O Melhor Amigo (2025)

“Seja sob sol, ou debaixo de chuva”

Dirigido por Allan Deberton e protagonizado por Vinicius Teixeira e Gabriel Fuentes, “O Melhor Amigo” é uma divertida comédia romântica musical brasileira, embalada por um amor platônico e hits dos anos 1980, que certamente vai colocar um sorriso no seu rosto! O filme nos apresenta a Lucas, um jovem enfrentando problemas de compromisso em seu relacionamento e que, ao “fugir” para Canoa Quebrada, no Ceará, reencontra um antigo colega de faculdade com quem, após um único beijo, ele deixou uma história mal resolvida… durante aqueles dias de férias, ele precisa decidir o que ele quer da vida e encontrar uma maneira de encerrar ciclos que precise encerrar para poder seguir em frente

O filme é leve – despretensioso, eu diria. Ainda que Lucas esteja lidando com problemas reais, nada é muito mais profundo do que um romance de verão, e o filme funciona dentro dessa premissa. Ensolarado, colorido e engraçado, o filme tem excelentes momentos de comédia, bem como números musicais deliciosos, com aquela pitada de nostalgia que faz com que nos apaixonemos imediatamente… “Amante Profissional”, por exemplo, é uma excelente apresentação para o personagem de Felipe, enquanto “Doce Mel (Bom Estar Com Você)”, com direito à nave da Xuxa e tudo, nos leva até o mundo mágico do Sal & Pimenta, o bar LGBTQIA+ onde parte da trama se passa.

E onde Lucas se torna a Zizi Possi do Agreste com “Nem Quero Saber”.

Também é um filme quente… um filme de aventura sexual. Lucas está ali para se desligar do mundo, de suas relações e é convidado a se divertir, e é assim que ele passa uma noite com José e Juan (Mateus Carrieri e Diego Montez estão particularmente gatos, sem condições!), que lhe garante um chupão marcado em seu pescoço pelo restante do filme, e Felipe é o tipo de pessoa que gosta de provocar… a mão na coxa de Lucas no bug, o sorriso no mictório, o beijo profundo na piscina quando finge que é seu namorado, até que ele entregue (parte d)o que Lucas quer, em uma noite de sexo quente que não vai passar disso… nenhum dos dois têm a vida no lugar no momento.

Felipe fugiu depois de um beijo na faculdade; agora, ele está prestes a ir embora novamente. Talvez ele não se sinta preparado para ser para Lucas o que Lucas quer que ele seja. E, no meio disso tudo, ainda temos Martin, o namorado (ex?) que Lucas deixara em sua cidade antes de “se esconder” em Canoa Quebrada, e que aparece agora para pedi-lo em casamento ao som de “Escrito nas Estrelas”, mas ele se detém ao perceber o chupão em seu pescoço, e finalmente entender que Lucas quer mais do que um tempo… é incerto para mim, assim como eu sinto que talvez seja incerto para o próprio Lucas, o que ele sente por Martin: ele estava fugindo ou ele estava confuso?

De todo modo, ele tem essa história mal resolvida com Felipe que o “segura”.

Musicalmente, o filme é uma viagem nostálgica deliciosa! Ganhamos uma versão brasileira de “The Banana Boat Song”, por exemplo, e um cover de Blitz que se torna facilmente o meu número musical favorito no filme – é delicioso quando Lucas começa a cantar “Perdi meu amor […]”, num ritmo mais lento, até que o número vá crescendo para se tornar o que “Mais Uma de Amor (Geme Geme)” seria em um filme musical… é colorido, é dançante, é divertido, e me fez pensar em “Carnaval de Barrio”, de “In the Heights”. Sem contar que Blitz fez parte de nossas vidas e isso adiciona à apresentação uma camada extra de beleza que nos encanta, nos envolve e nos faz sorrir!

E também temos a Gretchen! Tudo culmina no show da Gretchen no Sal & Pimenta. A rainha dos memes está em cima do palco para cantar sucessos que marcaram época, como “Melô do Piripipi” e “Conga, Conga, Conga”, e o Lucas subindo ao palco para dançar essa última música com ela é um dos melhores momentos do filme. E tudo bem que ele estava drogado sem escolher estar drogado, mas aquele é um momento que representa visualmente uma transição para o personagem… antes sempre tão contido, como quando não conseguiu cantar no karaokê, esse é o momento em que ele se solta, em que ele faz o que ele quer fazer sem se preocupar com o que os outros vão pensar…

Naquele momento, ele é só ele.

A viagem a Canoa Quebrada ensinou coisas a Lucas… ou ao menos o “libertou”. Ele chegou ali tendo um ex-namorado-quase-noivo de quem estava se escondendo e reencontrando um amor não-correspondido e não resolvido do passado e vai embora sem nenhum dos dois… mas ele vai embora consigo mesmo. Às vezes não é sobre encontrar outras pessoas, mas sobre encontrar a si mesmo; às vezes, ciclos precisam ser devidamente fechados para que estejamos abertos para o que quer que venha pela frente. Na companhia de um amigo e ao som da libertadora “Flashdance… What a Feeling”, eu sinto que Lucas está exatamente nesse lugar. E eu fico feliz por ele.

Um filme delicioso!

 

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