A Casa das Sete Mulheres – A morte de Afonso Corte Real
“Eu prometo, Estevão”
Afonso Corte
Real passou os últimos anos de sua vida apaixonado por Rosário, e esperando
poder conquistar o seu coração um dia… mas Rosário só tem olhos para o seu
soldado caramuru, o Capitão Estevão. Usando o vestido de noiva de Perpétua
depois do seu casamento, Rosário sai correndo da estância, chamando por Estevão
e dizendo que “está pronta para o casamento deles”, e é uma sequência que seria
cômica se ela não fosse profundamente triste… enquanto Manuela e as demais se
preocupam com o desaparecimento de Rosário durante a noite e esperam
encontrá-la antes da mãe despertar no dia seguinte, Rosário recebe a bem-vinda
ajuda da carruagem de uma cigana, que a convence a subir dizendo que “nenhuma
noiva que se preza chega a pé no casamento”.
Então,
Rosário é levada de volta ao convento…
Uma vez no
convento, com a madre superiora perguntando a ela “o que significa isso”,
Rosário responde, com um sorriso no rosto, que “veio se casar”. Rosário perdeu
completamente o juízo, e ela começa a falar rapidamente sobre como temeu não
chegar a tempo da cerimônia, e que Consuelo, a cigana, lhe dissera que ela seria
muito feliz, e a madre responde dizendo que não é necessário ser cigana para
dizer que “ela vai ser muito feliz em seu casamento com Jesus”. Eu preciso
dizer que eu soltei uma GARGALHADA SINCERA com a reação de Rosário em uma única
palavra: “Jesus?!”. O casamento,
naturalmente, não chega a acontecer (talvez porque o noivo é um fantasma que
apenas Rosário vê?), mas Rosário está satisfeita em poder continuar vendo
Estevão.
Enquanto
isso, Afonso Corte Real é assassinado durante uma batalha, e a última imagem
que ele vê é a de Rosário – e tudo é muito triste. Tanto porque pensamos no
quanto ele foi infeliz, quanto porque eu
realmente gostava dele… diferente de Joaquim, que fez e faz Manuela sofrer,
Corte Real sempre pareceu muito respeitoso e querido com Rosário quando foi
rejeitado por ela. Conforme acompanhamos a dolorosa morte de Afonso Corte Real,
a narração de Manuela nos fala sobre como o ano de 1840 foi ano terrível para
os farroupilhas, cheio de batalhas duvidosas e mortes, dentre elas a de Corte
Real, que foi a mais profundamente sentida por seu tio Bento. O discurso de
Bento Gonçalves durante o funeral de Afonso Corte Real realmente é muito triste.
Mais coisas
estão para acontecer com os farroupilhas… um pacto, assinado há algum tempo
entre Bento Gonçalves e os uruguaios, acaba vindo à tona, e esse é o começo de
sua derrocada. Quando os documentos chegam às mãos de Bento Manuel, que sempre
quis fazer de tudo para derrubar
Bento Gonçalves, sabemos que é uma questão de tempo. Até mesmo Netto e outros
aliados de Bento falam sobre como ele será acusado de traição e como os
próprios rio-grandenses se voltarão contra ele – é assim que nos aproximamos do
fim da presidência de Bento Gonçalves na República Rio-Grandense. Ele assinou
um acordo pensando nos interesses da nação, fazendo “alianças indigestas” em
busca de um bem maior, mas há quem diga que “os fins não justificam os meios”.
Até alguns
aliados de sempre se vão.
E a
república começa a ruir.
Quando
Rosário fica sabendo sobre a morte de Afonso Corte Real, ela sofre: embora
nunca tenha sido apaixonada por Corte
Real, ela tinha uma boa relação com ele e gostava dele… e parte dela sente
remorso por tê-lo feito sofrer. Quando Rosário vai para a capela para rezar por
sua alma, Estevão aparece e lhe diz que tem
algo que ele precisa contar-lhe: ele também está morto, morreu na emboscada, e
foi Corte Real quem o matou. ESSA É UMA CENA ICÔNICA DE “A CASA DAS SETE MULHERES”. Com a
revelação, que é uma revelação apenas para a própria Rosário, é claro, ela
deixa que uma lágrima incrédula escape e, depois, ela desmaia… quando acorda,
poucos segundos depois, ela está assustada e foge e se esquiva de Estevão,
pedindo que não se aproxime.
E, então, tudo muda.
É muito
interessante essa virada do roteiro
quando Rosário descobre que Estevão não está vivo há tanto tempo, e ela o manda
deixá-la em paz, mas foram o seu amor e os seus chamados que não o deixaram
partir. Gosto muito do diálogo, de como Rosário pede que “ele não a toque”, e
ele diz que “nunca tocou nela”, e a vez que “transaram” no galpão era, na
verdade, um delírio de febre dela… Rosário fica transtornada com a revelação,
mas Estevão diz que não podia seguir mentindo para ela e que espera
reencontrá-la na eternidade, e quando Rosário pede que ele vá embora, ele diz que
é seu amor que o mantém ali… é o seu amor que o alimenta – “Se é meu amor que te retém, eu te esquecerei. Eu te banirei do meu
coração e da minha vida. Eu prometo, Estevão”.
QUE CENAS
MARAVILHOSAS DE ROSÁRIO E ESTEVÃO!
Para mais
postagens de “A Casa das Sete Mulheres”,
clique aqui.
Visite também “Teledramaturgia
Brasileira” em nossa página.

Comentários
Postar um comentário