tanto adoramos. Convenhamos: nós amamos essas crianças. Carrossel nos conquistou com toda sua inocência, seu amor puro e um conjunto de temáticas sérias e muito bem trabalhadas ao longo de toda a novela. Agora que a reprise se aproxima de seu final, já começamos a sentir saudades das crianças da Escola Mundial. De todo modo, temos mais um filme para nos ajudar a matar as saudades que já começam a florescer, no entanto, eu não acho que seja um filme tão bom quanto o primeiro. Em relação à novela, ele deixa bastante a desejar, mas mesmo em relação ao primeiro, que foi mais divertido, talvez mais dinâmico, e contou com várias e várias cenas muito bonitinhas, como eles cantando em volta da fogueira ou aquela belíssima música do final do filme que tinha uma letra maravilhosa que, não teve como segurar, me levou às lágrimas.
Embora Paná Paná tenha tocado bastante nessa sequência!
A história de Carrossel 2 traz de volta os mesmos vilões do primeiro filme, em uma versão meio forçada. Eles foram tirados da cadeia misteriosamente e agora armam todo um plano para se vingar das crianças. Então, quando a Professora Helena diz que sua amiga de infância, Didi Mel, uma famosa cantora, quer que eles façam um show com elas (afinal, o clipe de Paná Paná foi um sucesso!), eles agem e roubam a Maria Joaquina. Parece que a Manuela foi sequestrada mais uma vez, ou que a Isabela está ali se passando por ela. De todo modo, nós temos um sequestro e uma série de provas e desafios que precisam ser completados pelo restante da turma para que a Maria Joaquina seja liberada. Afinal de contas, eles querem que as crianças sofram depois de tudo o que eles fizeram eles passarem no primeiro filme e, especialmente, no tempo que eles passaram na cadeia. O plano de vingança envolve pedalar, cozinhar, lutar sumô e jogar futebol…
Uma bela vingança.
O maior problema do filme, acredito, é a infantilização da trama. Carrossel sempre foi, sim, uma história para crianças – mas as coisas eram levadas a sério, de uma maneira ou de outra. Nós tínhamos temas muito sérios sendo diariamente discutidos, e muito bem, por sinal! Tínhamos a questão do preconceito racial, da diferença de classe econômica, diferenças culturais… todo tipo de discussão importante e pertinente. O filme, infelizmente, não traz tudo isso, porque parece que os temas se esgotaram na novela e agora todos se amam. O que até faz sentido. O que eu lamento, no entanto, é que todo esse processo de “vingança” dos vilões é muito sem noção, muito falso, caricato. É montado todo em cima de brincadeiras, uma verdadeira gincana, e talvez as crianças estejam grandes demais para isso. Ou não, porque eu acho que o filme teria ficado muito mais convincente caso eles estivessem em uma atividade extraclasse, com a Professora Helena, tendo que cumprir as mais diversas provas, fossem elas quais fossem.
O problema é qualificar isso como vingança de um vilão.
Parece um pouco alguns filmes que crescemos assistindo na Sessão da Tarde, como Esqueceram de Mim, em que os vilões nunca eram maus de verdade, sei lá. Mas eu tenho que defender Carrossel 2 nesse momento em vista de uma coisa: se para o Gonzalez e o Gonzalito o plano de vingança era TERRÍVEL, para a Didi Mel, era mesmo um plano muito bom. Porque ela consegue tudo o que ela queria – fazendo as crianças passarem por tudo aquilo ao lado da Professora Helena, filmando tudo e mandando para a Diretora Olívia, ela consegue que a “professorinha” seja demitida (“Eu sou a Didi Mau, Didi Mau, Didi Mau, eu pego a Heleninha pra fazer mingau!”), e passe o seu aniversário sozinha, como ela mesma passou durante toda sua infância por fazer aniversário no mesmo dia da Helena. Okay, por parte dela, foi sim um plano até que bem bolado. Mas eu adorei a vitória final da Professora Helena, claro, dando uma lição de moral nela e, quando ela quer sair para o show, a Helena segura seu braço e mostra: “Acho que ninguém está chamando por você”. Chegou a arrepiar!
