Glee 4x01 – The New Rachel
“Which one
of you is the new Rachel?”
UMA NOVA
FASE SE INICIA! Exibido originalmente em 13 de setembro de 2012, “The New Rachel” é o primeiro
episódio da quarta temporada de “Glee”
e chega com um desafio imenso: como continuar a série após a formatura de
tantos membros importantes do New Directions? Embora a série vá se perder em
algum momento falhando em contar dois tipos de histórias simultaneamente, esse
primeiro episódio da “nova fase” é, na minha opinião, EXCELENTE. É uma boa
apresentação da nova vida de Rachel Berry em Nova York, descobrindo que em
NYADA ela não é necessariamente a grande estrela que costumava ser em Ohio, ao
mesmo tempo em que apresenta com calma novos líderes e novos rostos para o glee club do McKingley High.
Não me
lembro exatamente dos meus comentários da
época em que assisti “Glee” durante a exibição… e prefiro não retornar a
eles. Tendo uma visão “de fora”, agora, eu tenha plena convicção de que a série
poderia ter continuado excelente e aclamada até o fim, desde que o roteiro
tivesse decidido se comprometer. Na
minha opinião, qual foi o principal problema de “Glee”? Não foram os novos personagens, que são interpretados por
atores talentosos e bonitos que são, sim, material de protagonista; tampouco
foram as novidades de uma vida jovem de artistas com sonhos em Nova York. O principal problema foi que a série teve
MEDO de se comprometer e FAZER ESCOLHAS. Eles tentaram abarcar tudo até
quando não fazia sentido.
Existiam
dois caminhos a serem seguidos a partir da formatura de tantos personagens no
fim da terceira temporada. O primeiro
deles seria arriscar uma reformulação da série, amadurecer os personagens e
trazer novos cenários enquanto acompanhávamos Rachel e Kurt em Nova York. O segundo seria desapegar dos personagens
formados e focar no glee club do
McKingley High como um conceito e ser um grupo que constantemente se renova,
com novos rostos e histórias possíveis. Qualquer um dos dois caminhos poderia
ter sido um sucesso, desde que a proposta fosse clara, coerente e bem
apresentada… ambos são caminhos possíveis, mas reitero: o que faltou foi comprometimento e coragem. Foi ter a coragem de soltar a mão de personagens como a
Rachel…
Não me
entenda mal… eu AMO a Rachel, e eu sei que as três primeiras temporadas de “Glee” foram, em muitos sentidos, sobre
ela. Toda a competição no New Directions para descobrir “quem vai ser a Nova
Rachel” é uma maneira divertida e respeitosa de reconhecer seu legado, e ela
era uma personagem que poderia retornar em participações especiais, se tornar
uma lenda do McKingley High, enquanto novas histórias eram contadas: o conceito
de um glee club cheio de “excluídos”
possibilita infinitas histórias, e músicas nunca faltariam! É o conceito de
abraçar a mudança que garante a longevidade de séries como “Doctor Who”, embora eu pense muito, quando falo sobre isso, em “Malhação”: “Glee” poderia ter seguido um caminho similar de veteranos e
novatos contracenando e passando o bastão.
Poderíamos
estar assistindo “Glee” com novos
rostos, histórias e músicas até hoje!
O episódio
começa com Rachel em NYADA, e ela não
está vivendo o sonho. Faz dois meses que ela não tem nenhuma notícia do
Finn, ela sente saudade de casa e dos amigos, sua colega de quarto está sempre
transando e ela mal pode ficar lá, ela se sente sozinha o tempo todo, e a sua
professora faz da sua vida um inferno… Cassandra July é uma personagem
importante da quarta temporada de “Glee”,
e embora sintamos que Rachel precisava de
alguém que a colocasse no seu lugar e fizesse ela baixar um pouco a bola,
também percebemos que ela passa dos limites e Rachel parece a ponto de quebrar.
