O Exterminador do Futuro: A Salvação (Terminator: Salvation, 2009)



“What is it that makes us human? It's not something you can program. You can't put it into a chip. It's the strength of the human heart. The difference between us and machines”

 

Lançado em 2009, “O Exterminador do Futuro: A Salvação” é o quarto filme da franquia – com direção de McG e com roteiro de John Brancato e Michael Ferris, essa é uma abordagem diferente da eterna batalha da humanidade contra as máquinas… a resistência sob a liderança de John Connor versus a Skynet. Sem Arnold Schwarzenegger, a não ser por uma única cena gerada digitalmente na qual vemos um dos primeiros T-800 da história, o filme é ambientado em 2018, depois do dia do Julgamento Final, durante a guerra. Sem viagens no tempo, embora com toda uma questão de salvar a vida de Kyle Reese para não interferir na história, o filme tem uma identidade diferente dos filmes que o antecederam, e isso ajudou com que ele dividisse opiniões.

Sinceramente? Eu não acho que o filme mereça o hate que ele leva. Não é o meu filme favorito na franquia nem nada – acho que falta o toque da viagem no tempo e o clima daquela ficção científica dos anos 1990, mas é um bom filme de ação que cumpre com o seu propósito narrativo e nos entretém. E ainda que não estritamente necessário, e talvez com alguns furos, o filme consegue “se encaixar” dentro da história que conhecemos, e brincar com elementos que o antecederam nos demais “O Exterminador do Futuro”, além de apresentar três protagonistas interessantes de se acompanhar: John Connor, o líder da Resistência; Marcus Wright, um ciborgue que não conhece sua natureza híbrida; e Kyle Reese, um jovem aspirante a um lugar na Resistência.

John Connor é, provavelmente, o nome mais conhecido da franquia “O Exterminador do Futuro”. Sempre descrito como “o líder da Resistência contra a Skynet”, é dele que as máquinas têm tentado se livrar desde sempre. Num cenário de um 2018 distópico, vemos um John Connor interpretado por Christian Bale que já se tornou essa figura respeitada e revolucionária – e ele está sendo caçado incessantemente, embora ele seja o segundo na lista da Skynet: em primeiro lugar, está Kyle Reese. Naquela época apenas um adolescente, John Connor sabe que Kyle Reese retorna ao passado em algum momento, se envolve com Sarah Connor e, consequentemente, se torna seu pai… por isso, ele precisa liderar a Resistência e tomar grandes decisões, mas também salvar a vida de Kyle Reese.

Curiosamente, eu não acho que John Connor seja o grande destaque do filme. Eu gosto muito mais de acompanhar a curiosa jornada de Marcus Wright, interpretado por Sam Worthington, e eu acho que ele tem uma interação maravilhosa com Kyle Reese, interpretado por Anton Yelchin. O trio de Marcus, Kyle e Star rendem algumas das minhas cenas favoritas no filme… talvez seja o carisma que Anton entrega a Kyle, e eu realmente torci por ele. Embora John Connor desempenhe um papel importante em ambas as histórias, me parece que o filme é mais sobre a) a identidade de Marcus Wright, que vem com toda a temática sobre o que torna alguém um “humano”; e b) o resgate de Kyle Reese, que é capturado e levado, com outros humanos, para uma dependência da Skynet.

Quando Marcus Wright pisa em uma mina enquanto Blair o está levando até John Connor, eles descobrem que ele não é inteiramente humano – com partes mecânicas, ele é uma espécie de híbrido de homem e máquina… um ciborgue, que não pertence nem a um lado nem a outro. E essa “revelação” conduz, de certa maneira, o restante do filme, no qual o próprio Marcus se pergunta quem é, porque ele sempre se viu como humano e, em algum momento do passado, antes de 2003, ele foi inteiramente humano de fato. Sua presença gera certa divisão dentro da própria Resistência, porque existe quem queira destruí-lo sem fazer mais perguntas, quem se pergunta o que ele é de fato e quem, como a Blair, o vê como um humano, que é quem ele demonstrou ser até então…

Ele a salvou, quando foi necessário.

E ele se importa de verdade com Kyle e quer salvá-lo.

Assim, as coisas tomam um rumo curioso quando Blair ajuda Marcus a fugir e John Connor deixa que ele vá e faz um acordo com ele: que ele entregue a localização de Kyle Reese quando o encontrar. Uma vez dentro de uma das bases da Skynet, Marcus Wright consegue, enfim, começar a entender quem ele é… quem ele se tornou. Marcus foi transformado em um ciborgue pela Skynet para fazer o que nenhuma máquina conseguiu fazer até então: se infiltrar entre os humanos e a Resistência. Ainda que programado para isso e parcialmente controlado pela Skynet, Marcus é máquina o suficiente para não ter vontade própria? Ou a sua humanidade ainda é forte o suficiente para ele mostrar à Skynet que eles não podem controlá-lo como eles pensam?

John Connor resgatando um Kyle Reese ainda adolescente é um recurso narrativo maravilhoso. Desde antes de saber que Kyle estava dentre os humanos capturados, John Connor queria atrasar o ataque da Resistência para poder resgatar os prisioneiros, mas a presença de Kyle Reese entre eles torna tudo ainda mais urgente. Acho que a sequência de resgate traz boas referências visuais ao primeiro “O Exterminador do Futuro”, e tem todo o contexto de aqueles humanos estarem sendo capturados por causa do projeto da Skynet de criar Exterminadores que tenham tecido humano e se pareçam com humanos – o T-800 como já o conhecemos. Até então, os Exterminadores que vemos em ação em 2018 têm uma aparência mais maquinóide mesmo.

Gosto bastante do clímax e das resoluções do filme… acho que muita coisa vem daquele final. Para John Connor, temos uma amostra de sua liderança, de sua capacidade de tomar decisões, e de seu espírito heroico; para Kyle Reese, a oportunidade enfim de se juntar à Resistência, ganhando seu símbolo vermelho; para Marcus Wright, a chance de mostrar que ele ainda é humano e de se sacrificar em prol da humanidade salvando a vida de John Connor; para a Resistência, uma vitória importante contra a Skynet, que não é definitiva, mas é mais uma batalha vencida na incessante batalha da humanidade contra as máquinas. Não é marcante e irretocável como outros filmes da franquia, mas acho “O Exterminador do Futuro: A Salvação” bem bacana, sim!

 

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