Tropa de Elite 2 – Uhm... é

  
Aqueles que acompanham o blog com um pouco mais de assiduidade, talvez achem meio estranho. É, incrível o que você faz quando está num lugar que você não quer, não necessariamente com quem deseja (desculpa, pessoal). E eu disse que estava esperando pela vontade para ver esse filme, e que talvez um dia ela chegasse. E não é que chegou? Bem, vamos aos fatos. Acontece que eu estava numa cidade pequena, sem muito o que fazer, já tinha terminado os livros que levei, e (pareceu um milagre!) eu encontrei um cinema. Mas não tinha lá muita coisa interessante em cartaz (pasmem, Tropa de Elite ainda estava passando!) e eu pensei: “Por que não?”. Mas não assisti no dia em que vi que o filme estava passando... e não é que depois, eu estava com muita vontade mesmo de assisti-lo?
Se eu gostei? Só posso dizer que fico muito grato por não ter dito que o filme deveria ser ruim (eu disse que ainda não tinha visto, não que ele fosse ruim), porque eu morderia minha língua muitas e muitas vezes (e algumas pessoas não perderiam a oportunidade de me zuar). Enfim, gostei do filme? Sim. MUITO. GOSTEI MUITO DO FILME. É, eu sei. Eu também fiquei meio surpreso, talvez porque eu não esperasse assim tanto dele, mas entendi a razão de tanto sucesso. Sim, O FILME É BOM.
Tropa de Elite não foi ruim, mas também não ficou numa colocação assim tão boa em minha lista mental. Agora, Tropa de Elite 2 foi muito diferente do primeiro, com um foco completamente diverso, uma abordagem diferente, um estilo de narrativa nova; e mesmo assim, não podemos dizer que o clima de Tropa de Elite foi perdido, o primeiro filme não foi arruinado pelo segundo. Na minha opinião, agora sim Tropa de Elite se transformou numa coisa grandiosa e incrível, que merece uma crítica muito boa.
No início do filme, você pode se pegar pensando algo como “é, vai ser a mesma coisa”, mas a música tema do filme sendo tocada após a “introdução”, com flashes do primeiro filme (inclusive a memorável fala “Pede pra sair!”) foi eletrizante, e é difícil negar uma coisa dessas; e quando vemos o futuro deputado Fraga em sua palestra, nos pegamos pensando que o filme vai ser bom. E sua estimativa, que eu acho que vale a pena ser colocada aqui, é chocante: de que a população carcerária brasileira duplica em média a cada 8 anos, enquanto a população total do país, duplica a cada 50. Resumindo, nessa média, por volta de dois mil (cinqüenta ou sessenta) e alguma coisa, de 570 milhões de brasileiros, 510 milhões serão presidiários, 90% do total; e em 2082 (?), todos estarão na cadeia. Impressionante, não é?
Novamente Wagner Moura fez um excelente trabalho, e acho que hoje, ele é um dos atores brasileiros mais bem vistos pela população. E não tem como falar o contrário, porque ele é muito bom em seu trabalho. Agora como Coronel Nascimento, ele vem num estilo diferente do primeiro filme (a narração por ele ficou ótima), sem sua farda, passando quase o filme todo em terno e gravata. Devido à passagem de tempo, vemos ele começando a ficar grisalho, e sua relação com o filho, agora com 14 anos; as cenas da dupla foram demais, a relação foi bem trabalhada, e tudo ficou muito bom.
Agora o que mais marca ao assistir esse filme, o que o torna assim tão bom, é a crítica feita ao Sistema. De maneira inteligente e precisa, o tema foi incorporado ao filme, enquanto o Coronel Nascimento tentava acabar com a corrupção. E nisso, vimos muito da realidade nacional, com políticos e policiais corruptos, aqueles que oficialmente estão ali para nos proteger e representar (nas próprias palavras de Fraga, “bandidos transvestidos de representantes do povo”). Por todo o filme, a crítica permeou a história, de uma maneira incrível. E não foi nada camuflado, nada nas entrelinhas; era uma crítica ao Sistema oficialmente e muito bem-feita. Por essa razão o filme me deixou tão feliz, me encantou tanto, e continuo a dizer que ele vale a pena, que ele É BOM. O depoimento final de Beto na CPI foi emocionante, bonito, elaborado, que faz pensar, que te faz balançar a cabeça e dizer “é verdade”. Por isso assistam ao filme, e tirem suas próprias conclusões. Aqui está a minha opinião, assistam e pensem na de vocês.
E, finalmente (se vocês quiserem, Sadie, traga a pena que eu repito), eu GOSTEI DEMAIS DO FILME. Mesmo. Um trabalho bem-feito, mensagem transmitida com perfeição, um filme que tem conteúdo. Bom, sim, vale a pena. Assistam.
Capitão Nascimento (Tropa de Elite)
Coronel Nascimento (Tropa de Elite 2)

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