Os Instrumentos Mortais, Livro Dois – Cidade das Cinzas


No mundo dos Caçadores de Sombras, ninguém está seguro. E agora que Clary descobriu fazer parte do perigoso Submundo, sua vida nunca mais será a mesma. Jace, seu recém-descoberto irmão, está cada vez mais impossível, e não parece medir esforços para enfurecer a todos. E sua atitude de bad boy não ajuda em nada quando, após o roubo do segundo dos Instrumentos Mortais, a Inquisidora aparece no Instituto para interrogá-lo… agora Jace é suspeito de ajudar o pai, o perverso Valentim, num plano que vai colocar em risco não só Idris ou o Submundo, mas toda a cidade de Nova York. E Clary não pode deixar de se perguntar: será que as ironias de Jace são só uma forma de chamar atenção, ou também pode haver uma traição por trás de tanto mistério?

É nesse panorama que iniciamos Cidade das Cinzas, um livro bem menos surpreendente que seu antecessor – teci uma série de elogios a Cidade dos Ossos, bem como levantei vários pontos que precisavam ser melhorados. Dessa vez, eu gostei do livro e o li depressa, amando a história e o desenvolvimento, mas não pude deixar de lado uma sensação de que poderia ter sido melhor de alguma maneira. Aquela sensação de que o livro poderia ter me surpreendido em pontos que não o fez, que poderia ter sido mais avassalador… talvez pela afobação da autora de encher o primeiro volume de conteúdo, personagens e temas.
Diferente do primeiro volume, achei a narrativa de Cidade das Cinzas muito mais limitada… talvez tenha sido o fato de retornarmos a um Universo já conhecido e devidamente apresentado, sem grandes novidades ou grandes novos personagens. Parei de me incomodar com a narrativa de Cassandra Clare, agora mais bem estruturada – mas ironicamente a história chamou menos atenção. Já sabendo quem era quem e como as coisas deveriam acontecer, os eventos foram bem lineares e prontos.
Assim, o livro caminha quase exclusivamente em torno de Jace – Jonathan se torna protagonista muito mais do que Clary, e como dizem ali na sinopse, não é bem o que acontece… sim, Jace segue “irritante” e muito sarcástico, mas ele sempre foi assim, não foi? Então não nos passa pela cabeça realmente cogitar uma traição do personagem… parece muito mais que ele está revoltado com a própria vida pelo fato de ele e Clary serem irmãos, e desse modo não poderem mais ficar juntos. Ironicamente, enquanto Clary tem dificuldades em se controlar e deseja estar nos braços de Jace independentemente de sua relação, Jace pareceu bem menos apaixonante nesse livro.
Clary não é uma personagem morta, boba e parada como Bella o foi em Crepúsculo (eu li os livros, eu sei), mas também não é uma personagem ativa, e muito de sua história gira em torno de ter que controlar o desejo pelo irmão e se passar pela namorada do melhor amigo, mesmo sem se sentir atraída por ele. Pelo menos eu fiquei absolutamente contente com a maneira como seus dotes artísticos foram utilizados nessa segunda parte da história – se na primeira tivemos a carta que escondeu o Cálice, dessa vez temos o surgimento de novos símbolos, que foi uma teoria interessante.
Mesmo que o símbolo do Destemor tenha sido conveniente demais.
Novos personagens, nem tanto – colocaram a Inquisidora, mas foi apenas um acréscimo provisório, embora eu tenha gostado muito dela. E Maia, a garota licantrope que se apaixona pelo Simon… que se torna um vampiro! Pelo menos a autora arriscou ao transformar Simon em um vampiro (uma sequência toda agonizante!), mas eu quase ri no fim quando ele simplesmente pode ficar no sol sem se queimar… por segundos eu temi que ele fosse começar a brilhar. Sério. Alec… eu adorava o Alec, sua paixão secreta por Jace, mas suas cenas não foram assim tão boas nesse livro, mesmo que ele tenha tido muito tempo com Magnus. Não foi convincente, não foi tão interessante… infelizmente!
Cidade das Cinzas apresenta a mesma falha do livro anterior quanto à escolha do título. Acho que o nome da série, Os Instrumentos Mortais, tem tudo a ver com a trama, com o primeiro focado no Cálice e agora na Espada, mesmo que a Espada tenha tido menos evidência que o Cálice. Mas Cidade dos Ossos e Cidade das Cinzas não nos diz, realmente, muito sobre a história, e esses cenários não tem uma importância tão significativa para a narrativa. Sério. Estivemos lá uma vez, pouco falamos disso mais tarde, e os eventos de lá nem foram memoráveis. Ou talvez eu falhe em encontrar as simbologias.
Também questiono o fato de o livro todo parecer ter girado em torno de um único evento maior – e no meio tivemos um monte de dramas adolescentes que envolveram tanto Alec com Magnus quanto Jace e Clary tentando controlar seus desejos agora que descobriram que são irmãos. O parentesco dos dois guiou grande parte da narrativa. Foi chocante ver a Inquisidora se sacrificar por Jace após reconhecer sua cicatriz no ombro… e nos traz todo tipo de pensamentos. Chegamos a pensar que ele seja seu filho Stephen desaparecido/morto, o que não fazia nenhum sentido – até lembrarmos que Luke o conheceu, e que portanto ele deve ter essa idade.
Na verdade ainda são coisas que Cassandra Clare resolveu deixar para serem resolvidas no próximo livro ou nos próximos… alguém que conhecia a Inquisidora muito bem e que possa responder essa pergunta, porque ainda é um grande mistério que paira sobre os personagens, e eu gosto de terminar o livro podendo ponderar… juntamos aqui, juntamos ali, cheguei a identificar Jace como o filho de Stephen, afinal faria sentido que Valentim tivesse cuidado de um filho de Stephen, não? Quem sabe…
Cidade das Cinzas termina em um momento crucial com uma nova personagem aparecendo no hospital – a “doença” da mãe de Clary perpassou toda a narrativa, e agora temos revelações de que médicos mundanos nada poderão fazer por ela. Acredito que o próximo volume deva ser uma tentativa de trazê-la de volta, e talvez ela seja a detentora de informações que podem resolver de uma vez o passado de Jace e qual é a verdadeira relação entre ele e Clary… estou muito curioso pelo próximo livro, mas agora faço uma pausa para outras leituras. Quem sabe nas férias?

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