Não é muito recomendado responder à Cassandra ou pontuar o cheiro de álcool em
seu hálito durante a aula, mas Rachel faz isso do mesmo jeito…
Cassandra
tenta “calá-la” arrasando com “Americano
/ Dance Again”.
A primeira
“companhia” de Rachel em NYADA acaba sendo o
gostoso do Brody Weston, e eu vou dizer duas coisas: 1) eu gosto MUITO do
Brody; 2) eu detesto a maneira como ele vai ser tirado da série eventualmente.
A série nos apresenta a Brody quando Rachel vai fazer o seu ritual de limpeza
de pele no banheiro do dormitório às 3 horas da manhã, e ele está cantando no chuveiro – porque já
virou uma “piada” de “Glee”
apresentar personagens masculinos cantando no banheiro… não é uma reclamação,
porque eu me divirto com o Brody saindo só de toalha, ainda molhada, todo
sensual com o vapor atrás dele e tudo o mais… e é quase cômico (eu estaria
rindo se não estivesse com tesão) que
a primeira cena de Brody seja completa com
ele seminu.
Ryan Murphy
sabia bem o que estava fazendo.
Talvez eu
nunca tenha sido um grande fã de Finn (eu não era), talvez seja a consciência
de que, fora da ficção, romances da escola tendem a não durar e “ser para
sempre”, mas eu consigo começar a torcer por
Rachel e Brody nesse episódio mesmo! Ele é uma boa companhia quando ela está se
sentindo sozinha, e ele diz coisas importantes… quando ele a vê olhando as
fotos de Finn no celular, ele diz que também tinha uma namorada quando veio
para a faculdade e o namoro deles durou 6 semanas, e quando Rachel comenta
sobre como está sofrendo, Brody a
aconselha a não lutar contra o seu novo “eu”: ela está sofrendo porque ela está mudando… e não é para isso que
ela veio para Nova York? De fato não é fácil, mas é um processo pelo qual ela
precisa passar…
Enquanto
isso, o New Directions está finalmente
curtindo a POPULARIDADE – é legal ter um monte de gente se amontoando para as
audições assim que o Mr. Schue coloca a planilha no quadro, mas também é triste
ver o quanto eles parecem estar mudando…
primeiro, tudo virou uma terrível
competição, e quando Will traz UNIQUE (eu amo a Unique!) como nova
integrante do New Directions, Blaine, Tina e Brittany se dão conta de que terão ainda mais competição… e é aqui
que ganhamos a deliciosa performance de “Call
Me Maybe”, que estourou demais nessa época mesmo, mas o New Directions vai
perdendo sua identidade… eles tentam proibir Wade de usar maquiagem e ser a
Unique fora dos palcos, por exemplo, porque acham que as pessoas não vão
gostar…
Sentando-se
com as Cheerios e os jogadores de futebol durante o horário de almoço, parece
que as coisas mudaram no McKingley High – mas o pior é eles terem mudado… o
pior é eles estarem compactuando com piadas maldosas contra uma das
funcionárias do refeitório e discriminando a Unique, o que não combina com
eles. E é no refeitório que conhecemos Marley Rose: uma garota que está
empolgada com as audições para o New Directions, e que é filha da mulher do refeitório que está sendo alvo de “piadas” por
causa do seu peso. A cena de Marley com a mãe na cozinha é fortíssima,
porque ela não gosta de esconder o fato de que ela é sua mãe, mas a mãe diz que
precisa ser assim porque “não quer que ela fique sem amigos como na outra
escola”.
O comentário
que ela ouve das líderes de torcida e dos jogadores de futebol mexem pouco com
ela…
Mas a piada de Artie sim – era para o glee
club ser diferente, não?
