Chiquititas Brasil (1ª Temporada, 1997) – A morte de Letícia
“Minha mãe vai sarar, não vai?”
A descoberta
da doença de Letícia e a sua morte dura aproximadamente uma semana na versão de
1997 de “Chiquititas”, e rende cenas
tristíssimas e emocionantes, ainda que seja algo breve. Isso é muito mais
rápido na primeira versão de “Chiquititas”
porque Dani demora menos para entrar para o Orfanato Raio de Luz, tanto que
ela já está de uniforme nos clipes desde
o primeiro capítulo (“Até Dez”),
e até aparece em uma foto com as outras meninas em um porta-retratos do
escritório de Emília (embora isso seja um problema de continuidade mesmo).
Letícia passa mal pela primeira vez durante a festa de aniversário de Dani, e desmaia
logo depois do “Parabéns” e acaba sendo levada para o hospital, dando início a
uma trama cujo resultado conhecemos bem.
E, então, nos preparamos para o sofrimento.
Como Dani
chora desesperada dizendo que “quer ir com a mãe”, é Carol quem conversa com
ela e explica que ela não pode ir junto, mas promete que ela vai acompanhar a
Letícia e vai voltar com ela – e realmente o faz. Mas essa é apenas a
introdução à história, porque o médico liga em outro dia, querendo falar sobre
a tomografia que a Letícia fez, e quem atende é a Carolina, e é ela quem vai
até o hospital para receber a notícia do aneurisma de Letícia… desesperada,
sofrendo e chorando, Carol acaba buscando o Júnior para desabafar, sem saber
como vai contar isso para a Letícia, mas querendo contar ela mesma, não
deixando que o médico conte, porque conhece a amiga e “ela não vai gostar de
receber essa notícia de um desconhecido”. Então, ela precisa de coragem.
A cena é
tristíssima. Quando Carol conta a Letícia sobre o aneurisma e a cirurgia que ela
precisa fazer, Letícia chora e diz que tem
medo de morrer, mas Carol tenta acalmá-la dizendo que ela tem que ter
força, que elas precisam ter pensamento positivo e diz que Daniela precisa
muito dela e não pode vê-la desse jeito… é um sofrimento tão grande! E Dani
acaba descobrindo sobre a mãe estar doente ao ouvir o Beto no telefone com
alguém, e fica preocupada com a operação que está por vir – e é Carol quem
precisa acalmá-la, e é muito bonita a maneira como a Carol sabe como falar com a Dani. E, então, enquanto Letícia passa horas
no hospital e os adultos têm uma série de coisas a resolver, Dani começa a
passar algum tempo com as garotas do Orfanato Raio de Luz.
Inclusive, Tati sente ciúmes dela
inicialmente.
As primeiras
interações de Dani e Tati, no orfanato, são um pouquinho complicadas. Dani vê
uma boneca da qual ela gosta na cama de Tati e, mesmo com os protestos de
Clarita, Ernestina permite que ela brinque com a boneca, o que acaba deixando a
Tati furiosa. E, sentindo ciúmes de Dani porque “tudo o que os outros fazem é
para ela”, ela aumenta o fogo para queimar uma torta que o Chico estava fazendo
para a Dani, e acaba fazendo com que a Clarita se queime nessa confusão… ela se
arrepende, conversa com a Mili, conta a verdade para a Clarita e pede desculpas,
e a Clarita diz que a desculpa, mas diz que vai pedir algo em troca, e é que
ela trate a Dani bem… e talvez ali esteja nascendo uma amizade entre a Tati e a
Dani? Afinal de contas, elas têm idades
próximas.
Uma das
cenas mais dolorosas dessa sequência toda é quando o Chico conversa com a Carol
sobre a Dani, e pode parecer muito triste pensar nisso, mas o Chico está sendo
racional e está correto: a Dani não tem ninguém, Carol não é sua família de
sangue e todos sabem como funciona a burocracia… e se alguma coisa acontece com
Letícia e Dani fica desamparada? Não seria o caso de conversar com a Letícia e
pedir que ela deixe um documento passando a guarda de Dani para ela caso algo
aconteça? Inicialmente, Carol acha que não tem coragem de falar sobre isso com
a Letícia, porque ela precisa estar confiante de que tudo vai ficar bem, mas,
em parte, ela entende que o que o padrinho está dizendo também faz sentido… ainda assim, ela não consegue.
Curiosamente,
a própria Letícia tem a mesma ideia… quando já está internada, ela diz a Carol
que faz dias que ela não consegue dormir pensando na Dani e temendo que ela
fique desamparada se algo lhe acontecer, e é uma das cenas mais bonitas desse
início de “Chiquititas”. Emocionante
e dolorosa, sim, mas muito bonita. Meio sem jeito, Letícia diz que “não sabe
como Carol vai reagir ao que ela vai lhe pedir”, mas fala de sua preocupação,
porque a cirurgia é delicada, e que gostaria que Carol ficasse com a guarda de
Dani “se não for pedir demais”. Carol se emociona, diz que ela mesma ia propor
isso, mas não se atreveu, e esse é um atestado da amizade e da confiança que
existe entre Carol e Letícia… mas elas
não têm tempo de acertar tudo legalmente.
Quando Carol
retorna, Letícia foi levada para a cirurgia antes do previsto.
É tudo tão
rápido e tão doloroso! Letícia não
sobrevive à cirurgia, Carol desaba abraçada a Júnior, e então se prepara
para enfrentar o seu próximo desafio, que é dar essa notícia para a Dani… e a
cena da Carol e da Dani é linda, triste e eu sofro por ambas: é doloroso demais
para Dani descobrir que a mãe morreu, e é doloroso demais para a Carol ter que
ser a pessoa a dar essa notícia. Chorando, Dani diz que não quer mais ouvir – “Chega, tia Carolina. Você é muito má e fica
dizendo mentiras pra mim!”. Enquanto Dani se recusa a sair do quarto e não
quer ouvir mais nada, Carol desesperada liga para o Júnior, que também tem uma
conversa com a Dani tão linda, sobre
como também já passou por isso, sobre as pessoas que a amam e estão com ela,
prontas para estender um lenço…
Toda a
sequência é forte, sentimental e triste.
“Chiquititas” não é brincadeira, não. As
cenas me atingem em cheio!
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