Todas as crianças continuam um máximo. E é isso que faz com que amemos o filme, porque nós gostamos dessas crianças. Com a química incrível que eles sempre apresentaram, ainda é muito bom vê-los em cena. Por vezes, parece difícil acreditar que eles ainda são as mesmas crianças, e eu tenho dificuldades para associar o Thomaz Costa a Daniel, por exemplo, ou a Esther Marcos a Margarida, problemas que eu não encontro para associar Nicholas Torres ao Jaime. Mesmo assim, as crianças estão grandes e lindas, e é muito bom vê-los todos juntos mais uma vez. [Eu adoro vê-los de volta em seus uniformes no início do filme!] É muito bom ouvi-los cantar (embora o primeiro filme tenha mais músicas), e é bom vê-los se divertir, mesmo que seja em uma temática de sequestro – acredito que Maria Joaquina só tenha sido sequestrada para que fosse mais fácil conciliar as gravações das cenas de Larissa Manoela com as dos demais, uma vez que ela tem as gravações intensas de Cúmplices de um Resgate.
A música de “abertura” é a mesma versão do primeiro filme, e é LINDA de ouvir! <3
Bela edição de imagens e cores, me lembrou Chiquititas 1997, mas mais elaborado.
Então o filme diverte? Sim. Embora caricatural, o filme traz os personagens que nós amamos. Eu gosto de vê-los pedalando pelo Parque do Ibirapuera. Eu gosto de ver os casais se formando, como o Paulo e a Alícia, que super combinam! Gostei da cena de cozinhar, porque os bolos foram muito característicos. Tipo a Bibi com o batom. O Daniel e as explicações nerd dele. A Laura sem bolo porque ela comeu tudo. E o Jaime com o bolo perfeito que ele derrubou na cara do jurado porque é o Jaime, né? O jogo de futebol? O clássico peido do Jaime, que não podia faltar, e uma deliciosa participação do Rabito [que manda “lambeijos” para todo mundo, por sinal]! Mas eu gostei muito do gol da Valéria (o Davizinho deixou a desejar!) e adorei o gol de bicicleta da Alícia! O que eu me pergunto é o motivo de as coisas estarem tão diferentes na Escola Mundial. Temos uma sala de aula completamente diferente. Uma sala da direção completamente diferente. Uma saída completamente diferente. E eu devo dizer que, com o meu TOC bem atacado, aquilo me incomodou um pouquinho. Mas eu gostei do retorno de tanta gente.
Destaque para o retorno da Professora Helena. Rosanne Mulholland está de volta a Carrossel, ajudando a cuidar dessas crianças – e sua personagem está, no início do filme, cantando Balão Mágico, o que é fofo. Mas ganhamos mais alguém que não gostava dela desde a infância, o que nos faz pensar o quanto pessoas boas, como a Professora Helena, irritam as outras pessoas, não? Para salvar a Maria Joaquina, apesar de ela ser uma mala, as crianças fazem de tudo, mas, diferentemente do primeiro filme, eu acho que o elenco não foi bem aproveitado. As crianças apareciam e sumiam de cena rápido demais, e não tinham muita história, além das missões atrás de missões a serem cumpridas. Não era como o Daniel e a Carmen no primeiro. Ou o Davizinho e a Valéria e o aniversário de namoro! Ou o Jorge, que no primeiro teve toda uma história de ser mala e se redimir novamente, ainda que curta. O desenvolvimento dos personagens individualmente aconteceu bem melhor no primeiro. Ainda assim, foi legal ver de volta não apenas a Professora Helena, mas também o Firmino e a Diretora. E, ao fim do filme, a Graça, o Renê (e a filhinha dos dois!) e até o avô da Alícia!
Quem diria?
Minha interpretação do filme é que ele seja, talvez, uma grande despedida desse mundo. Esse mundo que é, com toda a certeza, uma fábrica de saudades. Porque as crianças estão começando a ficar grandes demais para tudo isso. E embora eles ainda sejam muito fofos, ainda tenham uma amizade verdadeira e ainda apresentem uma ótima química, se o roteiro não acompanhá-los em amadurecimento, não pode seguir em frente. A Professora Helena estava diferente, porque ela não era mais alta que as crianças mais, ela não era necessariamente toda essa imagem maternal que ela sempre foi. E ela aprendeu essa lição, que foi o seu discurso mais bonito no filme todo: sobre como suas crianças cresceram. Eles realmente cresceram, mas de uma coisa eu sei: sentiremos saudade deles para sempre! Uma emocionante turminha de Carrossel, que reviveu personagens clássicos de nossas infâncias e nos conquistaram profundamente, com toda sua fofura, sua inocência, sua pureza e sua veracidade. Carrossel VAI deixar saudades.
Em relação ao filme, ele é bacana, mas porque gostamos demais de tudo isso!
No entanto, o primeiro filme é melhor. Dá para voltar e assistir mais vezes.
De zero a dez dou mais de cem / Pra essa turma eu tiro o chapéu.

Para a review do primeiro filme de Carrossel, clique aqui.


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