Moonlight Chicken – Chapter 8: The Self-made House and Home

“I just built a home. I don’t want to move anywhere”

Perfeito. “Moonlight Chicken” encontrou beleza na paradoxal simplicidade e complexidade das relações humanas, apresentando personagens imperfeitos e humanos em uma narrativa madura, que talvez tenha pegado muita gente de surpresa. Com um roteiro muito bem conduzido, atuações competentes e um visual belíssimo, “Moonlight Chicken” apresentou um recorte realista da vida de personagens apaixonantes ao longo de oito episódios impecáveis. Emoção, drama, dor, diversão e romance dividem espaço em um roteiro equilibrado que nos conduziu por sentimentos sinceros e intensos, fazendo não só com que nos afeiçoássemos aos diferentes personagens e tramas, mas que nos reconhecêssemos em suas histórias, dilemas, alegrias e esperanças.

Uma verdadeira obra-prima do gênero!

Comentei várias vezes ao longo das minhas reviews: cada episódio de “Moonlight Chicken” é riquíssimo, assim como seus personagens, cujas camadas podemos explorar ao longo do desenrolar da trama. Jim e Wen tiveram a missão de encabeçar essa galeria de personagens, conduzindo a história de um dono de restaurante e um homem saindo de um relacionamento que não o faz mais feliz, explorando temas como trauma e expectativa; em paralelo, Li Ming e Heart tiveram um destaque magnífico conduzindo uma trama que valoriza a beleza e a pureza do amor jovem e cheio de descobertas, bem como levanta discussões a respeito da pessoa surda; e é impossível não destacar a relação de Li Ming e Jim, seu tio que o criou quase como se fosse seu pai.

Durante o episódio anterior, lidamos com o Jim tentando organizar os seus pensamentos depois de descobrir que o sobrinho era gay, partindo de um ponto de experiência e preocupação, porque ele sabe que não será fácil, com todo o preconceito que ele terá que enfrentar diariamente, mas ele estará lá para apoiar e aconselhar Li Ming sempre que ele precisar, como ele garante à mãe de Li Ming quando ela expressa preocupações que me remetem a “My School President” e a preocupação que a mãe de Tinn tinha: e se o mundo for cruel com seu filho? Infelizmente, não se pode evitar isso, mas eles podem escolher ser seu porto-seguro sempre que os filhos precisarem. Com a ajuda de Jim, Jam tem uma cena bastante bonita e emocionante com Li Ming.

E Li Ming está completamente apaixonado por Heart, de uma maneira belíssima. A relação dos dois, que nasceu de forma tão natural e se desenvolveu lindamente, passou por problemas externos que, felizmente, nunca interferiram no que eles sentiam um pelo outro – e é grandioso o que um fez na vida do outro. Pensar que Heart tinha sido mantido “escondido” dentro de casa durante os últimos 3 anos, desde que ficou surdo, e agora, graças a Li Ming, a mãe está se comunicando com ele através da língua de sinais, e está autorizando que Heart vá para os Estados Unidos, para estudar em uma faculdade para surdos, que Li Ming encontrou para ele… é impressionante pensar no quanto isso é grandioso, e como isso só foi possível pela força que um deu a outro, e a coragem que construíram juntos.

Além de tudo, é claro, Li Ming e Heart têm o carisma e a fofura inegáveis que os tornam ADORÁVEIS. Amo, por exemplo, aquela cena em que Li Ming conta a Heart que já trabalhou na dança do leão, e resolve mostrar para Heart como é… tudo na cena funciona com perfeição, da dedicação desinibida de Li Ming ao olhar puramente apaixonado de Heart, e a cena conduz os dois àquela conversa na qual Heart pergunta a Li Ming se ele já teve um namorado e como ele acha que é ter um namorado… e, bem, é o que eles estão vivendo exatamente agora, não é? Meu coração chega a disparar com a beleza do momento de Li Ming chamando Heart de “namorado” pela primeira vez, com direito a um sorriso absolutamente bobo e feliz de Heart com isso.

LINDOS.

Também amo a maneira como esses dois últimos episódios ajudou a relação de Li Ming com o tio – embora sempre tenha existido amor, eles precisavam aprender a se comunicar, e é lindo que eles façam isso agora… e o fato de eles terem descoberto algo em comum recentemente também torna tudo muito significativo, porque me emocionou o Jim genuinamente curioso perguntando a Li Ming quando foi que ele descobriu que era gay. Os dois compartilham mais uma cena lindíssima cheia de amor, aceitação e parceria, porque Li Ming sabe que pode contar com o tio para o que precisar. Quando ele diz “Obrigado, tio Jim, por tudo”, e quando ele volta para abraçar o tio e dizer “Eu te amo, tio”, eu percebi que não existia como o meu sorriso ficar maior.

Cena perfeita.

O Moonlight Chicken, o restaurante de Jim, que foi o cenário de tantas histórias, vai precisar fechar, eventualmente, porque o lugar foi vendido para uma construção – mas Jim sabe que vai seguir em frente, à sua maneira. Uma das cenas mais bonitas desse último episódio de “Moonlight Chicken” acontece no último dia em que uma refeição pode ser servida no restaurante, e Jim se senta para comer com todas as pessoas que mais ama na vida ao seu redor: Wen, Li Ming, Heart e Leng. Não precisa ser um grande momento emotivo, não precisa ter um discurso gigantesco de despedida: todos sabem o que aquele lugar representa e o quanto eles viveram ali, e quando Jim olha com sentimento sincero para cada pessoa sentada na mesa, nós sabemos.

