Saudades de Merlin!

Eu amo a BBC.

Sério, é de lá que vem várias das melhores produções de séries de TV, porque o estilo britânico de criar e conduzir suas histórias é único e cativante – não se parece em nada com as séries americanas, e isso é um grande elogio! Com um pouco de atraso (já é dia 03 e Merlin está no topo do blog há 2 dias), vejo hoje rememorar essa série tão fascinante e ao mesmo tempo me lamentar por ela ter chego ao fim. Embora eu também valorize bastante a decisão de terminá-la quando os fãs estavam histéricos, o índice de audiência era ótimo… dessa maneira a memória de Merlin estará para sempre imaculada em nossos corações.

A série estreou em 20 de Setembro de 2008 e pouco mais de quatro anos depois (em 24 de Dezembro de 2012) e cinco temporadas, ela chegou ao fim. Mesmo tendo reclamado no blog com certa recorrência que a série não ousava o quanto podia ousar e não mudava sua história da maneira como queríamos (a descoberta dos poderes de Merlin, por exemplo, ficou mesmo para o final da última temporada), acho que gradualmente ela cresceu e hoje já está se tornando um clássico bem produzido e belissimamente construído!

Afinal as coisas mudaram aos poucos… como eu queria ver Uther morrer (foi meu maior sonho na série toda), queria ver Arthur rei, queria ver Morgana sendo desmascarada, queria ver Mordred com importância… tudo isso aconteceu antes do último ano para que pudéssemos ter pelo menos uma temporada para aproveitar as conseqüências desses acontecimentos. É dessa maneira que a última temporada é, atualmente, a minha favorita, com os personagens maduros, as histórias sérias e Mordred com um destaque bem merecido e trabalhado.

Ironicamente, foram cinco anos (conto por temporadas, cada uma em um ano diferente) de pura transformação. Com uma inteligente nova versão da lenda do Rei Arthur e um humor perspicaz e por vezes duvidoso, a série cresceu em sua narrativa assustadoramente. Bem mais inocente e colorida em seu início, a série foi deixando de lado o humor pastelão e incorporou muitas cenas bastante emocionantes e envolventes, além de uma linda história de amizade que nos comovia a cada episódio com tamanha pureza na interpretação… as histórias ficaram mais sérias, os acontecimentos foram maiores e com mais repercussão, tudo ficou mais sombrio…

Visível isso nos pôsteres, inclusive.

E os próprios atores cresceram com seus personagens. Colin Morgan é um ator fenomenal que mudou o seu Merlin de forma abissal, e também mesclava, na sua genialidade de interpretação, inocência, diversão e muita dor – ele é a imagem de Merlin na minha cabeça, e qualquer velho de barba me fugiu completamente. Bradley James é uma jovem e inconseqüência versão de Arthur, totalmente diferente do nosso estereótipo e que foi cativante… e Colin e Bradley juntos formavam a melhor dupla da série, e ver os dois em cena era sempre fascinante! Podia ser a coisa mais engraçada do mundo (eu ri demais com eles) ou a coisa mais comovente (eu também chorei bastante com eles).

Também tínhamos Katie McGrath personificando o mal na sua interpretação brilhante de Morgana – a cada ano mais escura, deteriorada e perigosa. Angel Coulby como a brilhante nova versão de Gwen. John Hurt marcando presença em vários e vários episódios como a profunda voz da sabedoria do Grande Dragão. Richard Wilson absolutamente cativante como Gaius. Também tivemos vários outros atores em participações especiais incontáveis ou então personagens menores, como os Cavaleiros da Távola Redonda, dos quais até hoje Lancelot teve a história que mais me interessou…

Merlin é na verdade uma versão alternativa dessa história toda. Quando Merlin vai para Camelot para morar com Gaius, mal sabe ele que será empregado do futuro Rei Arthur, e que caberá a ele defendê-lo de todo o mal que poderá lhe acorrer, enquanto não é reconhecido, sofre suas próprias perseguições e por vezes deve negar aquilo que verdadeiramente é para defender o amigo que tanto ama – e também nem imagina que ele pode ser o causador da ruína de Arthur, mesmo que, talvez, de maneira indireta…

Uma produção belíssima da BBC, foram anos realmente bons que passamos ao lado de todos esses personagens, acompanhando essas histórias. Lembro-me das maratonas que fiz para colocar em dia temporadas que eu não estava conseguindo acompanhar, lembro-me de esperar ansiosamente por cada um dos episódios do último ano, e certamente me lembro de como foi triste ter que dizer adeus quando a quinta temporada foi anunciada como a última, mesmo antes de ela estrear. Pelo menos a produção teve uma história muito bonita na televisão britânica, e para sempre será recordada com bons olhos por nós… saudades!

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