As audições
para o New Directions, mesmo com tantos inscritos, só trazem duas boas
apresentações: a primeira é a de Jake. Jake se apresenta como “Só Jake”, sem
sobrenome, e ele está maravilhoso cantando “Never
Say Never” (EU AMO O JAKE!), mas ele é interrompido antes de conseguir
terminar a música e não lida bem com isso… a sua raiva quando ele sai jogando
as coisas custa uma vaga no New Directions, porque ele era bom demais e todo
mundo já tinha entendido isso. Eventualmente, Will vai atrás de saber mais
sobre esse garoto e descobre o seu sobrenome: Puckerman. Gosto muito de como
ele conversa com Jake, fala do irmão e de como o New Directions o ajudou…
talvez possa fazer o mesmo por ele. Jake é um personagem promissor.
A segunda
boa audição, é claro, é a de Marley. Infelizmente, no entanto, a sua
apresentação é em paralelo com uma de Rachel em NYADA, apresentando-se para
Carmen Tibideaux na Sala Redonda, recebendo o apoio de Brody. “New York State of Mind” é linda e
tanto Rachel quanto Marley arrasam… mas tenho uma questão com essa cena: não precisava ser assim. Marley é
material de protagonista: ela é bonita, carismática, tem uma voz excelente… a
série falha em tentar compará-la com Rachel e forçar um paralelo desnecessário
que pode já causar resistência por
parte da audiência. Ainda que a “Nova Rachel” do título seja uma brincadeira
com a competição no ND e com a “nova” Rachel em Nova York, é implícito que eles
querem que a Marley “seja a nova Rachel”…
Mas ela não precisava ser… ela é uma
protagonista à parte, independente.
Até porque,
convenhamos: as personalidades de Rachel e de Marley são bem diferentes. Depois das audições, Marley é a única nova
integrante do New Directions – acho meio forçado, porque não é possível que não
tivesse mais gente boa se tanta gente se inscreveu, mas gosto da ideia de
apresentar gradualmente os novos
personagens. E no primeiro almoço “na mesa dos populares”, quando as maldades
retornam, ela defende a mãe e conta para todo mundo, embora ela tenha pedido
que a filha não o fizesse, que ELA É SUA MÃE, e é uma cena e tanto! Ela sai
dizendo que “pensou que eles fossem diferentes”, e é o chacoalhão de que o glee club precisava para se lembrar quem
são. Sam é o primeiro a ir falar com ela e pedir desculpas, mas todos também
vão…
Ela é parte
do grupo e isso fica claro em “Chasing
Pavements”.
Por fim,
preciso falar sobre o Kurt… o Kurt passa o primeiro episódio dessa temporada
ainda em Ohio – e quase todo o episódio no McKingley High. Ele visita Sue
Sylvester, que agora é mãe, conhece Kitty, que é a nova capitã das Cheerios e
que Sue descreve como “uma jovem Quinn Fabray, mas sem a gravidez, a depressão
e a cadeira de rodas”, e fica mais empolgado com as audições do New Directions
do que os próprios integrantes do New
Directions… curiosamente, é importante que ele esteja ali para tentar
lembrar os amigos que o glee club não
é sobre competir e sobre “quem é a maior estrela”, tampouco sobre excluir quem
é diferente, mas em algum momento ele precisa ir embora, ele precisa seguir em
frente… e é o que o Blaine lhe diz.
A escolha de
“It’s Time” é excelente para o
momento, e Blaine fala de como sentirá sua falta, mas seu lugar agora é em Nova
York, e ele não precisa de NYADA para ir para lá… e Kurt toma uma decisão. Duas
cenas da trama de Kurt me fazem chorar: a primeira delas é com o Burt, quando
ele leva o filho para o aeroporto e se despede dele, dizendo que em Nova York
ele vai se sentir em casa e que ele pode sempre voltar, embora saiba que ele
não voltará… Burt é um máximo, e a emoção é tão sincera; a segunda delas é quando
Kurt liga para Rachel e Rachel é sincera com ele pela primeira vez em meses,
dizendo como tudo está horrível e como ela se sente sozinha, então ele pede que
ela se vire e ele está ali. A corrida dela, o reencontro, o abraço.
Um excelente
início de temporada!
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