Eternal Yesterday – Episode 1

Num piscar de olhos…

Intenso, melancólico e promissor, “Eternal Yesterday” já estreia de maneira arrebatadora. Eu sei que devo estar escolhendo me aventurar por um BL triste e que vai me fazer sofrer, mas há certa beleza lúgubre em um drama bem construído, e Koichi e Micchan prometem entregar uma história de amor e de autoconhecimento triste, verdadeira e inusitada. O primeiro episódio começa enquanto Koichi e Micchan caminham para a escola de manhã, escondendo-se embaixo de um mesmo guarda-chuva dos pingos ao redor deles, e percebemos a conexão existente entre duas pessoas tão distintas, mas que se completam tanto… mas tudo está prestes a “mudar em um piscar de olhos”, e é a introdução perfeita para definir o tom já triste que conduz esse primeiro episódio.

Ficamos ansiosos e, ao mesmo tempo, temerosos por voltar àquele momento, mas a narração de Mitsuru (que é chamado de Micchan por Koichi e por mais ninguém) nos faz voltar à história de ambos: como eles se conheceram em um momento que pode parecer um milagre ou uma coincidência, quando, dentre todas as pessoas que frequentavam o Ensino Médio no Japão naquele ano, os dois se matricularam na mesma escola e na mesma sala. No momento, também em um dia chuvoso, em que os olhares deles se encontram pela primeira vez, ambos sabiam que alguma coisa mais significativa nasceria entre eles – a conexão daquele primeiro olhar é uma promessa imensa para “Eternal Yesterday”, porque mostra, em uma cena tão simples, a química dos personagens!

Durante os primeiros dias, os olhares deles voltam a se encontrar algumas vezes – e eu adoro a maneira consciente como Mitsuru encara isso: não é uma grande coincidência nem mesmo o destino tentando dizer alguma coisa… os olhares deles viviam se encontrando porque ele estava constantemente olhando para Koichi. E, então, Koichi resolve ir falar com ele pela primeira vez, sugerir que eles sejam amigos, que eles se sentem para almoçar juntos – e mesmo que Mitsuru seja extremamente silencioso e não chegue nem a aceitar nem a negar o convite, eles passam a fazer isso, por dias a fio em que estão juntos, em completo silêncio, comendo o próprio almoço. Inusitadamente, isso também constrói uma conexão entre eles, porque é feita com calma, com tempo e com respeito.

Até que eles comecem a conversar… mais inusitadamente ainda, é Mitsuru quem “puxa a primeira conversa”, fazendo um comentário qualquer a respeito da forma como a comida é cortada na marmita de Koichi – e, a partir de então, eles passam ainda mais tempo juntos. Eles conversam, eles voltam para casa juntos, eles caminham para a escola lado a lado de manhã (Koichi sempre do lado esquerdo de Micchan), eles se reúnem para estudar e fazer tarefas de casa, embora quando estejam na casa de Koichi, eles acabem se distraindo cuidando dos irmãos mais novos dele e nunca realmente façam as atividades, como o Micchan comenta em sua narração… mas não é uma coisa ruim, na verdade: podemos ver a maneira como Mitsuru está feliz.

E ele mesmo reconhece isso – o que eu acho um máximo! E, eventualmente, doloroso. Graças à presença de Koichi, Mitsuru sente que “está mudando”. Sempre muito silencioso e sozinho, ele está lentamente começando a socializar com outras pessoas, sob o olhar atento e carinhoso de Koichi, que adora dizer que “ele é um máximo”, enquanto ele ensina os colegas de turma, com palavras tão simples, coisas que os professores passaram a aula inteira tentando explicar e não chegaram nos alunos. Amo profundamente a fala de Mitsuru a respeito de como, desde a infância, ele se fechou do mundo e construiu uma barreira em torno de si mesmo, um muro alto que se Koichi não derrubou, ele ao menos abriu uma porta – uma porta sem chave em frente à qual ele está sempre, como seu guarda…

Naturalmente, essa relação tão importante entre eles torna um evento traumático ainda mais destruidor – e retornamos à fatídica e triste sequência que iniciou o episódio. O momento em que, caminhando lado a lado embaixo de um mesmo guarda-chuva em uma manhã chuvosa, as coisas mudam em um piscar de olhos… em um momento, Koichi está ao lado de Mitsuru, fazendo graça e sendo o seu guarda e o seu escudo; em outro, Mitsuru está sozinho no meio da rua, o guarda-chuva está voando antes de cair solitário no asfalto molhado, e Koichi, outrora tão cheio de vida, se tornou um corpo jogado longe por um caminhão. A sequência é devastadora e estou me preparando para lágrimas, mas não posso deixar de querer saber a história que “Eternal Yesterday” quer contar.

Me parece um drama e tanto!

 

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