Vale o Piloto? – Upload: Realidade Virtual 1x01 – Welcome to Upload

Paraíso digital.

E se pudéssemos fazer upload da nossa consciência em uma espécie de “paraíso digital” pouco antes de morrermos? Acho que a “vida após a morte” é uma temática interessantíssima porque, convenhamos, não sabemos exatamente como as coisas são… e “Upload”, série lançada pela Prime Video em 2020 (que chega à sua terceira temporada em 2023), se volta para esse assunto de maneira curiosa e pertinente, trazendo a tecnologia como uma alternativa para se ter certo “controle” sobre “o que vem depois”. Exatamente o tipo de coisas que pessoas com muito dinheiro e com medo da morte pagariam para “viver eternamente”. Com uma pegada leve de humor, “Upload” tem um primeiro episódio que promete carisma e potencial, e estou curioso para como as coisas serão desenvolvidas…

O episódio começa nos fazendo um excelente trabalho apresentando tanto os seus personagens quanto os conceitos que serão utilizados mais tarde. Oficialmente se passando em 2033, a série tem uma cara de ficção científica que eu acho, particularmente, encantadora. É um pouco daquela maneira de ver o futuro que tínhamos em ficções científicas da década de 1980 (o ano de 2015 imaginado em “De Volta Para o Futuro II”, por exemplo), e eu curti bastante ver essas inovações tecnológicas todas que nos esperam… dentre elas, os carros completamente automáticos e que deveriam ser à prova de falhas (!) e, é claro, a possibilidade de subir uma consciência a um paraíso digital no qual se pode viver para sempre… ou algo parecido com isso, ao menos.

Nathan Brown, interpretado por Robbie Amell (como ele é lindo, meu crush desde que ele interpretara Fred no terceiro e quarto live-actions de “Scooby-Doo”), é um jovem programador de 27 anos com uma namorada chata da qual ele não gosta de verdade e que morre em um inusitado acidente de carro… afinal de contas, carros automáticos como o seu não deveriam bater em caminhões como aconteceu. E eu acho que existe toda uma trama aí, parcialmente “escondida” sob o humor da série, porque toda a situação é bastante suspeita e foi a namorada, Ingrid, quem tinha “programado” o carro naquele dia. Além disso, é ela quem o pressiona a aceitar o Upload quando ele está quase morrendo, para que “eles estejam juntos para sempre”. E a empresa é da família dela!

Uhm.

De todo modo, Nathan precisa se adaptar à sua nova realidade quando é subido em Lakeview, e ele tem uma voz que conversa com ele, seu “Anjo”, que tira suas dúvidas e o ajuda a se acostumar a como as coisas funcionam dentro do programa… é interessante conhecer um pouco de Lakeview, e gosto de como tudo não é excessivamente “perfeito”. Quer dizer, é “excessivamente perfeito” como seria um “paraíso digital” programado por humanos que não querem “morrer”, mas o episódio não nos tenta convencer de que aquela é a melhor escolha após a morte necessariamente… Nathan não tinha escolhido isso antes de estar entre a vida e a morte, e ele tem pequenas crises que, eu acredito, seriam naturais. Ainda temos muitas facetas dessa questão toda de “upload” para descobrir e explorar.

Em paralelo, o episódio também nos apresenta a Nora Antony, interpretada por Andy Allo, que é a funcionária responsável por subir Nathan a Lakeview e seu “Anjo” – pelo menos durante o seu turno de trabalho. A inserção de Nora na narrativa é perfeitamente interessante porque ela é a visão do outro lado. Como funcionária de Lakeview e humana viva, Nora sabe que o programa não é, necessariamente, a coisa mais perfeita como eles tentam divulgar nos anúncios… ao mesmo tempo, é uma alternativa viável que diminui o peso da perda, e a vemos tentar convencer o pai a aceitar o upload, que talvez eles consigam pagar com o seu desconto de funcionária… o upload faz com que as pessoas fiquem ainda mais apegadas e com medo de perder umas às outras.

É como se o upload pudesse evitar a perda e, consequentemente, o luto.

Mas é o tipo de coisa que separa ainda mais as pessoas. De alguma maneira.

Altos e baixos, eu acredito que há muita coisa que se pode explorar em “Upload”. Parece que temos uma série que mistura elementos da comédia e da ficção científica de maneira leve e descontraída, mas que não se isenta da emoção e da possibilidade de discussões profundas a respeito de relações humanas e perdas. Além disso, tem um toquezinho interessante de mistério garantido pelas circunstâncias estranhas da morte de Nathan Brown, por exemplo, ou detalhes como aquela memória estranhamente “corrompida” com a qual Nora se depara, o momento em que Nathan não consegue se lembrar com que tipo de programação ele trabalhava, ou alguém invadindo o computador de Nora para apagar algumas memórias de Nathan no fim do episódio.

São vários elementos. Me parece eletrizante!

 

Para mais Pilotos de séries, clique aqui.

 

Comentários