“Don’t tell
me what I can’t do!”
Definitivamente,
um dos melhores episódios de
“Lost”.
É muito bom conhecer os personagens através de
flashbacks, ver quem esses sobreviventes eram antes da queda do Voo
815, e os segredos que eles guardam. Locke tem uma das histórias mais
interessantes, e a revelação feita sobre seu passado em
“Walkabout” nos ajuda a entender seu lado mais introspectivo
durante os primeiros episódios de
“Lost”,
sua conversa com Walt a respeito de “milagres”, e essa é uma base muito sólida
para quem Locke se tornará no caminhar da série. Não coincidentemente, o
episódio também traz certo destaque a Jack, e embora nenhum
embate direto aconteça ainda, aqui estão
as sementes do que conheceremos como a constante dualidade entre “homem de fé e
homem de ciência”.
“Lost” continua
fascinando, entregando sempre episódios muito bem-escritos e bem atuados.
Na Ilha,
Jack começa a falar sobre
queimar a
fuselagem e os corpos daqueles que não sobreviveram à queda do avião, e eu
adoro como a série consegue confrontar pessoas que acreditam em coisas
completamente diferentes – para pessoas como Sayid, seria mais humano
enterrar os corpos, mas Jack tem razão
ao dizer que eles sabem o que há na floresta e os corpos que eles enterrarem
não ficarão enterrados por muito tempo…
por isso, queimá-los seria uma solução mais aceitável; e embora ele não chegue
a dizer isso em voz alta, ele também tem a esperança de que a fumaça da
fuselagem sendo queimada chame a atenção de alguém – já se passaram quatro dias
e as equipes de resgate certamente estão procurando pelo avião
no lugar errado, já que eles se
desviaram um bom caminho da rota.
Eles
precisam fazer algo para serem vistos.
Quatro dias
sem resgate e com um monte de sobreviventes quer dizer, também, que
a comida está acabando. É assim que
Locke decide adentrar a floresta, por mais perigoso que seja,
e caçar javalis – afinal de contas, dois
javalis atacaram o acampamento durante a noite, e eles podem dar uma boa carne.
Aqui, estamos começando a conhecer mais sobre Locke, estamos começando a nos
perguntar
quem ele é, afinal, com
aquela maleta cheia de facas e aquelas atitudes que são ou muito corajosas ou
muito impensadas. De qualquer maneira, Locke entra na floresta atrás dos
javalis, acompanhado de Kate e de Michael, e toda a sequência é
eletrizante como toda sequência da ilha
está sendo! Claro que Kate e Michael têm seus próprios motivos para
acompanhá-lo – ela para tentar fazer o transmissor funcionar, ele para se
aproximar do “amigo” de seu filho.
No fim,
parece que a caçada é um fracasso e Locke fica sozinho…
Locke é um
dos personagens mais misteriosos até o momento. Ao mesmo tempo em que o
flashback parece nos dar algumas
respostas e ajudar-nos a entender sua personalidade, as cenas da ilha parecem
apresentar um outro Locke – ele é o primeiro a ter um contato direto com o que
quer que seja o monstro que está atacando na floresta, mas, por algum motivo
desconhecido, ele não é atacado, e consegue voltar para a praia carregando um
javali
que ele matou sozinho… em seus
flashbacks, o acompanhamos em um dia
chato de trabalho, mas o que nos chama a atenção é a maneira como ele é
tratado, a maneira como parecem menosprezá-lo e discriminá-lo, e ele tem várias
cenas dolorosas, seja com aquele babaca no trabalho dele, falando uma série de
atrocidades, ou no telefone com a tal de “Helen” (nome que ele usa para chamar
Kate em um momento de confusão).
Eventualmente,
encontramos Locke na Austrália, antes de pegar o voo 815, quando ele está
tentando ir em uma espécie de trilha na qual ele teria que enfrentar uma série
de desafios, caçar, coisas do tipo, mas o agente de viagem acaba
não o autorizando “por causa de sua
condição física”. A cena é forte, e então o episódio nos revela que, antes da
queda do avião, Locke
estava na cadeira
de rodas há 4 anos. Por isso ele disse com tanta certeza a Walt que “um
milagre tinha acontecido na ilha”. É interessante rever, então, a cena em que Locke
acorda na praia, no meio dos destroços, depois da queda do avião, e ver o seu
choque ao conseguir mexer o dedo do pé e levantar-se meio inseguro, mas feliz…
talvez não seja o único milagre sobre o qual ouviremos falar na ilha, mas
certamente é o primeiro, e isso nos deixa pensativos, cheios de perguntas e,
quem sabe, teorias…
Como?
Em paralelo,
acompanhamos Jack lidando com a frustração da queda do avião e com algum trauma
que ainda desconhecemos, e ele tem uma das melhores cenas do episódio ao lado
de Rose. Aquela conversa dos dois é de arrepiar, e ela é uma fofa “o liberando
de sua promessa de fazê-la companhia até que o marido voltasse do banheiro”, e
a convicção de Rose de que
Bernard ainda
está vivo é muito mais do que uma negação ou uma esperança:
é uma certeza. Jack acha que é certeza
que ele está morto, porque estava na parte de trás do avião, mas é como Rose
diz:
eles devem estar pensando a mesma
coisa sobre eles. Naquela noite, vendo “fantasmas”, Jack não se junta ao
memorial organizado por Claire para a queima da fuselagem, mas aquela é uma
cena profundamente triste e, ao mesmo tempo, muito emocionante – Claire estava
incrível!
Ansioso para
assistir ao episódio de Claire!
Como podemos gostar tanto de todos esses
personagens? Nos importarmos tanto com todos eles? “Lost” claramente faz um
trabalho excelente ao desenvolver um número grande de protagonistas, dando
espaço e história para cada um deles – na ilha e antes dela. Incrível!
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