Agora, Jim precisa pensar no futuro… no que vai fazer de agora em diante. É Wen quem o faz confrontar as possibilidades do futuro e pensar – porque, afinal de contas, foi isso o que Wen fez desde o começo. Também lidando com seus próprios problemas e precisando encerrar ciclos do passado antes de entrar de qualquer maneira em um novo relacionamento, Wen foi importante na vida de Jim para fazê-lo sair de sua zona de conforto e enfrentar o que ele precisava enfrentar para poder seguir em frente e ser feliz… Jim é uma pessoa completamente diferente agora, graças a esses meses em que tanta coisa aconteceu e os dois cresceram juntos, esperando o momento em que eles estariam na mesma página e prontos para começar algo de verdade.

Dois meses depois, Jim parece ter pensado a respeito disso e ter tomado decisões: ele vendeu o carro que o acompanhou durante tantos anos de sua vida, por exemplo, para poder emprestar um pouco de dinheiro para o Li Ming para que ele possa ir aos Estados Unidos fazer faculdade, como sonha, e usar o restante para começar um novo negócio. No fim, parece que Jim decidiu que, sim, ele gosta mesmo de servir o seu prato tradicional, e é isso o que ele quer continuar fazendo, mas da maneira que é possível. Então, encontramos Jim em um food truck lindinho no qual ele pode continuar trabalhando com o que sempre fez e sempre amou fazer, e foi algo bastante bonito, a meu ver. Há algo de aconchegante naquele lugar, e a expressão de Jim mostra realização.

Então, também estamos realizados.

Alan e Gaipa, personagens secundários que orbitaram a trama principal de “Moonlight Chicken”, ganham um final aberto, mas cuja sequência podemos imaginar com bastante clareza. Depois de as coisas terem oficialmente terminado entre Wen e Alan, ele parece ter tomado a decisão de seguir em frente também, algo que ele não sabia enquanto tentava salvar o relacionamento falido, mas precisava fazer, e a prova disso é podermos ver um sorriso sincero e bonito no rosto de Alan, pela primeira vez fora de flashbacks… e o destino o aproximou de Gaipa depois da tristíssima morte da mãe dele, já que Alan é quem estava responsável pela conta da Sra. Hong, e quando os dois trocam mensagens no celular pela primeira vez, percebemos que eles têm futuro.

E eu realmente desejo que eles sejam muito felizes!

Que eles encontrem sua casa!

Uma das minhas cenas favoritas de “The Self-made House and Home” é quando Jim, Wen, Li Ming e Heart vão visitar Jam, a mãe de Li Ming e irmã de Jim, em sua nova casa depois de ela ter se casado com Tong. A sequência traz vários momentos importantes e emocionantes, banhados em um clima familiar tão gostoso e cheio de bons sentimentos! Amei o Jim apresentando o Wen como seu namorado, o que até o pega de surpresa (!) e o Li Ming contando à mãe sobre seus planos de ir para os Estados Unidos com Heart. É tão fácil de ver a felicidade estampada na expressão de Li Ming quando ele fala sobre Heart, e quando ele diz que a mãe não precisa se preocupar porque ele não estará sozinho em outro país, já que Heart estará com ele, e ele “ama estar com Heart”.

Li Ming não apresentou Heart como seu namorado quando eles se sentaram à mesa para jantar, mas Jam, como mãe, sabe – e eu adoro que ela fale sobre isso com Li Ming, que ela pergunte se é o seu namorado, e que ela dê a sua benção, porque não tem como sentir qualquer coisa a não ser felicidade ao ver o bem que Heart faz a Li Ming… sua felicidade e sua paz ao lado de Heart é genuína e contagiante! Para encerrar a trama deles, Heart e Li Ming compartilham uma cena FOFÍSSIMA sentados à beira do rio (em “My School President” eles também amavam conversar na beira da piscina!), na qual Heart fala o nome de Li Ming pela primeira vez e o deixa absolutamente bobo… a pureza do sentimento deles transmite uma sensação tão boa, uma felicidade genuína.

E, agora, eles vão juntos para a faculdade nos Estados Unidos.

(Vou jogar aqui: aceitaria um spin-off com Li Ming e Heart nos Estados Unidos, hein?!)

Sempre conduzido com cuidado, emoção, entrega e sinceridade, “Moonlight Chicken” chega ao fim deixando duas sensações: primeiro, a de saudade; depois, a certeza de que assistimos a, provavelmente, uma das obras mais importantes do gênero BL, por tudo o que ela trouxe e, mais do que isso, pela maneira como o fez. É real, possivelmente dolorosa como um tapa na cara em alguns momentos, mas também humana, sensível e importante: uma série com a qual podemos nos identificar, e que certamente nos deixa reflexivos. Um marco. A cena final dos personagens compartilhando um jantar no novo food truck do Jim, com o Jim falando sobre o porquê de amar o que faz, é possivelmente uma das coisas mais lindas que eu assisti. Uma obra memorável, sem dúvida.

 

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